Mobilidade Urbana: carros poluem oito vezes mais que ônibus

Transporte coletivo pode ser solução para minimizar os impactos ambientais

Por Por Luzia Teles 16/01/2020 18h35
Mobilidade Urbana: carros poluem oito vezes mais que ônibus
Luzia Teles
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Foto: Luzia Teles

De acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), divulgados em dezembro de 2019, carros poluem oito vezes mais que ônibus. A medida para minimizar o impacto no meio ambiente pode ser o uso do transporte coletivo. Para a Superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), Raissa Cruz, um dos principais desafios da mobilidade urbana nas grandes e médias cidades é o excesso de carros nas vias. “Os veículos causam congestionamentos cada vez maiores, comprometendo o desempenho operacional do transporte público”, pontuou. 

A informação é ratificada pelo o pneumologista, Saulo Maia D’Ávila Melo. “Os grandes vilões são os automóveis, que fazem uma poluição ambiental muito forte, todos os tipos de carros, produzem gases, que prejudicam a saúde”, observou. Uma das principais causas da poluição do ar acontece através de motores de carros, uma vez que eles liberam um gás incolor e sem cheiro extremamente tóxico, conhecido como monóxido de carbono, produzido pela queima em condições de pouco oxigênio e alta temperatura de carvão ou outros materiais ricos em carbono, como derivados de petróleo.

Ainda para o especialista, o resultado da poluição pode ser sentido na saúde. “Quando a pessoa inala um ar poluído, vários problemas respiratórios podem surgir a exemplo de amidalites, asma, enfisema pulmonar, bronquite crônica, podendo até desenvolver um câncer de pulmão. Além disso, existe a possibilidade de doenças cardiovasculares, há uma pré-disposição maior para insuficiência coronária, ou seja, infarto, nessas pessoas que tem contato com a poluição”, acrescentou Saulo Maia.

Segundo as informações obtidas no portal do Ministério da Saúde, mortes devido à poluição aumentaram 14% em dez anos no Brasil. Nesse período, o número de óbitos por Doenças Crônicas não Transmissíveis passou de 38.782 em 2006 para 44.228 em 2016. A descoberta é do estudo Saúde Brasil 2018 que utilizou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade. O número de óbitos provocados por essas enfermidades cresceu assim como a exposição a poluição em todo o país.

Meio Ambiente

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Foto: Luzia Teles

Em Aracaju, a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), faz a medição da qualidade do ar. No entanto, o diretor do órgão, Gilvan Dias, em virtude da atual situação de poluição urbana que atinge as cidades, assevera que se faz necessário um monitoramento. “Os órgãos ambientais dentre diversas atividades de controle das condições ambientais também possuem a atribuição de avaliação da qualidade do ar. No país, os padrões estão estabelecidos na Resolução Conama 491/2018. A Adema possui uma estação fixa ao lado do terminal DIA, instalada dentro da área da Codise” explicou.

Gilvan Dias contou ainda que, atualmente, o monitoramento precisou ser suspenso. “Devido a problemas nos equipamentos foi necessário fazer manutenção completa, onde após esse período iniciaremos a retomada deste trabalho. Dentre os parâmetros analisados quantificamos: dióxido de enxofre, partículas totais (PTS), Mp10 que são partículas menores que dez micrômetros e Fumaça. Informo que até então, quando monitorado, em nenhum momento houve valores obtidos acima dos limites estabelecidos”, ressaltou.

 

Solução: Transporte Público

O uso do transporte coletivo é uma medida que pode auxiliar na diminuição da poluição. Conforme levantamento da Setransp, entre 2009 e 2019, houve um aumento de 57,7% no número de automóveis particulares circulando nas vias. Os carros preenchem 70% das pistas e fazem o deslocamento de menos de 30% da população. Já os ônibus ocupam 30% dos espaços e transportam mais de 70% dos usuários. 

Na capital, cerca de 36,60km de faixas exclusivas/prioritárias são destinadas para ônibus, medida que agilizou ainda mais na mobilidade urbana. A recomendação da NTU, encaminhada ao Governo Federal, é de que aconteça a implantação de quase nove mil quilômetros de faixas e corredores exclusivos para ônibus nas 111 cidades brasileiras com mais de 250 mil habitantes, como prevê a Lei de Política Nacional de Mobilidade Urbana nº12.587/12.

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Foto: Otávio Cunha - Arquivo NTU

O presidente da instituição, Otávio Cunha, defende a implantação de faixas exclusivas. “Há muito anos, a NTU é favorável a ideia de se dar prioridade para o transporte público. As faixas exclusivas recolocam e reposicionam o ônibus na agenda dos governos e com certeza cria um ambiente de melhoria na prestação desse serviço”, registrou.

Otávio Cunha destacou que as faixas exclusivas podem ser uma solução de custo muito baixo, mas que certamente poderá melhorar a qualidade do atendimento dos usuários. “Ajudam em uma locomoção mais rápida, além de contribuir com a redução de custo do transporte. Desta forma, estimulamos as pessoas a deixarem os automóveis para viajarem de ônibus. Portanto, é mais fácil ganhar tempo, economizar e reduzir a poluição ambiental, um grande problema que afeta o nosso país”, frisou.

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Foto: Arquivo Pessoal

Atualmente, 222 mil passageiros utilizam diariamente o transporte coletivo. A capital e a região metropolitana possui uma frota de 570 ônibus. Em Aracaju, a quantidade de carros é expressiva e supera o que ocupa nas vias a frota de ônibus. A média é de 40 carros, com 1,4 pessoas cada, para um ônibus com 50 pessoas. A pedagoga Leide Laine Santos, por exemplo, desistiu de ir ao trabalho de carro. “Sempre quis ter meu carro próprio, mas com o passar do tempo e das coisas que vem acontecendo com nosso meio ambiente, eu resolvi mudar meus hábitos e a pensar ecologicamente. Agora, prefiro me locomover de ônibus porque sei que poluem bem menos que os automóveis, fora a agilidade do transporte público em Aracaju. Após a instalação das faixas exclusivas, reduzi minha ida ao trabalho em um tempo médio de 15 minutos. Escolhi unir o útil ao agradável e ainda não acabo com minha saúde. Pensar coletivamente é preservar o meio ambiente!”, expôs.

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Foto: Reprodução da TV Atalaia

A superintendente Raissa Cruz ressaltou a importância das faixas para o desenvolvimento da mobilidade. “Pois, possibilita maior fluidez no trânsito, aumentando a velocidade dos ônibus em cerca de 40% e gerando mais agilidade no serviço ao passageiro. Em Aracaju, em momentos de fiscalização regular sobre o uso das faixas exclusivas, a redução no tempo de viagem dos ônibus é de quase 20 minutos. Essa priorização do transporte coletivo, gera mais mobilidade para todos, uma vez que as faixas contribuem também para o ordenamento do trânsito, com a distribuição justa do uso do espaço viário. Isso reduz acidentes e dá fluidez ao transporte público coletivo”, concluiu.

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