Chanceler brasileiro se reúne com primeiro-ministro palestino
Celso Amorim ressalta importância de cessar-fogo em Gaza; Lula defende inclusão de Hamas em processo de paz
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, defendeu nesta segunda-feira, 12, a "urgência" de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e manifestou a solidariedade do Brasil com o povo palestino. Ele se reuniu com o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, em Ramallah, segundo afirmou a agência AFP. Segundo o diplomata, a tarefa mais urgente neste momento é alcançar o cessar-fogo entre Israel e os militantes islâmicos do Hamas.
O ministro das Relações Exteriores afirmou no domingo para a chanceler israelense, Tzipi Livni, que há diferenças na visão do Brasil e de Israel sobre a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, bastante criticada pelo governo brasileiro. "Nós condenamos o terrorismo, mas não podemos ficar indiferentes com a morte de civis palestinos", afirmou Amorim. O ministro disse ter mencionado ainda para Livni casos de brasileiros que estão na Faixa de Gaza e querem sair.O encontro em Jerusalém ocorreu horas depois de Amorim se reunir com o presidente sírio, Bashar Assad, e seu chanceler, Walid Muallem, em Damasco. O objetivo do governo brasileiro é servir de mediador no conflito e ajudar na obtenção de um cessar-fogo.
A visita de Amorim não ganhou destaque na imprensa israelense. Apenas repórteres brasileiros e uma jornalista espanhola esperavam por ele no hotel King David, o mais elegante de Jerusalém, e no Ministério das Relações Exteriores, onde ocorreu a reunião. Apesar de em Israel o Brasil não ter tanta importância no campo diplomático, no mundo árabe, em especial na Síria e no Líbano, as posições brasileiras são muito respeitadas.
Nesta segunda, Amorim pediu pela aplicação da resolução aprovada na quinta-feira pela ONU, pedindo pela trégua e a abertura das fronteiras de Gaza para a entrada de ajuda humanitária.
Presidente Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda a promoção de uma reunião em que todos os lados envolvidos nos conflitos no Oriente Médio, inclusive o Hamas, negociem a paz. Para o presidente, é preciso incluir nas negociações todas as pessoas que tenham ligação com os conflitos. "Nós precisamos detectar quem quer os conflitos e colocar essas pessoas numa mesa de negociação junto com as forças políticas que têm influência tanto na Autoridade Palestina, sobretudo no Hamas, e no povo de Israel para que a gente possa começar uma conversação e encontrar uma fórmula para que eles possam viver em paz e cada um desenvolver o seu país", disse Lula em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente.
Lula lembrou que enviou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a um giro no Oriente Médio para demonstrar que o Brasil está "interessado em participar ativamente" de um eventual processo de paz, Apesar de já ter criticado a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente argumentou que a instituição precisa exercer um papel de destaque. "A decisão do Conselho de Segurança de definir a necessidade de um acordo de paz é importante que seja respeitada tanto pelo lado palestino quanto pelo lado de Israel", disse.
O presidente acrescentou que gostaria que árabes e judeus vivessem em paz no Oriente Médio assim como convivem no Brasil. "Precisamos deixar claro o nosso reconhecimento pela existência do Estado de Israel e a nossa disposição de ajudar a construir o Estado palestino", destacou. "O povo palestino merece essa chance."
Fonte: Efe
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