Caso Genivaldo: policial divulga carta aberta e fala sobre o caso pela primeira vez

Genivaldo de Jesus Santos morreu durante uma abordagem na cidade de Umbaúba, em 25 de maio de 2022

Por redação Portal A8SE 04/05/2023 19h52
Caso Genivaldo: policial divulga carta aberta e fala sobre o caso pela primeira vez
Os policiais acusados pela morte de Genivaldo

Paulo Rodolpho Lima Nascimento é um dos três policiais rodoviários federais acusados de assassinar Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morto durante uma abordagem na cidade de Umbaúba, em 25 de maio de 2022. Pela primeira vez, ele se manifestou sobre o caso.

Através de uma carta aberta, Paulo conta a versão sobre os momentos que antecederam e a própria abordagem. "Estávamos eu e meus colegas prontos para mais um dia de serviço, quando nos deparamos com uma ocorrência aparentemente simples, mas que evoluiu para o nível de resistência nunca experimentado antes, na qual foi preciso empregar todos os recursos disponíveis para conter e acalmar um ânimo de júria cujos motivos eram desconhecidos. Por alguma razão inesperada, o irmão abordado veio depois a passar mal e, apesar do socorro prestado, veio a óbito. Não se sabe porquê, o destino nos uniu", conta.

O policial continua, e justifica que a morte de Genivaldo, ganhou grande proporções por razões políticas. "Não fosse o contexto político, seria uma fatalidade sentida, sim, mas não nessas proporções. Fui/sou execrado todos os dias desde então. Eu, minha família e meus amigos. Nunca vi tanta júria. Meu rosto está nos jornais dia sim, outro também", falou.

Paulo Rodolpho afirma que não teve intenção de matar Genivaldo. "Não sou perverso. Usei os equipamentos que a polícia me confiou justamente para conter a agressividade e preservar a integridade. Mas poucos veem isso, poucos se dão ao trabalho de entender isso. Ninguém ouve a minha voz. Estou preso sem julgamento, nem uma acusação justa, tão pouco direito de defesa preservado. Sou mais uma vítima do sistema", disse.

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Parte da carta de Paulo Rodolpho

O policial finaliza falando sobre a gestão presidencial e a relação com a Polícia Rodoviária Federal. "Essa perigosa aproximação da PRF com o então governo, em troca de uma possível reestruturação, só trouxe decepção. Além de não conseguirmos a justa valorização, foi feita uma vinculação demasiadamente política, que ficou nas promessas vazias, bem como expôs os agentes do Estado como mais um flanco de ataques da outra base política", encerrou.

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A morte

Genivaldo de Jesus sofria de esquizofrenia e foi abordado por estar sem capacete enquanto pilotava uma motocicleta, Ele foi amarrado pelos policiais e trancado dentro do porta-mala da viatura. A ação foi registrada por testemunhas e os vídeos viralizaram nas redes sociais.

Uma bomba de gás lacrimogêneo com spray de pimenta foi liberada no veículo, provocando a morte por asfixia mecânica e insuficiência respiratória, conforme aponta o laudo do Instituto Médico Legal (IML).

Prisões

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão preventiva de dois policiais rodoviários federais acusados pelos crimes de tortura, abuso de autoridade e homicídio qualificado contra Genivaldo de Jesus Santos.

Ao negar o pedido de soltura, os ministros consideraram que a vítima tinha problemas mentais e não ofereceu resistência no momento da abordagem, além dos indícios de que os agentes agiram com força desproporcional contrária às normas do Ministério da Justiça, principalmente na utilização das armas químicas.

Os três policiais acusados de envolvimento no crime estão presos desde outubro do ano passado e devem ser submetidos a júri popular.

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