Dia Nacional do Livro: conheça três autores sergipanos e os desafios do mundo literário
A data marca a fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, em 1810, quando a Biblioteca Real Portuguesa foi transferida para o Rio de Janeiro

Têm os contos, as poesias, os quadrinhos, os de ficção. Têm aqueles que ajudam ao autoconhecimento, mas há ainda os que guardam princípios científicos. Há livros de diversos gêneros e para diversos tipos de leitores. Hoje, 29 de outubro, é celebrado no país o Dia Nacional do Livro. A data foi escolhida por ser dia da fundação da Biblioteca Nacional.
Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, nos últimos quatro anos, a porcentagem de leitores no país caiu de 56% para 52%, o que representa cerca de 4,6 milhões de pessoas. O estudo mostra ainda a dificuldade no acesso as obras. De acordo com a pesquisa, 5% dos leitores disseram não ter lido mais porque os livros são caros; e, 7% dos leitores não leram porque não há bibliotecas por perto.
Na contramão dessa realidade, há os escritores que seguem produzindo e enfrentando as dificuldades de ter seu trabalho reconhecido. O Portal A8SE apresenta agora para você três autores sergipanos. Juntos, conheceremos a história e os desafios do mundo literário. Cada um deles fala sobre como tudo começou, dilemas e suas publicações.

Mylena Rodrigues
Mylena começou a escrever por volta dos 14 anos de idade. Apaixonada pelos livros desde criança, decidiu colocar as ideias no papel. No ano de 2018 lançou o livro “Histeria”. De lá pra cá, vem percebendo que é preciso mais reconhecimento e representatividade no mercado literário.
“Não vivo de escrita, então meus desafios devem ser bem menores, comparado a quem realmente vive de escrever. Ser uma autora já é um grande trabalho, sendo uma autora e negra é outros ‘500’. Porque é toda hora lutando com seus próprios pensamentos dizendo que talvez não seja suficiente, junto com a própria sociedade dominante dizendo que você não pode ser aquilo”, relata.

Ela conta ainda sobre espaços direcionados para a vivência poética da pessoa negra, a exemplo do Slam Mulungu – roda de poesia autoral de artistas negros, expressando sua vivência e luta social.
“Além dos desafios de ser escritora negra em Sergipe, é bom saber que nossa rede se mobiliza para crescer entre os nossos. O Slam Mulungu é um lugar em que pessoas negras podem declamar seus poemas, suas prosas, com seus assuntos diversos. Foi o primeiro lugar onde declamei um dos meus poemas e é incrível a forma como somos aceitas de forma completa, sem hesitação. Sou apaixonada por todos os outros escritores que deixam um pedacinho deles comigo enquanto recitam”, finaliza.
Marianne Rocha
Assim como Mylena, Marianne também começou a escrever aos 14 anos de idade, tempo que a criatividade ficou aguçada.
“Sempre tive sonhos loucos e engraçados, e gostava muito de criar histórias de aventuras na cabeça, então decidi colocar tudo no papel”.

Em novembro de 2016 ela publicou “A Dimensão Arkam”. Um livro de fantasia e ação com uma pitada de romance. Para a autora, o desinteresse dos sergipanos é um dos maiores obstáculos.
“A falta de incentivo para os escritores e artistas em geral. Muitos sergipanos não têm o hábito de ler livros, e conseguir vender livros no estado é um desafio. Normalmente vendia mais nos eventos literários que aconteciam no estado, mas devido à pandemia e a necessidade das vendas de forma online, acabei vendendo mais para outras regiões”, explica.
Apesar dos empecilhos, Marianne conta que tudo vale a pena. Principalmente quando percebe seu trabalho transformando e levando alegria para a vida dos leitores. Para os novos escritores, ela deixa uma mensagem.
"Não desistam, mesmo sendo difícil. Só de poder melhorar o dia de alguém ou receber uma mensagem de um leitor dizendo que amou seu livro, vale o esforço. Eu chorei muito quando recebi minha primeira mensagem. É um sentimento de gratidão muito bom. Eu sempre digo que livros salvam vidas, acredito muito nisso. Escrever é difícil, mas não desistam diante das adversidades, a determinação é o segredo", incentiva.
André Comanche
Nos corredores da escola em que estudava, André vendia os gibis que produzia. Aos 13 anos escreveu o primeiro livro. Em 2018, como escritor profissional, publicou um suspense policial que concorreu a um prêmio literário nacional.
“Tenho quatro contos publicados em coletâneas e avulsos. E dois livros próprios publicados, 'O dia em que minha vó me apresentou a morte' e 'Tem um Monstro na Minha orelha'. Quando alguém me diz que amou algo que fiz, é recompensador”.

André conta que o processo de escrita de uma obra também possui adversidades. Escrever requer técnica, criatividade e conhecimento da linguagem.
“Eu acredito que os desafios em Sergipe sejam parecidos com os desafios em todo o país. Primeiramente, a escassez de cursos de escrita criativa. Inspiração é apenas a fagulha inicial. A escrita é um trabalho duro que exige estudo e domínio das ferramentas dessa linguagem artística. Em seguida é conseguir ser publicado. É difícil alguém apostar num autor iniciante”.

Escrevo porque sinto que nasci para contar histórias. As ideias vão se acumulando e uma hora sempre preciso colocar no papel. Faz eu me sentir vivo, útil.
André ComancheA pesquisa citada no inicio da matéria, chama atenção para a democratização do acesso às bibliotecas, de obras que cheguem para todos. Seja escritor ou leitor, cabe a nós incentivar os mais jovens a paixão pelos livros.
"As escolas precisam ampliar programas internos e incentivo à leitura. Também não podemos tirar os pais dessa equação. Criança aprende mais com gestos que com palavras. Pais que leem geram filhos leitores", finaliza André.
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