"Meu irmão não merecia isso", diz irmã de Genivaldo Santos no início do julgamento dos ex-policiais rodoviários
O dia foi marcado por grande tristeza e tensão para os familiares de Genivaldo, que se revezaram no Fórum para poderem permanecer até o final
O julgamento dos ex-policiais rodoviários federais envolvidos na ação que resultou na morte de Genivaldo Santos teve início nesta terça-feira (26), no Fórum Ministro Heitor de Souza, em Estância.
Por volta das 13h, a primeira testemunha, Walison de Jesus Santos, sobrinho de Genivaldo e testemunha ocular do crime, iniciou seu depoimento. Até o momento, ele foi o único ouvido.
O dia foi marcado por grande tristeza e tensão para os familiares de Genivaldo, que se revezaram no Fórum para poderem permanecer até o final. "A gente tem que se alternar para descansar um pouco. É muito sofrimento para uma pessoa só. Temos que fazer isso para aliviar a mente dos outros", disse a irmã de Genivaldo em entrevista à TV Atalaia.
Ela completou: "Esperamos que a justiça seja feita e que eles paguem pelo que fizeram. Meu irmão não merecia isso, ele era uma pessoa boa, não fez nada para merecer tal destino. Eles acharam que ele merecia, mas ele não merecia", disse
Além das questões jurídicas, a família enfrenta outros desafios. "Infelizmente, o que aconteceu abalou profundamente a nossa família. Estamos lutando por justiça. Esse crime foi cruel e deixou todos aterrorizados e doentes, pois não conseguíamos dormir nem comer, devido ao que aconteceu", explicou o primo de Genivaldo, Joselito Bento.
Atrasos
Após dois anos e meio da morte de Genivaldo, o Júri Popular estava inicialmente previsto para começar às 8h da manhã. No entanto, houve intercorrências que atrasaram o início dos trabalhos. "Tivemos um grande atraso, tanto que estamos começando agora a ouvir a segunda testemunha. A primeira testemunha levou mais de cinco horas para ser ouvida", informou o advogado da família, Ivis Melo.
Além do atraso, houve uma discussão entre os presentes no local. Quando questionado sobre o ocorrido, o advogado explicou que essas situações são comuns no funcionamento de um júri. "A dinâmica do júri é, por vezes, muito intensa. Os ânimos ficam exaltados e as pessoas começam a interpretar de forma imediata. Ninguém espera que haja ocorrências dessa natureza, mas esperamos que todos trabalhem com a maior tranquilidade possível", concluiu o advogado à TV Atalaia.
Relembre o caso
No dia 25 de maio de 2022, Genivaldo foi abordado pela PRF na BR-101, em Umbaúba, por estar pilotando uma motocicleta sem capacete. Os policiais o imobilizaram, amarraram suas mãos e pés, e o colocaram dentro do porta-malas da viatura, onde foram liberados gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Uma câmara de gás improvisada causou a morte de Genivaldo por asfixia mecânica e insuficiência respiratória, como apontou o Instituto Médico Legal (IML).
O caso ocorreu exatamente dois anos após a morte de George Floyd, homem negro que também foi assassinado por policiais durante uma abordagem nos Estados Unidos. Embora as circunstâncias das duas mortes sejam distintas, ambas carregam a mesma dor e revolta, com repercussão internacional.
Os três policiais envolvidos foram presos e estão detidos no Presídio Militar (Presmil). Eles alegaram que não tinham intenção de matar Genivaldo e afirmaram acreditar que a vítima não morreria durante a abordagem.
Leia mais: 1° dia de Júri Popular de Ex-PRFs acusados pela morte de Genivaldo Santos acontece em Estância
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