54 pediatras pedem demissão em massa no Hospital da Criança em Aracaju
Denúncias de irregularidades levam a crise e possíveis consequências para a gestão do hospital
Cerca de 54 médicos do Hospital da Criança Dr. José Machado de Souza, em Aracaju, pediram demissão após denúncias de irregularidades envolvendo a empresa responsável pela gestão de contratos na unidade.
A informação foi divulgada na última quarta-feira (24) pelo Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed), que protocolou uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) contra a Irmandade Boituva e a empresa Centro Cardio Serviços Hospitalares.
Os médicos alegam terem sofrido ameaças para assinar contrato com a empresa Centro Cardio, sob o risco de substituição por profissionais de outros estados. Segundo o presidente do Sindimed, Helton Monteiro, os desligamentos refletem a insegurança e a insatisfação dos profissionais.
"Já são 54 pediatras que pediram demissão. Outros relatam sentir-se ameaçados, especialmente os que atuam em setores críticos do hospital", afirmou.
As irregularidades denunciadas incluem pagamentos feitos via Pix diretamente em contas pessoais, sem contrato formal, ausência de recolhimento de encargos trabalhistas e indícios de que os CNPJs usados nos contratos estão vinculados a endereços sem relação com serviços de saúde. O MPE recebeu a denúncia e irá analisar as informações apresentadas para avaliar os próximos passos.
A crise no Hospital da Criança é resultado de uma série de denúncias de irregularidades na contratação de uma empresa terceirizada pela Irmandade Boituva, responsável pela gestão do hospital desde julho.
A entidade apontou que o endereço da empresa contratada corresponde a uma loja de frutos do mar em São Paulo, enquanto um segundo CNPJ estaria registrado como escritório virtual de contabilidade, sem vínculo direto com serviços médicos.
Em nota, a Irmandade Boituva disse que a escala de médicos se encontra regularizada e que conta com o quadro completo, e que os médicos que não aceitarem assinar o novo modelo de contrato oferecido têm a liberdade de negociar, mas aqueles que se desligarem serão automaticamente substituídos sem prejuízo à escala e à assistência à população.
também esclareceu que os pagamentos feitos via Pix são parte de um contrato de Sociedade em Conta de Participação (SCP), que não requer formalidades e pode ser efetuado de maneira informal, conforme o Código Civil brasileiro.
Além disso, a empresa irá disponibilizar Declarações de Rendimentos aos médicos de acordo com as preconizações da Receita Federal. A partir de outubro, todos os médicos estarão contratados pela forma de Pessoa Jurídica (PJ), modelo já utilizado no Estado de Sergipe.
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