Pescadores de mariscos estão em estado de alerta

No período de defeso do camarão só terá direito ao auxílio desemprego concedido pelo Ministério do Trabalho, pescadores que possuem carteira profissional. Já pescadores de caranguejos não receberão o auxílio, por quê o acasalamento desse crustáceo ocorre em dias alternados.

30/09/2015 18h59
Pescadores de mariscos estão em estado de alerta
A8SE

Muitos pescadores encontram na captura de mariscos a única fonte de renda, é o caso de Edvan Cardoso, de 39 anos. Diante do período de defeso do camarão que iniciou no dia 1º de dezembro e segue até o dia 15 de janeiro, a sua voz tem tom de protesto.  “Defeso é desemprego pra gente. Caranguejo não tem! Só nos viveiros que eles colocam remédio no camarão pra poder vender. E aí, o pai de família fica desempregado?”, contesta Edvan.

 

O auxílio desemprego só é garantido pelo Ministério do Trabalho a quem segue a risca uma série de requisitos, esse não é o caso do pescador. “Eu mesmo não tenho a carteira de pescador profissional, por quê tem que pagar R$ 5 reais todo mês, certinho, e aguardar durante um ano. Até hoje eu não tirei, por quê eu não tinha todos os documentos necessários, agora é que eu vou correr atrás”,  revela Advan. Ele acrescenta que enquanto não adquire a carteira, cria alternativas de sobrevivência. “Eu faço um instrumento de pesca chamado tarafa pra poder pescar o que pode, só assim dá pra alimentar meus 5 filhos”, conta.

 

De acordo com o coordenador do Núcleo de Recursos Pesqueiro do IBAMA, Fernando José, o trabalho de conscientização só é direcionado aos pescadores cadastrados na Colônia de Pescadores do Estado de Sergipe. “O Núcleo de Conscientização Ambiental explica a categoria a importância de permitir o acasalamento dos mariscos ou crustáceos. Então, os pescadores estão conscientes. Se os mariscos não se acasalarem não haverá reprodução”, declara o coordenador.

 

A comerciante Maria do Socorro Menezes, de 61 anos, trabalha vendendo camarão há 38 anos e garante que em todo período de defeso ela aposta no camarão de cativeiro, mesmo assim, a procura é reduzida. “Cai por quê o povo sabe que fica mais caro mesmo. Aí eu vendo pouco e os que vendo são aqueles de cativeiro que é o único liberado pra vender, fora isso, o movimento é fraco, fraco”, lamenta a comerciante.

 

 

 

 

 

 

 

Defeso do caranguejo

 

Segundo, Fernando José o caranguejo está escasso no litoral brasileiro, por isso, deve haver muita cautela no ato da captura do crustáceo. A partir desse mês de janeiro até o mês de março, haverá o período de defeso do caranguejo em todo o Nordeste. Em Sergipe, o Centro de Pesquisa do Ibama sediado em Pernambuco já identificou os períodos de acasalamento, em que fica proibida a captura de caranguejo. Este ano, o período de acasalamento entre os crustáceos serão em dias alternados. Veja a seguir uma tabela com os dias em que fica proibida a captura do caranguejo e fique atento.                                                   

 

 

 

 

Durante esses dias, o Ministério do trabalho não vai assegurar auxílio desemprego aos pescadores, por quê o órgão entende que os pescadores têm como capturar os caranguejos antes ou depois dos períodos de defeso, já que são em dias alternados. Tanta inconstância reflete no momento de comercializar o produto. Dona Maria José revela seu descontentamento. “O caranguejo tá uma safadeza. Um dia a gente vende por R$ 10, 00, outro dia só por R$ 2, 00”.

 

A comerciante Cristiane Lourenço , 30 anos, conta que está consciente da importância de respeitar o momento de acasalamento do caranguejo, e por isso trabalha com estoque antecipado. “Acabou essa época de caranguejo grande! Eu acredito que o que Deus faz não acaba, mas, é preciso o defeso das espécies por quê o homem está destruindo os mangues ‘a torta e a direita’. Eu trabalho estocando o caranguejo durante a semana que fica proibido capturar”, revela a comerciante.

 

 

Piracema

 

Além do defeso do camarão e do caranguejo, durante o fenômeno conhecido como Piracema, as espécies nativas do Rio São Francisco migram contra a correnteza. Desde o dia 1º de novembro até 28 de fevereiro está proibido pescar as espécies de peixes Surubim, Dourado, Pial e Mandicurimã. “As fêmeas são estimuladas a soltarem ovos e os machos acabam ejaculando o espermatozóide. A própria mistura do movimento das águas com o ambiente marítimo fazem com o que os ovos sejam fecundados”, explica o coordenador do Núcleo de Recursos Pesqueiro do IBAMA, Fernando José.

Quem for flagrado pescando camarão, caranguejo ou qualquer espécie dos peixes citados será penalizado pela Lei de crimes ambientais, nº. 9.605 e pagará multa que varia de R$ 700 reais a 100 mil reais, além do acréscimo de R$ 20 por kg.

 

 

✅ Clique aqui para seguir o canal do Portal A8SE no WhatsApp
Tags: