Produção de milho em Sergipe apresenta segundo maior crescimento do país

30/09/2015 20h49
Produção de milho em Sergipe apresenta segundo maior crescimento do país
A8SE

Entre os anos de 2009 e 2010, a produção sergipana de milho cresceu mais que em quase todos os estados do país. Primeiro colocado no Nordeste, nacionalmente Sergipe cresceu menos apenas que o estado do Mato Grosso do Sul. A informação está presente na pesquisa `Produção Agrícola Municipal - 2010`, divulgada no dia 25 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No período analisado, enquanto o país incrementou sua produção em 10% e o Nordeste como um todo registrou saldo negativo, Sergipe cresceu 59%, passando das 703.294 toneladas obtidas em 2009, para 1.055.166 toneladas em 2010. Os números vieram a ratificar a evolução que levou o Estado a responder atualmente por 23,7% da produção regional de milho - no ano 2000 não chegava sequer aos 3%.

De acordo com o professor do departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e assessor econômico do Governo do Estado, Ricardo Lacerda, o plantio de milho no estado tem como pólo central o município de Carira, mas vem se expandindo também pelas demais localidades do semiárido sergipano.

"No semiárido há uma vocação da cultura do milho que tem sido muito importante em função da renda que está criando e isso resulta numa produção bastante satisfatória", comentou o professor, lembrando que Sergipe, apesar de ser o menor estado da federação, tem hoje a segunda maior produção de milho do Nordeste, atrás apenas da Bahia.

Entre os fatores que têm contribuído para esse recente crescimento substancial, o assessor econômico do Governo destaca o preço favorável do milho se comparado a outras culturas do semiárido, além das atividades de extensão rural efetuadas pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e a oferta de crédito através do Banco do Nordeste e do Banese.

Extensão rural

A Emdagro, por exemplo, mantém 39 escritórios distribuídos por todo o estado com o propósito de estimular, implantar e consolidar estratégias de desenvolvimento rural sustentável junto aos pequenos agricultores. "Esse é o nosso papel: de levar informação ao agricultor, desenvolvendo permanentemente suas habilidades técnicas e discutindo com ele o que é melhor para sua terra", afirma o presidente da Emdagro, Jeferson Feitoza.

Trazendo isso para a realidade do milho, o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural da Emdagro, Bernardo Lima, lembra que o pequeno produtor é responsável por ao menos dois terços do montante produzido em Sergipe.

"Atualmente, assistimos diretamente cerca de 25mil produtores de milho, mas se levarmos em consideração que esse conhecimento é repassado para vizinhos e parentes, podemos dizer que o número de agricultores familiares que produzem milho sob a influência direta ou indireta da Emdagro está em torno dos 50 mil", observa.

O diretor destaca ainda que a Emdagro vem auxiliando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no trabalho de conscientização dos agricultores quanto às exigências do milho. "É um cultivo muito exigente de água e por isso sempre teve restrições fortes no semiárido, mas esse trabalho vem sendo no sentido de viabilizar variedades de milho capazes de produzir num ciclo mais curto, isso diminuiu muito o risco da cultura no semiárido", explica Bernardo Lima.

Outra frente de ação está na distribuição de sementes junto aos agricultores de baixa renda. "Distribuímos sementes de cultivos alimentares, incluindo o milho. Vale lembrar que a partir de 2007 o estado passou a produzir essa semente e hoje a metade do total distribuído é produzida aqui", destaca Jeferson Feitoza.

Pequeno produtor

Um dos agricultores sergipanos que produzem milho e são contemplados pela Emdagro é o senhor Lourival de Souza, 63, que há 15 anos deixou o povoado Alagadiço, no município de Frei Paulo, para residir na zona rural de Carira. "A ajuda da Emdagro é fundamental; é muito bom para a gente", afirma o produtor, referindo-se ao apoio técnico que recebe sempre que precisa.

Seu Lourival é morador do Assentamento ‘Manoel Martinho`, situado a cerca de cinco quilômetros do perímetro urbano. Lá, residem 60 famílias cuja maior fonte de renda está na produção do milho. "Hoje é o que mais dá dinheiro", assegura o agricultor, garantindo que sua plantação já está pronta para ser colhida, "mas é melhor esperar o preço aumentar mais um pouquinho", explica.

Ao menos 15 tarefas de seu pequeno pedaço de terra Lourival destina à plantação de milho. Da mesma forma faz sua vizinha, Josilene Barbosa dos Santos, 46. "Aprendi a plantar milho ainda pequena, com meu pai, e até hoje continuo", diz Josilene, destacando as ‘horas de trator` concedidas pelo Governo como uma das ações que mais facilitam seu plantio.

Lourival e Josilene estão entre os pequenos produtores assistidos diariamente pelo escritório da Emdagro sediado em Carira. A unidade tem como responsável o técnico José Ananias Rezende. "Aqui, nós temos pelo menos 45 mil hectares onde se planta apenas milho", comenta Ananias. Como a esta altura do ano a fase é de colheita, ele conta que a movimentação dos compradores tem sido intensa. "Todo dia eu vejo pelo menos de 10 a 15 carretas por aqui", revela.

Para atestar a força do agricultor familiar nesse cenário, ele cita as 2.200 Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAPs) concedidas este ano apenas para os produtores de Carira. "Ao menos 90% delas é para plantações de milho", complementa Ananias, explicando que a DAP é o instrumento que identifica os agricultores familiares aptos a realizarem operações de crédito rural ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

Quase R$ 3 milhões

O custeio da produção de milho junto aos mini, pequenos e médios agricultores representa a maior contribuição do Banese para que Sergipe tenha obtido o crescimento constatado pelo IBGE. De acordo com o diretor de Crédito de Desenvolvimento, Édson Caetano, somente este ano o Banese injetou exatos R$2.866.315,81 especificamente na produção de milho local.

O investimento contemplou três mil hectares de terras sergipanas pertencentes a 96 produtores de milho, que utilizaram o valor financiado em atividades voltadas ao preparo do solo e à aquisição de insumos. "Dessa forma, temos atendido nosso papel de incrementar as atividades produtivas do estado", destaca o diretor Édson Caetano.

Aos agricultores interessados em obter o financiamento junto ao Banese, o diretor explica que o procedimento é facilitado, sobretudo, devido à presença de unidades da instituição financeira em todos os municípios do estado. "Basta o agricultor procurar uma agência e apresentar sua proposta, que geralmente vem na forma de um projeto técnico simplificado".

Escoamento

A recuperação das rodovias sergipanas também tem representado um apoio fundamental, já que facilita substancialmente o escoamento de toda a produção local.

No que diz respeito ao milho, um marco ainda hoje exaltado pelos agricultores foi a restauração da via de 46 quilômetros que liga o município de Carira a Nossa Senhora da Glória, viabilizada por meio de um investimento de R$ 21.279.972,98 em recursos estaduais.

"Ficou mais fácil do comprador chegar aqui; eles gostaram muito na época que a pista foi feita", comenta o agricultor Lourival de Souza.

Produção e área

Conforme o IBGE, o milho hoje é a cultura agrícola que ocupa maior território e possui maior valor de produção em Sergipe. Pelos dados da `Produção Agrícola Municipal - 2010`, a produção sergipana de milho obteve o valor de R$ 335milhões, enquanto a laranja chegou aos R$ 223 milhões e a cana aos R$ 188milhões.

Com relação à área ocupada, o ranking não muda, cabendo ao milho 204,8 mil hectares, enquanto a laranja ocupa 54 mil e a cana 46,6 mil hectares.

Fonte: ASN

 

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