Minaretes põem à prova tolerância religiosa europeia
`Nova arquitetura` causa polêmica; grupos de extrema-direita querem proibir construção de minaretes por comunidades muçulmanas e sugerem uma votação popular sobre o assunto.

Mesquita na cidade alemã de Merkez (AP)
Tradicionalmente, uma cidade nos Alpes suíços conta com seus chalés, vacas, uma prefeitura construída ainda nos tempos medievais e, claro, a torre de uma igreja. Mas o pacato país enfrenta um verdadeiro terremoto religioso, em um fenômeno que reflete o choque de identidades na Europa. Grupos de extrema-direita querem proibir a construção de minaretes por comunidades muçulmanas e sugerem uma votação popular sobre o assunto. A votação seria um teste sobre a capacidade da Europa cristã em aceitar a existência de imigrantes de outros credos.
Assim como no restante do continente, a população de imigrantes muçulmanos vem aumentando na Suíça e os fiéis iniciam a construção de mesquitas com seus tradicionais minaretes. A Organização da Conferência Islâmica aponta a proibição aos minaretes como um exemplo da crescente hostilidade contra o Islã no mundo ocidental.
Na Alemanha, onde existem mais de 3 milhões de muçulmanos, a mesquita de Merkez gerou debates durante seis anos por causa do tamanho da construção e dos subsídios de 3,2 milhões dados pelo governo para a obra.
Em várias países, como França e Espanha, terrenos estão sendo comprados com a ajuda de governos do Oriente Médio para a construção de mesquitas. Em Córdoba, o Vaticano foi obrigado a intervir diante de um pedido da Junta Islâmica para que muçulmanos pudessem utilizar a Mesquita de Córdoba para seus cultos. O local é hoje uma igreja católica.
Na Suíça, a questão virou problema político pois os partidos de extrema direita recolheram assinaturas e insistem em convocar um plebiscito para este ano. O Parlamento ainda não votou se acata o pedido. A população islâmica na país representa hoje 5% dos moradores do país. Há 30 anos, os muçulmanos representavam apenas 0,2%.
Segundo o ex-deputado federal Ulrich Schlüler, considerado o pai da iniciativa, "a construção de minaretes ameaça a ordem em nosso país". Mas ele insiste que a proposta respeita a liberdade religiosa e que os muçulmanos poderão continuar a rezar, contanto que seja em mesquitas sem minaretes.
Em entrevista ao Estado, o presidente das Organizações Islâmicas na Suíça, Hisham Maizar, alerta que esse discurso é muito parecido ao que se dizia nas Cruzadas. "Abrir uma mesquita ou construir um minarete não é um ataque à sociedade cristã. Não há por que temer", afirmou Maizar.
Ele destaca o resultado de pesquisas que mostram o aumento do sentimento anti-islâmico na Europa. Uma delas, realizada pelo Pew Research Center, concluiu que há uma alta na rejeição dos europeus pelos imigrantes muçulmanos: 52% dos espanhóis, 50% dos alemães e 46% dos poloneses têm uma avaliação negativa sobre a imigração islâmica.
Enquanto nos bastidores o governo tenta acalmar os ânimos, a construção de cada mesquita está se transformando em batalha jurídica. Um dos casos chegou até o Supremo Tribunal suíço, que autorizou a construção do minarete em Wangen após três anos de impasse.
As igrejas católica e protestantes do país publicaram recentemente uma declaração contra a iniciativa popular de tentar impedir a construção de minaretes, alertando que a ação seria uma "violação ao direito de liberdade religiosa".
Alberto Bondolfi, professor de ética na Universidade de Lausanne, afirma que o debate será "inevitavelmente emocional" nos próximos meses. "Os danos provocados pela iniciativa de convocar o plebiscito são grandes à imagem da Suíça e seus autores agiram de maneira irresponsável", afirmou. "O cristianismo não sofre qualquer dano com a presença de minaretes."
Fonte: Estadão
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