Sergipe e Confiança dividem paixão dos aracajuanos pelo futebol

30/09/2015 22h34
Sergipe e Confiança dividem paixão dos aracajuanos pelo futebol
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O futebol já faz parte do cotidiano dos brasileiros e permanece enraizado na cultura do país. Em Sergipe não é muito diferente. A capital sergipana presenciou momentos históricos, de demonstrações de amor aos clubes de futebol aracajuanos. Por aqui, a rivalidade nos campos dividiu a cidade em duas cores: de um lado vermelho, do outro azul.

 

Em 160 anos de vida, Aracaju respira ao menos 105 anos de futebol. Fundado em 17 de outubro de 1909, o Club Sportivo Sergipe carrega o título de time mais tradicional da capital em atividade. Apesar do Cotinguiba ter nascido uma semana antes do alvirrubro, atualmente o clube não disputa mais competições oficiais.

 

Tradição colorada

 

O Sergipe nasceu do remo, esporte muito popular na época. Mas foi com o futebol que o clube levou a fama de Mais Querido do Estado.  Em 1922, quando a equipe ainda era amadora, veio o primeiro de muitos títulos. Atualmente, o Sergipe é o maior vencedor estadual com a conquista de 33 troféus. Entre tantas vitórias, o mérito de ser o único clube sergipano seis vezes campeão consecutivo do estado. A frase “Hexa é luxo” é motivo de orgulho para os colorados.

 

“Os títulos, com certeza, são um dos fatores que fazem com que o Sergipe tenha a maior torcida do estado. A longevidade, por ser o clube mais tradicional, também conta. Mas, o maior número de títulos é o que forma a base da popularidade e dessa grandeza”, destaca o presidente do Sergipe, Silvio Santos.

 

O vermelhinho do bairro Siquera Campos já figurou entre os clubes da primeira divisão do futebol nacional na década de 70 e protagonizou jogos memoráveis. Os empates contra o Palmeiras e São Paulo, no Batistão, ficaram eternizados na história do cube. “Os dois times paulistas eram referências no futebol nesta época, e mesmo assim o Sergipe fez grandes partidas”, afirma o presidente.

 

Silvio Santos se orgulha em dizer que o colorado foi o único time sergipano a enfrentar equipes internacionais. “Já jogamos com a seleção argentina de juniores, já encaramos a seleção de Gana. Era um tempo em que o futebol era menos limitado e restritivo do que é hoje”, comenta.

 

Depois que o futebol passou a ter mais uma divisão, o Sergipe passou a disputar a série B do Campeonato Brasileiro. E foi em uma dessas partidas, no ano de 2001, que o torcedor Ridnan Rocha se encantou pelo alvirrubro. A atuação do time sergipano contra o Náutico deixou o colorado tão maravilhado que no outro dia após o jogo, fez o pai matriculá-lo em uma escolinha de futebol do clube. “Na escolinha minha paixão pelo Sergipe só aumentou. Eu comecei a vivenciar o clube mais de perto e isso me despertou ainda mais interesse. Desde então, intensifiquei minha ida aos jogos e sempre estou nos estádios torcendo para o Gipão”, conta.

 

Para ele, o jogo mais emocionante que assistiu até hoje foi a final do Campeonato Sergipano de 2013 quando o Sergipe conseguiu desempatar o jogo nos últimos minutos da final. “A gente tinha que ganhar aquele título. Fizemos uma campanha muito boa e merecíamos ganhar. Estava tenso com o empate, por um momento achei que ia para os pênaltis, mas Carlinhos foi abençoado naquele momento e deu aquele gol de presente para a torcida” conclui.

 

Proletariado azulino


Os trabalhadores de uma fábrica de tecidos originaram aquele que seria o maior rival do time do Sergipe. O Confiança surgiu em 1936 com equipe de vôlei e basquete. O futebol só foi agregado ao clube 13 anos após a fundação. Em 1951, conquistou o primeiro título diante de uma goleada por 7 a 1 contra o Passagem de Neópolis.

Apesar do Confiança ser 27 anos mais jovem que o Sergipe, a torcida proletária vem alcançando popularidade entre os aracajuanos. Um dos motivos, segundo o presidente do clube, Luiz Roberto, foi a calorosa campanha do “Vamos subir Dragão”, no ano de 2008. Naquela época o time tentava a ascensão para a série B do Campeonato Brasileiro.

 

“Os aracajuanos ficaram impressionados com a força daquela torcida, e cada vez mais, quiseram se unir ao grupo. A vontade de ter um time sergipano na série B fez com que as pessoas acreditassem que era possível e passaram a simpatizar e torcer para o Confiança”, acredita Luiz Roberto.

 

O time do Bairro Industrial protagonizou façanhas ao longo desses anos. Até mesmo o Flamengo já foi alvo do Confiança em 1976. O time proletário venceu o rubro-negro carioca por 1 a 0 em pleno Maracanã. Por pouco, não se classificou para as quartas de final do Campeonato Brasileiro da série A. “Nos anos de 65 e 66 o Confiança fez grandes partidas. O Flamengo é apenas um desses jogos. Foram grandes duelos que ficarão pra sempre na memória do torcedor e na história do clube”, enfatiza o presidente.

 

Atualmente, a torcida azulina vive em êxtase com a equipe. Diferente de 2008, o Confiança conseguiu subir de divisão em 2014, e neste ano, jogará a série C do Brasileirão. A campanha vitoriosa na quarta divisão foi acompanhada de perto pelo torcedor Rafael Moreira. Ele compareceu a todos os jogos da competição. Em uma das viagens, percorreu mais de 4 mil quilômetros para torcer pelo Dragão.

 

“Esse jogo foi em Tombos, em Minas Gerais. Eu fiz uma viagem de avião até Belo Horizonte e depois viajei mais 500km de carro até a cidade que iria acontecer o jogo. Mas valeu a pena cada viagem, o resultado foi a conquista do acesso a série C”, diz Rafael.

A cada partida uma emoção diferente. Mas, dentre tantos jogos que Rafael acompanhou, dois deles ele guarda com carinho na lembrança. O primeiro foi o disputado duelo contra o Estanciano pelas semifinais do Campeonato Sergipano. O segundo, claro, a partida que decretou o acesso do Confiança a série C contra o Jacuipense.

 

“Aquele jogo contra o Estanciano foi uma reviravolta. Quando eu achava que a gente já estava fora da final, de repente tudo mudou. O Confiança conseguiu virar a partida nos últimos minutos e foi muito emocionante. Já o jogo contra o Jacuipense eu estava mais esperançoso na vitória, no entanto o que tornou o jogo inesquecível foi o motivo: Nós conseguimos subir depois de tentativas frustradas anteriormente", justifica, Rafael.

 

Sonhos


Mas o que esperar do futebol sergipano no futuro? Até onde Sergipe e Confiança podem chegar? Com a resposta, os torcedores de ambas as equipes. “Meu desejo é ver o Confiança um dia na elite do futebol brasileiro. A gente como torcedor sempre quer mais, sempre quer ganhar, sempre quer ver o time da gente no topo. Mas nós só conseguiremos chegar lá se o futebol sergipano passar a ser tratado com seriedade, com profissionalismo. Até lá, agente segue sonhando”, assegura Rafael Moreira.


“Eu sonho que um dia o futebol de Sergipe tenha mais investimento, que os dirigentes sejam mais ousados e que busquem mais recursos para o clube. Meu sonho é ver o Sergipe campeão mundial porque o céu é o limite para um torcedor” espera Ridnan Rocha.

 

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