Consumo de zolpidem bate recorde no Brasil com mais de 10,6 milhões de caixas do remédio vendidas
O medicamento é de tarja preta e é utilizado para tratar problemas do sono
O medicamento zolpidem, que é utilizado para tratar problemas do sono, registrou crescimento nas vendas nos últimos anos. Dados divulgados nesta segunda-feira (28) mostram que, somente no primeiro semestre deste ano, mais de 10,6 milhões de caixas do remédio foram comercializadas.
De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o aumento nas vendas reflete um aumento no consumo, o que preocupa os especialistas.
Ainda entre janeiro e junho deste ano, cerca de 1,76 milhão de caixas foram comercializadas por mês, em média. Para ter uma ideia, a média mensal de caixas dispensadas nas farmácias entre 2012 e 2021 foi de 902,5 mil.
O zolpidem é um remédio da classe dos hipnóticos e tem a venda autorizada no Brasil desde 2007, mas começou a se popularizar a partir de 2011, ano em que 1,7 milhão de caixas haviam sido vendidas.
A neurologista Dalva Poyares, e integrante do corpo clínico do Instituto do Sono, afirma que o crescimento ano após ano das vendas é um fenômeno local no Brasil. "O que chama atenção não é apenas o número absoluto, é o período de crescimento, tudo isso progrediu rápido. Nos Estados Unidos, já em 2010, existia essa consciência. Aqui não existia esse problema ainda. Quando existia só a Sanofi [com registro], ela é muito discreta, e o Stilnox [medicamento de referência] nunca foi tão popular. Aí começaram a vir muitos genéricos e similares, uma enxurrada de propaganda", explica.
Para Dalva, o surgimento de versões sublinguais do zolpidem pode estar por trás da popularização do medicamento, pois o efeito e a dependência são mais rápidos.
Antes do zolpidem, as pessoas que procuravam remédios para dormir saíam do consultório médico com receitas de benzodiazepínicos, que são destinados ao controle da ansiedade.
Já os chamados Z-hipnóticos, como o zolpidem, surgiram no mercado global na década de 1990 com um mecanismo diferente de ação em comparação com os benzodiazepínicos, pois possuem propriedades ansiolíticas mais fracas.
O grande problema dessa categoria de medicamentos tarja preta é que eles causam dependência. A sonolência provocada pelos benzodiazepínicos é um efeito colateral que pode ajudar a dormir, mas, com o tempo, isso tende a se perder, levando o paciente a aumentar a dose.
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