Sergipe detém a menor cobertura dentre os estados brasileiros

30/09/2015 19h12
Sergipe detém a menor cobertura dentre os estados brasileiros
A8SE

Hoje é comemorado o dia da Mata Atlântica e em Sergipe as notícias sobre o assunto não são nada boas. O Estado detém a menor cobertura de Mata Atlântica dentre os estados brasileiros onde o bioma ocorre, com cerca de 1% da cobertura original. Essa situação é um reflexo do modelo de desenvolvimento adotado ao longo da nossa história, privilegiando, sobretudo, a monocultura de cana-de-açúcar na zona da mata sergipana. Além disso, Sergipe é um dos estados onde existem menos estudos sobre sua biodiversidade, o que dificulta a tomada de decisões para a sua conservação.

 

Mata Atlântica (Foto:Divulgação)

De acordo com a superintendente de Biodiversidade e Floreta da SEMARH, Valdineide Barbosa Santana, os estudos sobre a Mata Atlântica sergipana ainda são escassos e pontuais.

" Recentemente tem aumentado o interesse de pesquisadores, o que implica em geração de informações cruciais para a preservação da floresta e seus ecossistemas associados, que incluem manguezais e restingas", disse, acrescentando que uma das atuações da SEMARH é incentivar o desenvolvimento das pesquisas, para que estas venham a subsidiar a tomada de decisões para proteção da Mata Atlântica.

 

A superintendente explica que atualmente é difícil determinar ao certo o número de fragmentos
que existem de Mata Atlântica no Estado.

"A SEMARH, através da Superintendência de Recursos Hídricos, conduz um trabalho importante de mapeamento de várias informações do nosso estado, inclusive a identificação dos remanescentes florestais, o que pode ajudar na sua caracterização quantitativa e qualitativa. Porém sabemos que a região sul de Sergipe detém os maiores e mais preservados fragmentos do Estado, especialmente os municípios de Itaporanga d`Ajuda, Estância, Santa Luzia do Itanhi, Indiaroba e Umbauba", colocou.

Segundo o biólogo da SEMARH, Sidney Gouveia, apesar de restar pouco da Mata Atlântica sergipana, é importante lembrar que ela ainda abriga exemplares importantes do bioma, inclusive ameaçados de extinção, como é o caso do macaco guigó-de-Sergipe (Callicebus coimbrai), nossa principal bandeira da conservação.

"Além do guigó há outras espécies raras ou ameaçadas, incluindo mamíferos, aves, anfíbios e plantas. Mesmo com a redução e fragmentação tão avançada, todo esforço deve ser feito para resguardar o que resta da nossa Mata Atlântica e recuperar o máximo possível do que foi perdido até hoje", explicou o pesquisador.

Mata Atlântica (Foto:Divulgação)

 

Ele ainda colocou que além da ação constante do poder público é fundamental a participação dos proprietários rurais e dos assentamentos de reforma agrária, atuais detentores de imóveis rurais com fragmentos de vegetação nativa no domínio da Mata Atlântica. Essas áreas são estratégicas para a restauração e manutenção da Mata Atlântica. "Queremos que todos participem do processo de conservação. Temos que acabar com a idéia que preservar a Mata Atlântica é função apenas do governo", alertou.

Participação do Poder Público - Uma das principais ações que garantem a proteção de áreas naturais é a criação de unidades de conservação da natureza, que são áreas especialmente protegidas para garantir a manutenção de remanescentes da flora e fauna nativas.

Os governos Federal e Estadual já vêm atuando na criação de unidades de conservação, como é o caso do Parque Nacional Serra de Itabaiana, da Floresta Nacional do Ibura, do Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, da Áreas de Proteção Ambiental do Morro do Urubu e do Litoral Sul.

Outras áreas já foram identificadas como importantes e estão em processo de criação de novas unidades de conservação. É interessante notar que alguns municípios Sergipe já manifestaram a preocupação e o desejo de estabelecer unidades de conservação em seus territórios, o que já é um grande avanço. Além disso, outras frentes devem atuar constantemente, em especial o trabalho contínuo de educação ambiental e de sensibilização para a proteção da Mata Atlântica e seus ecossistemas associados. Também são fundamentais para garantia da proteção dos fragmentos remanescentes as ações de monitoramento e fiscalização ambiental.

 

 

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