Obama ordena fim de Guantánamo e nomeia enviados a zonas de conflito

30/09/2015 19h02
Obama ordena fim de Guantánamo e nomeia enviados a zonas de conflito
A8SE

Em seu segundo dia de trabalho, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou nesta quinta-feira o fechamento da prisão na base de Guantánamo, proibiu a tortura e nomeou os enviados ao Oriente Médio e ao Afeganistão.

Agindo rapidamente para desfazer algumas das iniciativas de seu antecessor, o ex-presidente George W. Bush (2001-2009), Obama colocou o prazo de um ano para o fechamento de Guantánamo, baniu a tortura de suspeitos de terrorismo detidos na ilha cubana e ordenou também o fechamento das prisões secretas da CIA (inteligência americana) em outros países.

A prisão na base de Guantánamo, em Cuba --onde prisioneiros estão há anos detidos sem acusações, alguns sendo submetidos a métodos de tortura-- colaborou para danificar a imagem dos EUA no exterior.

"O mundo precisa entender que a América será inflexível na defesa de sua segurança e na busca daqueles que realizam atos terroristas ou ameaçam os Estados Unidos", disse o presidente, após assinar uma série de ordens executivas.

No entanto, ele afirmou que sua administração quer mandar "um sinal inconfundível de que nossas ações em defesa da liberdade serão tão justas quanto nossa causa".

Oriente Médio

Enquanto trabalha a portas fechadas com seus assessores sobre a crise econômica, Obama usou as primeiras aparições públicas para apresentar sua política externa e de segurança nacional. Nesta quinta-feira, Obama também tomou medidas para garantir maior transparência e responsabilidade por parte do Executivo.

"Não podemos mais ficar à deriva e não podemos mais permitir atrasos", disse Obama ao entrar na questão da diplomacia em visita ao Departamento de Estado, onde anunciou os enviados às zonas de conflito.

O ex-senador George Mitchell, diplomata experiente, foi nomeado para retomar as estagnadas conversas de paz entre israelenses e palestinos. Um dos alvos das críticas a Bush foi a pouca atenção que ele deu à questão em seus dois mandatos.

Obama firmou que os EUA irão "ativa e agressivamente buscar uma paz duradoura entre Israel e os palestinos, assim como entre Israel e seus vizinhos árabes", além de trabalhar por um longo cessar-fogo na faixa de Gaza.

O presidente apoiou Israel em seu "direito de se defender" de ataques de foguetes realizados pelo grupo islâmico Hamas a partir de Gaza, mas também disse que é "intolerável" para os palestinos enfrentarem um "futuro sem esperança".

"Nós entendemos que Israel tem o direito de se defender pois nesses últimos anos o Hamas lançou diversos foguetes na região, declarou. Porém, os Estados Unidos estão comprometidos com a criação de dois Estados onde palestinos e israelenses poderão conviver juntos", completou.

Afeganistão

O ex-embaixador na ONU Richard Holbrooke foi nomeado como primeiro enviado dos EUA ao Afeganistão e Paquistão, região que ele classificou como "fronte central" na batalha contra o terrorismo.

O presidente também ordenou uma revisão integral da estratégia americana no Afeganistão. Ele quer que mais militares sejam enviados ao país. Acredita-se que o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden esteja na escondido na montanhosa fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.

Os anúncios surgem em meio ao esforço de Obama de solucionar os desafios na política externa deixados por Bush, enfatizados durante sua campanha presidencial.

A decisão do presidente de visitar o Departamento de Estado antes do Pentágono pode sinalizar a importância que a sua administração irá colocar na diplomacia em detrimento da força militar, na busca de solução de conflitos.

Obama não fez menções ao Irã, mas aparentemente se referia ao país persa quando disse: "indo adiante, devemos deixar claro a todos os países na região (do Oriente Médio) que o apoio externo a organizações terroristas deve acabar".

Ele afirma que irá se engajar em diplomacia direta com Teerã, em contraste com a abordagem de Bush, que tentou isolar o país.

Guantánamo

As ordens de Obama sobre Guantánamo, prisão criada por Bush após o 11 de Setembro, mostram sua determinação em reverter algumas das políticas de seu antecessor que despertaram a revolta dos defensores dos direitos humanos.

União Europeia, Nações Unidas e grupos de direitos humanos elogiaram as iniciativas. Porém, republicanos disseram que elas deixam muitas questões sem resposta, como por exemplo o destino dos prisioneiros considerados perigosos.

Outro decreto presidencial requer que a CIA feche as prisões secretas no exterior, que causaram controvérsia na Europa, e a proíbe de criar instalações semelhantes no futuro.

No fronte doméstico, Obama realizou seu segundo encontro diário com os principais assessores econômicos em busca de uma solução para a aguda crise econômica.

O nomeado pelo presidente para o Departamento do Tesouro, foi confirmado nesta quinta-feira pela Comissão de Finanças do Senado, e agora precisa da confirmação do plenário.

Fonte: Folha OnLine

 

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