Policiais Civis realizam ato para denunciar abusos de autoridade, perseguição e negligência
“Não podemos aceitar um sistema onde delegados fazem o que querem, quando querem" afirma o presidente do Sinpol, Jean Rezende
O Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol/SE) realizou nesta segunda-feira (20) um ato de repúdio em frente a Corregedoria Geral da Polícia Civil, em Aracaju, protestando contra perseguições e até prisões de representantes sindicais e oficiais investigadores, configurando abuso de autoridade.
Está sendo denunciado uma suposta perseguição contra dirigentes sindicais, que teria começado após a Operação “Puro Sangue”, que fiscaliza irregularidades nas delegacias através de visitas, fiscalizações e relatórios técnicos, entregues à órgãos de controle, como o Ministério Público do Estado de Sergipe.
No município de Neópolis, no mesmo dia em que foi iniciada a operação, aconteceu a prisão arbitrária de quatro oficiais investigadores, conduzida por um tenente coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.
“Não podemos aceitar um sistema onde delegados fazem o que querem, quando querem. Estamos sendo perseguidos por fazer nosso trabalho com excelência e responsabilidade. Essa luta não é só do Sinpol, é de toda a categoria", afirmou Jean Rezende, presidente do Sinpol/SE.
Ainda de acordo com o presidente, a operação descobriu cerca de 150 inquéritos policiais parados - alguns desde 2021 - na Delegacia de Proteção a Criança e Menor Vítima, ligada ao Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis de Aracaju (Deacav). Muitos destes inquéridos eram de crimes de abuso sexual.
O grave flagrante foi encaminhado ao Conselho Superior da Polícia Civil, Ministério Público e Órgãos de Controle. Após este encaminhamento, houve a remoção de um dirigente sindical do Deacav.
Também estiveram presentes no ato Tony Brito, presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região Nordeste (Feipol/NE); Áureo Cisneiros, presidente da Sinpol/PE; além de outros dirigentes sindicais do nordeste e atuantes da área que abraçaram a causa.
Resposta da Delegacia-Geral
Em nota pública, a Delegacia-Geral da Polícia Civil informou que a manifestação foi organizada em virtude de abertura de inquérito policial para apurar a conduta de dirigentes sindicais na condução de um estagiário da 1ª Delegacia Metropolitana, para a Central de Flagrantes.
A abertura deste procedimento não está relacionada à atividade sindical, mas diz respeito à abordagem e exposição nas redes sociais de um estagiário da 1ª Delegacia Metropolitana durante sua condução à delegacia.
O inquérito foi aberto a partir de um boletim de ocorrência feito por esse estagiário na Corregedoria, alegando ter sido constrangido ao ver sua imagem exposta nas redes sociais e na imprensa. Em tese, é um ilícito previsto na Lei de Abuso de Autoridade.
De acordo com informações registradas, o estagiário estava dirigindo um veículo que teria sido entregue a ele pelo delegado titular da 1ª Delegacia Metropolitana. O fato gerou inquérito policial para apurar a conduta do delegado.
O órgão também destaca que respeita o direito de manifestação e segue comprometido com a valorização e o diálogo com os servidores da segurança pública.
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