Sergipe conta com quase 100 mil mulheres comandando um negócio
Estado é o líder no ranking de empreendedorismo feminino no país, com 39% das empresas
Mesmo em um cenário de dificuldades impostas pela pandemia, as mulheres mostram que seguem apostando no empreendedorismo como opção de vida. Um levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), do IBGE, revela que no terceiro trimestre de 2020 Sergipe atingiu a marca de 99,4 mil negócios comandados por pessoas do sexo feminino. Em 2018, por exemplo, eram 95,8 mil sergipanas empreendendo.
Esse número representa 39% das empresas em funcionamento, consolidando o estado como o primeiro, em termos percentuais, no ranking entre as unidades da federação quando o assunto é empreendedorismo feminino. No Brasil, 8,6 milhões de mulheres comandam uma empresa, representando 33,6% do total de negócios.
De acordo com a pesquisa, as empreendedoras sergipanas têm um perfil bem definido. Elas são jovens (62% possuem menos de 44 anos), chefes de domicílio (53% do total), trabalham em sua grande maioria sozinhas (93% delas), possuem uma estrutura de negócio mais simples e são mais escolarizadas (24% possuem nível superior, contra 18% entre os homens)
Por conta da necessidade de conciliar o trabalho com os afazeres domésticos e os cuidados familiares as mulheres trabalham menos horas no negócio que os homens (65% das empreendedoras têm uma carga horária inferior a 40 horas). Outro dado que chama a atenção é o baixo rendimento dessas empresárias, já que 74% ganham até um salário mínimo.
As sergipanas atuam principalmente no setor de serviços (43% do total). Outras 32% atuam no comércio, 15% na indústria e 10% na agropecuária. Elas se declaram em sua maioria negras (75%), além de poucas contribuírem para a previdência social (somente 23% do total de empresárias).
Elas são mais inovadoras
Quando decidem empreender as mulheres também buscam ser mais inovadoras e atentas às novas tecnologias. Uma outra pesquisa feita pelo Sebrae para medir o impacto da pandemia sobre os pequenos negócios revelou que 46% delas passaram a comercializar novos produtos/serviços, contra 41% dos empresários. Elas também fazem mais uso das redes sociais, aplicativos ou internet na venda de seus produtos/serviços (76% entre as mulheres, contra 67% dos homens).
“Embora a mulher empreenda mais pela necessidade de obter uma fonte de renda, ela geralmente se prepara mais para esse momento. A mulher costuma buscar conhecimentos em área em que não domina, pesquisa mais o mercado e enxerga novas possibilidades de negócio. Fomentar o empreendedorismo feminino é fundamental para que as mulheres possam aumentar seus rendimentos, gerar empregos, ter sustentabilidade no mercado e, sobretudo, ser independentes e protagonistas de suas vidas”, explica a analista técnica do Sebrae, Mariana Araújo.
Entre as sergipanas que decidiram apostar no empreendedorismo está a empresária Carla Machado, que aos 35 anos comanda um exército de 72 colaboradores. Ela conta que desde os 17 anos tem contato com o mundo empresarial, participando dos negócios familiares com o pai e posteriormente o marido. Em 2020, mesmo em meio à pandemia, ela decidiu lançar voo solo e abriu seus próprios empreendimentos, um salão de beleza e uma loja de semijóias.
“Enxergo no empreendedorismo um propósito, que é o de ajudar a mudar a vida das pessoas. Quando decidi abrir minhas empresas quis ter mais liberdade de escolha para tomar as decisões e fazer a gestão da maneira que julgo ser mais adequada. Hoje levo a frente minhas ideias, minha estratégia de comunicação e percebo que elas ajudam a transformar a vida de muita gente estão ao meu redor. Acho que empreender é uma forma de ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos. É se desafiar diariamente”.
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