Diversificação amplia renda de assentados

30/09/2015 19h11
Diversificação amplia renda de assentados
A8SE

 

A transição para o cultivo do milho híbrido exigiu adaptações e maiores investimentos por parte das famílias assentadas. (Divulgação)

Durante quase uma década, campos cobertos pelo alaranjado chamativo de uma hortaliça desenharam a paisagem do assentamento Oito de Outubro, em Simão Dias, Sertão Ocidental de Sergipe. No local, extensas lavouras garantiam renda para o sustento de 81 famílias, fazendo a fama do projeto, apontado por muitos como o maior produtor de abóboras do estado.

 

O reconhecimento em toda a região gerou diversas reportagens em jornais e emissoras de TV e incentivou dezenas de agricultores vizinhos a também iniciarem o cultivo da hortaliça.

A partir de então, com o aumento da concorrência e o crescimento da oferta do produto no mercado, os preços obtidos com a venda das abóboras caíram. A chegada de novas pragas à região diminuiu a produtividade e os agricultores tiveram que promover uma importante mudança em toda a área do assentamento. "Não dava mais para manter aquele ritmo de produção. O preço da abóbora já não era tão bom e a gente começou a sofrer com muitas pragas. Foi então, que decidimos apostar no milho", recordou José Fragas, presidente da Associação de Assentados Quingibe e Floresta, que reúne os moradores do assentamento.

O cultivo da abóbora foi mantido, mas teve sua área de plantio reduzida em cerca de 70%. "Antes, a gente enchia mais de 110 caminhões com abóbora. Hoje, nós reduzimos muito isso, mas ainda vendemos perto de 40 caminhões na última safra", contou Fragas.

A transição para o cultivo do milho híbrido exigiu adaptações e maiores investimentos por parte das famílias assentadas. Mas, segundo os próprios agricultores, o retorno não demorou a aparecer. "No começo, boa parte do que eu conseguia com a venda ia para pagar adubo e sementes selecionadas. Mas a gente foi trabalhando e logo deu para estruturar melhor o plantio, tirando uma renda até maior do que antes", contou Joaquim Fraga, o Seu Quincas, como é conhecido o vice-presidente da associação.

Investimentos para a produção

Para iniciarem o cultivo do milho, os 81 agricultores do Oito de Outubro contaram com um apoio fundamental. Amparados por créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) obtiveram os recursos necessários para a compra de sementes de boa qualidade e diversos implementos agrícolas. "Nós trabalhamos com o Pronaf desde o começo. É uma ajuda fundamental para a gente que quer produzir. É um dinheiro certo, que ajuda a gente a comprar sementes selecionadas e outros produtos para fazer o plantio", explicou Seu Quincas.

Acessando a linha Pronaf Agricultura Familiar, o antigo Pronaf D, Seu Quincas, enquadrado na Faixa III, teve acesso a uma linha que oferece financiamentos acima de R$ 10 mil, com limite de R$ 20 mil e juros de 4,5% ao ano.

Um incentivo que impulsionou a última safra obtida pelo agricultor, que segue investindo ainda mais na produção do seu lote. "A última safra foi muito boa e deu para juntar um dinheirinho. Esse ano já comprei meu primeiro trator e ele vai ajudar bastante na roça", contou o assentado.

A situação de Seu Quincas é semelhante à da maioria dos companheiros de assentamento. Todos eles obtiveram bons resultados na última safra e muitos investiram na compra de tratores e equipamentos agrícolas. "Hoje, no assentamento nós temos uns 23 tratores", comentou Fraga.

Venda garantida

A safra de milho deste ano começou a ser plantada em meados de abril, com o início do período de chuvas em Sergipe. Mas os produtores do Oito de Outubro possuem ainda cerca de dez mil sacos de grãos (embalagens de 60 Kg) estocados em galpões construídos no assentamento.

A estocagem é uma estratégia utilizada pelos agricultores na busca por melhores preços para a venda. "A gente sempre guarda parcelas da produção para vender quando o preço está melhor. Assim, conseguimos um dinheiro a mais todo ano", explicou Seu Quincas.

Para melhorar ainda mais as condições de escoamento da produção, o assentamento passou este ano a integrar as ações do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), gerido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com a adesão ao programa, os trabalhadores passaram a ter a venda dos grãos garantida. "Nós podemos seguir vendendo para os atravessadores e se o preço do mercado cair, a gente tem a opção de vender o milho para a Conab", afirmou Fraga.

Uma alternativa que dá aos agricultores mais segurança para o plantio e a realização de novos investimentos, gerando boas perspectivas para a próxima safra. "A gente espera que esse ano seja ainda melhor do que 2008. Devemos conseguir uma safra maior e também vamos buscar preços melhores", projetou o vice-presidente da associação.

Na última safra, a área de plantio de milho do Oito de Outubro foi de cerca de 1.210 hectares e os agricultores locais obtiveram uma produção média de 1.500 sacos de grãos por lote.

 

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