Aracaju registra mais de 400 casos de agressão contra crianças

30/09/2015 19h34
Aracaju registra mais de 400 casos de agressão contra crianças
A8SE

Em Aracaju a Delegacia de Grupos Vulneráveis registrou somente este ano mais de 400 casos de violência física contra crianças e adolescentes. Sendo que cerca de 50% corresponde a violência doméstica. De setembro de 2004 a 2008 foram registrados 2.415 boletins de ocorrências envolvendo agressões físicas, mais de 50% desses números são de violência doméstica. Na maioria das ocorrências os maus tratos são praticados pelos familiares.

Crianças são vítimas de agressões dentro de casa e pelos familiares (Foto:Divulgação)

É o que comprova a delegada da Delegacia de Grupos Vulneráveis, Georlize Oliveira. "Temos vários casos de violência física envolvendo crianças e adolescentes. São crianças que chegam com lesões graves, como pé quebrado e braços quebrados em razão de uma surra. Crianças que são espancadas pelos pais, irmãos e padrastos. O perverso disso é que a gente imagina que o ambiente doméstico é o ambiente da proteção e na verdade é nesse ambiente que a criança é agredida", diz a delegada.

A delegada ainda coloca que todos os dias milhares de crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência física dentro do lar. "As agressões vão desde queimadas, torturadas e espancamentos. Lesões que podem levar a morte",disse.

De acordo com dados da Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância (Sipani), 12% das 55,6 milhões de crianças menores de 14 anos são vítimas de alguma forma de violência doméstica por ano no Brasil. O número corresponde a uma média de 18 mil crianças por dia sendo agredidas.

 

Queimaduras são agressões frequentes em crianças (Foto: Divulgação)

A delegada da Delegacia de Grupos Vulneráveis, Georlize Oliveira (Foto: Kátia Susanna)

Violência em Sergipe - Os dados do Núcleo de Apoio á Infância e a Adolescência do Ministério Público de Sergipe mostram que em 2008 através do Sistema de Aviso Legal por Violência, Exploração ou Maus Tratos Contra a Criança e o Adolescente (Salve), da Secretária Estadual e Municipal de Saúde, que a violência física ocupou 13% dos casos, perdendo somente para as denuncias de negligência que foram de 70%.

A violência física ocupou 13% dos casos somente em 2008 (Foto: AtalaiaAgora)

 

No mês passado um caso chocou os moradores do município de Nossa Senhora do Socorro. O fato aconteceu no Conjunto Parque dos Faróis, distante 13 quilômetros da capital, uma mãe foi acusada por agredir e queimar a própria filha, de apenas 13 anos, com uma colher em todas as regiões do corpo. A menina ficou com o rosto totalmente desfigurado pelas queimaduras.

Durante o depoimento na delegacia de polícia a garota contou é vítima frequente de agressão por parte da mãe e do padrasto. A mãe, Maria José Nascimentos, de 30 anos confessou o crime. O padrasto, Reginaldo Bispo, 34 anos, chegou a afirmar que batia na criança como forma de educar. "Ela foi criada desde pequenininha, não faz mal dá umas "lapadas" vez em quando. A gente não vai criar filho sem bater", disse o padrasto. Ele disse também que não viu as queimaduras no roto da adolescente. "Eu nem vi quando a mãe fez isso. Eu só bati nela com o capacete", confessou.

Denúncias- Todas as formas de agressão a crianças e adolescentes podem ser feitas através do disque denúncia municipal pelo 08000-791400, disque denúncia estadual 3213-7000, disque denúncia nacional 100 ou ainda encaminhar a queixa aos conselhos tutelares da capital e interior. "As denuncias geralmente são feitas pela vizinhança ou pelo Conselho Tutelar. A nossa idéia não é punir por punir é mostrar que a violência não é uma forma de educar a criança. Um lar que permeie a violência gera um adulto também violento", esclarece a delegada Georlize Oliveira.

Penalidades - No caso de maus tratos, a pena varia de dois meses a um ano. Se a agressão resultar em lesão corporal de natureza grave, o agressor pode pegar de um a quatro anos. Já no caso de morte, o agressor pode ser condenado de 4 a 12 anos.

 

Por Kátia Susanna

 

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