Morre a cantora de forró Marluce aos 73 anos

30/05/2020 08h33
Morre a cantora de forró Marluce aos 73 anos

A cantora Marluce Bezerra da Silva morreu no início da noite desta sexta-feira (29), em casa, enquanto dormia no município de Areia Branca, ela teria sofrido um infarto. Aos 73 anos, Marluce era conhecida com a "Rainha do Forró", Marluce deixa o esposo, Zé Rosendo com quem fazia dupla nos palcos do forró e seis filhos. 

Juntos eles cantaram o forró de Sergipe, para todo o país e uma das músicas de maior sucesso foi "Quero ver meu bem". Marluce é natural de Monteiro na Paraíba e veio para Sergipe em 1991 onde passou a residir em Areia Branca. 

Por  meio de nota, a Prefeitura de Areia Branca decretou luto oficial de 3 dias. Marluce deixa um legado importante para a música nordestina. O enterro de Marluce será na tarde deste sábado (30) no Cemitério São João Batista em Areia Branca.

 

Homenagem da cantora Amorosa para Marluce:

Adeus, minha querida amiga!

Quando Marluce, uma das melhores cantoras de forró que eu conheci, decidiu morar em Sergipe, ela e sua família foram meus hóspedes por um tempo, tempo suficiente para eu ser chamada por ela, como filha. Era assim que ela me considerava. Na casa onde os recebi, lembro de Zé Rozeno com suas prosas e dos seus filhos, todos maravilhosos. Um deles, era o que eu mais queria bem - partiu muito jovem.
Quando este filho partiu, eu senti que um pedaço da minha amiga havia partido também. Ali, eu tive a impressão que a vida tinha levado dela, um sabor de alegria que seu filho lhe dava em cada abraço, cada declaração de amor - "mãe, eu te amo! ", "Amorosa, minha mãe é tudo pra mim ", assim ele dizia.

Ontem a noite, durante a realização do festival DendCasa, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo - meu celular não carregava, minha fronte doía, eu não estava com meu físico bem porque estou a dormir pouco há vários dias, para ver este projeto coletivo que é o DendCasa, que eu chamo em meu interior de "Projeto do Amor" e o amor vem de Deus, enfim, o universo queria que eu me recolhesse, e não gosto de desobedecer quando fico assim porque considero muito os sinais - deitei e esperei a bondade do sono cuidar da minha recomposição.

Fui despertada por minha filha Amora, me avisando de um recado que "Marluce havia partido." Ouvir esta frase me fez ver as mãos de Deus, misericordioso, acolhendo minha amiga.

Nesta quarentena, quebrei o protocolo e meu amor por ela foi maior - fui visitá-la de máscara porque O Espírito me guiou para isto. Meu último encontro com Marluce foi massageando suas pernas e ela dizendo "Foi Deus quem mandou você aqui!", depois oramos todos de mãos dadas. Em seguida, ela levantou, sempre com ajuda de alguém, sentou no sofá da sala e nos despedimos. Embora tenha retornado até lá, novamente na semana retrasada, cheguei apenas até a porta da sua casa para cumprir uma missão secreta. Lembro de ter ido até a casa de uma vizinha dela, cuidadora, e lhe pedi para que fosse cuidar da minha amiga, e assim aconteceu.
Por alguma razão superior ao meu saber, a lembrança que eu teria que guardar dela, foi nosso último encontro - massageando seus pés e pernas, e orando a Deus por sua jornada e aquele momento difícil que ela estava vivendo - pedi ao Senhor por ela. Vendo o estado que minha amiga atravessou durante um longo tempo, eu afirmo que a bondade de Deus a alcançou. Se havia alguma dívida da carne, ela foi paga na carne, e seu espírito deixou a terra sem dever nada para a carne. Os que não são espirituais não entenderão o que digo mas, os que conhecem a Palavra, sim! Eu creio na salvação de Marluce. Eu ouvi ela falar de Jesus com uma segurança tão grande, dizendo-me que Jesus estava com ela, que minha alma se preocupa mais com quem fica, do que com ela que cumpriu sua trajetória, tendo que passar pelo vale de lágrimas para ganhar a coroa da vida.

O nosso Sergipe, o nordeste e o Brasil - que não conhece seus verdadeiros artistas, perde uma das melhores intérpretes que eu conheci, dona de uma voz rara, que encantava com seu canto, sempre ao lado do seu esposo, Zé Rozeno. Viver de música neste país requer uma consciência profunda que está numa missão. Marluce foi uma missionária da música.

Quando ganhei o Festival Canta Nordeste, no ano seguinte, fui contratada para cantar forró em pleno carnaval de Salvador. Oito horas cantando em um trio elétrico, sem "ôôô", mas na pegada forte dos ritmos nordestinos, não é fácil. Eu a levei comigo, e ela me ajudou a cumprir aqueles três dias de muito forró, na contramão do modismo da época, resistindo como resistente é, o forró.

Não se pode falar de forró sem falar de Marluce. "Quero ver meu bem, pra lá e pra cá, quero ver meu bem na rede se balançar"...em seguida, a sanfona de Zé fazendo aquela sequência de notas que acordava quem dormisse no salão. Um clássico que marcou sua carreira.

Amiga Marluce, sei que não há entregador de cartas para quem dorme até que Jesus volte à terra para separar o que está escrito mas, tenho esperança que no dia da salvação dos que crêem, você esteja entre os eleitos. Que todo sofrimento que você teve que passar, seja sua coroa de vitórias espirituais em Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador dos homens que a Ele se submete. Obrigada por sua amizade. Que Deus console sua família e dê forças para enfrentar a dor da sua ausência. Se combateu o bom combate, se guardou a fé, se está em Cristo, estando vivo ou morto, a salvação lhe alcançou. Louvado seja O Nome do Senhor!

Adeus, amiga! Adeus.

Aracaju, 30 de Maio de 2020

Antônia Amorosa
6h da manhã.

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