Pesquisadores desenvolvem membrana que auxilia tratamento de queimados no HUSE

01/10/2015 19h05
Pesquisadores desenvolvem membrana que auxilia tratamento de queimados no HUSE
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No início deste ano, a dona de casa Luciana Dario sofreu queimaduras em várias partes do corpo, e, durante o período inicial do tratamento, quando passou internada na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), do Hospital de Urgência de Sergipe, ela foi um dos trinta pacientes que aceitaram receber a membrana bioativa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O produto que auxilia no tratamento de pacientes vítimas de queimaduras de 2º grau está sendo testado há cerca de um ano.

 

 Para a dona de casa, a membrana foi uma grata surpresa, pois, no local onde foi aplicada ela percebeu que a cicatrização foi mais rápida. “Quando eu estava internada e soube da pesquisa não pensei duas vezes em participar, eles aplicaram a membrana em meu antebraço e percebi que cicatrizou de forma muito mais acelerada”, contou.  

 

 As características antimicrobianas e anti-inflamatórias tem demonstrado que a membrana é tão, e até mais, eficiente que medicamentos mais caros utilizados em queimaduras graves. “Já temos alguns resultados parciais com cerca de trinta pacientes que receberam a membrana e as respostas tem sido muito positivas, vamos calcular através de um software este processo de contração da ferida e a resposta dessa membrana para cicatrização das queimaduras desses pacientes”, explicou a pesquisadora no Laboratório de Ensaios Farmacêuticos e Toxicidade da UFS, Paula Nunes. 

 

O tratamento com a membrana apresenta diversas vantagens quando comparado com as pomadas e outras formas de curativos comumente utilizados. Dentre as vantagens destaca-se o controle da liberação do fármaco, a biocompatibilidade com a pele e a sua eficácia na aceleração do reparo cicatricial, diminuindo o tempo de internação e melhorando a qualidade da cicatriz. Além disso, trata-se de um produto de baixo custo, segundo a pesquisadora. “Buscamos desenvolver um medicamento de base nanotecnológica foi a partir disso que pensamos em um produto com características biocompatíveis, com esse estudo conseguimos chegar à membrana com o ácido úsnico, pelo fato dela não precisar ser removida, já que é absorvida pela pele, torna processo para o paciente menos dolorido”. 

 

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O líquen na forma encontrada na natureza e já como ácido úsnico (Foto: Marília Macedo/Portal A8SE)

 O ácido úsnico, principal componente da membrana feita com filmes de colágeno, é uma substância extraída a partir de um líquen, associação entre fungo e alga, encontrado com facilidade na Serra de Itabaiana, fato que norteou o início da pesquisa. “Quando nós conseguimos extrair esse ácido úsnico, um pó amarelo, que tem atividades benéficas já comprovadas cientificamente, partiu o interesse do grupo que trabalha com o processo cicatricial de queimaduras”.

 

 

 

 

Pesquisadora explica como é o processo de fabricação das membranas:  

 

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Importância científica e social

 

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Adriano Antunes fala sobre a importância científica para o Estado. (Foto: Marília Macedo/Portal A8SE

O coordenador da pesquisa, doutor em Fármacos e Medicamentos pela USP, Adriano Antunes, contou que até chegar a este produto foram cerca de oito anos de pesquisa. “Nossa perspectiva é que esta pesquisa traga um exemplo real de como a universidade pode contribuir no desenvolvimento de novos produtos para atender as necessidades da sociedade, pois é uma das primeiras pesquisas clínicas realizadas aqui em Sergipe, onde busca-se cumprir todas as etapas, pois ela partiu de um estudo de desenvolvimento passando por uma etapa de caracterização, pelos estudos pré-clínicos com animais e agora chega ao estudo clínico em humanos. Esses estudos ainda será ampliado nas várias etapas dos estudos clínicos que partem da Fase I, II, III, até um estudo que é considerado fase IV, que é um estudo pós-comercialização”.  

 

Já para a pesquisadora, chegar ao atual estágio do estudo é um motivo de orgulho e fonte de incentivo para as próximas etapas que virão. “A sensação que temos é de conquista, sabemos que temos muita coisa pela frente”. Atualmente o produto já está patenteado, mas outros testes ainda precisam ser feitos até chegar ao mercado.

 

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