Levante Mulheres Vivas: Manifesto Nacional contra feminicídio acontece na Orla da Atalaia
Protestos ocorreram simultaneamente em pelo menos 20 capitais brasileiras, incluindo o Distrito Federal
No último domingo (7), a Orla de Atalaia, da cidade de Aracaju, foi palco do manifesto nacional “Levante Mulheres Vivas”, um protesto aos mais recentes casos de feminicídio que ganharam repercussão no país. O levante ocorreu simultaneamente em pelo menos 20 capitais brasileiras, incluindo o Distrito Federal.
Dentre as inúmeras vítimas recentes do crime, estão Rosilene Barbosa, 38 anos, que morreu com vários tiros dados pelo ex-marido, em Rio Verde (GO); Tatiana Correia dos Santos, também de 38 anos, esfaqueada pelo ex-companheiro em Cordeirópolis (SP) e Tainara Souza Santos, 31, atropelada e arrastada de carro por um homem, também no estado de São Paulo.
A programação incluiu apresentações musicais, reunindo o grupo percussionista “Descidão dos Quilombolas”, o samba de coco do grupo “Baque Mulher” e artistas do hip hop Sergipano, como a rapper “Yala”. O manifesto teve início às 8h da manhã e terminou às 12h.
O legado e a cobrança
O "Levante Mulheres Vivas" sabe que a emoção precisa virar política. A pauta não é apenas lamentar, mas cobrar resultados. As líderes do movimento são categóricas: o objetivo principal é barrar o aumento de feminicídio e reconhecê-lo como emergência nacional.
Selma da Silva Santos, uma das organizadoras do Levante e integrante da "Auto-organização de Mulheres Negras de Sergipe", destaca os objetivos concretos.
“O objetivo central é parar o feminicídio e tratá-lo como emergência nacional. Isso inclui a interiorização da Ronda Maria da Penha, a inclusão da prevenção da violência contra a mulher e os direitos humanos nos currículos da educação básica, além de celeridade na justiça, a criminalização da misoginia e a regulação das plataformas de redes sociais”, destacou a organizadora.
O contraponto: a resposta do Estado
O Portal A8SE buscou o contraponto com os Poderes Legislativo e Judiciário, buscando entender como o Estado responde à crítica de falhas na execução da Lei Maria da Penha.
A Vereadora Sonia Meire (PSOL), representante do Poder Legislativo, alega que: “temos atuado com a elaboração de projetos de lei para que os casos sejam atendidos na Rede Pública de Saúde; na transferência da mulher do seu local de trabalho para evitar que o agressor cometa mais violência e na busca de vagas em creches e escolas próximas à residência das vítimas.”
Após elucidar sobre o trabalho que vem desenvolvendo na Câmara de Vereadores, Sonia reconhece que ainda existem pontos a melhorar quando o assunto são políticas públicas.
"Faltam políticas públicas para moradia, geração de renda e para que as mulheres possam ter autonomia e sair dos relacionamentos sem adoecerem. Falta acompanhamento psicológico e, fundamentalmente, uma educação que garanta a ampliação da consciência para conquista da igualdade de gênero”.
Complementando o posicionamento da Vereadora, a Advogada especializada em Direitos Humanos, Niully Camposm afirma que: “há um hiato entre leis/planos e suas execuções: ainda carecemos de uma estrutura local que dê conta da demanda, de articulação interinstitucional e principalmente, orçamento suficiente para proteger todas as mulheres que estão em risco.”
Uma resposta coletiva e contínua
As falas da Vereadora Sonia Meire e da Advogada Niully Campos, evidenciam que o "Levante Mulheres Vivas" é um marco que documenta a transição da dor privada para a ação pública no país. Ao invés de aceitar o estatuto de vítimas passivas, essas mulheres, mães, irmãs e amigas decidiram ser protagonistas da mudança.
A multidão se dispersou ao início da tarde, mas o eco do grito permanece. A mensagem é clara: a estrutura social misógina na qual o Estado Brasileiro foi fundado, a ausência de confiança das vítimas no sistema de justiça e a deficiência de políticas públicas transversais formam um verdadeiro combo que tem servido de adubo para o aumento do feminicídio no país.
O Levante provou que o feminicídio é o último grau do ciclo de violência, ou seja, trata-se de um crime que avisa que vai chegar, e sendo assim, esse recorde na verdade demonstra que todas as políticas públicas, antecedentes, de prevenção falharam e não alcançaram essas mulheres.
Por tanto, a luta continua nas ruas e nos tribunais, alimentada pela certeza de que o silêncio não é mais uma opção.
*Estagiária sob supervisão da jornalista Victória Valverde
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