Hamas promete se rearmar após conflito em Gaza

O Exército começou a desocupar suas posições no território palestino. O conflito, que durou três semanas, deixou cerca de 1.300 palestinos e 13 israelenses mortos.

30/09/2015 19h01
Hamas promete se rearmar após conflito em Gaza
A8SE

Num desafio aos esforços israelenses e da comunidade internacional para evitar que o grupo islâmico recupere seu arsenal de foguetes e de outras armas após a guerra de Gaza, o Hamas prometeu nesta segunda-feira, 19, que vai se rearmar. Segundo Abu Ubaida, porta-voz do braço armado do Hamas, em entrevista coletiva, "todas as opções estão abertas" se Israel não retirar suas tropas da Faixa de Gaza em uma semana, exigência feita pelo Hamas quando o grupo anunciou um cessar-fogo no domingo, após três semanas de combates. Insistindo que não cederá a pressões do grupo, o Exército começou a desocupar suas posições no território palestino. O conflito, que durou três semanas, deixou cerca de 1.300 palestinos e 13 israelenses mortos.

"Façam o que quiserem. Fabricar as armas santas é nossa missão e sabemos como adquirir armas", disse Ubaida em entrevista coletiva. Falando a jornalistas com o rosto mascarado por um lenço xadrez, o representante das brigadas Ezzedin Al Qassam afirmou que apenas 48 combatentes estão entre os mais de 1.300 mortos no conflito com Israel. "Anunciamos ao nosso povo o martírio de 48 combatentes de Al Qassam". Israel afirma que mais de 500 militantes foram mortos durante a ofensiva desde 27 de dezembro. Segundo Ubaida, a capacidade de lançamento de foguetes do Hamas não diminuiu apesar de ser o principal objetivo do Exército israelense na região. "Nosso arsenal de foguetes não foi afetado e disparamos durante o conflito sem interrupção".

As forças policiais do Hamas retomaram o controle na Faixa de Gaza, onde as tropas israelenses continuam sua retirada. Dúzias de agentes da polícia do Hamas, que foram alvo das tropas israelenses durante as últimas três semanas, retornaram esta manhã às ruas principais da Cidade de Gaza, onde tentavam organizar o trânsito. Desde que Israel começou um cessar-fogo e as milícias palestinas horas depois o seu de uma semana, cada um por seu lado, as ruas da cidade estão repletas de gente que, após semanas de clausura, pôde sair finalmente para visitar seus familiares, avaliar os danos e começar a retornar à normalidade. Segundo o Ministério da Saúde, os feridos superam os 5.500. Por sua vez, o Ministério da Habitação na região apresentou os primeiros dados de danos, que cifram o número de casas totalmente destruídas em 4 mil e danificadas mais de 20 mil.

Além da polícia, os ministérios e instituições públicas começaram também a voltar ao trabalho. "Apesar de o ministro do Interior, Said Siyam, ter sido assassinado durante a guerra, o Ministério continua seu trabalho com base em um plano de segurança que ele aprovou", declarou aos jornalistas Ihab al-Ghusein, porta-voz desse Ministério em Gaza. O Interior trabalhará para manter e proteger a frente interna palestina, porque isso ajudará a apoiar a resistência armada contra as agressões.

O líder máximo do Hamas em Gaza, Ismael Haniyeh, assegurou no domingo em mensagem televisada que considerou o cessar-fogo um "triunfo" que "tem que abrir uma porta para o diálogo e a reconciliação interna". Apesar da trégua, no norte de Gaza foram registrados combates entre os poucos milicianos que ainda não aceitaram o cessar-fogo e as tropas israelenses que continuam no território, segundo cadeias de rádio locais. A maior parte das facções palestinas e seus braços armados aceitaram o cessar-fogo unilateral de Israel com o fim das hostilidades de uma semana, mas alguns grupos, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), rejeitaram deixar de lutar antes que as tropas israelenses abandonem totalmente seu território.

Israel, que já havia declarado seu próprio cessar-fogo unilateral, ameaçou renovar a ação militar se o Hamas tentar contrabandear armas para a Faixa de Gaza. Israel quer que o Egito evite que as armas cheguem a militantes palestinos por meio de túneis na região da fronteira com a Faixa de Gaza. Na sexta-feira, Israel assinou um acordo de segurança com os Estados Unidos que pede um aumento no compartilhamento das informações, assistência técnica e uso de vários "ativos" norte-americanos para evitar que armas cheguem ao Hamas por terra, mar ou ar.

Ajuda humanitária

Israel autorizou nesta segunda-feira a entrada de cerca de 200 caminhões carregados com ajuda humanitária em Gaza e de um carregamento de 400 mil litros de combustível, segundo afirmo à AFP o comandante e porta-voz do Exército Peter Lerner. "Um comboio de 120 caminhões deve chegar levar ajuda ao terminal de Kerem Shalom e outro com entre 60 e 70 caminhões no cruzamento fronteiriço de Karni. Segundo ele, 40 toneladas de alimentos e medicamentos entraram no território palestino desde o começo da ofensiva.

Fonte: Estadão

 

 

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