Uma mulher de 34 anos, mãe de cinco filhos foi internada em estado grave em Mendoza, na Argentina por conta de um aborto incompleto, na última quinta-feira (2).
As autoridades ainda não confirmaram que se trata de um procedimento clandestino, mas os médicos que a atenderam disseram que os sintomas são os característicos desse tipo de prática.
Quando a mulher, que não teve sua identidade revelada, chegou a hospital, ela já tinha três dias de febre e hemorragia.
Ela contou aos médicos que não sabia se estava grávida pois fazia controle de natalidade. Ela vive na cidade de Las Heras, uma das mais pobres da região.
A infecção da paciente era tão grave que ela precisou retirar o útero, os ovários e as trompas.
Durante a cirurgia ela ainda sofreu uma parada cardíaca. Agora ela está em coma induzido e seu estado é considerado "gravíssimo", segundo os médicos.
O caso acontece em uma semana decisiva para a discussão. Nesta quarta-feira (8) o projeto de lei que descriminaliza o aborto para qualquer situação até 14 semanas de gestação será votado no Senado. O mesmo projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados em 13 de junho.
Os abortos clandestinos são a principal causa de morte materna há pelo menos 30 anos na Argentina.
Aprovação é difícil
As análises feitas pela imprensa argentina mostram que a aprovação da lei é cada vez mais difícil. Vários políticos de peso como a ex-presidente Cristina Kirchner e alguns de seus aliados políticos já anunciaram que vão votar contra a aprovação do projeto.
Mesmo assim, as mulheres que se vestiram de verde e fizeram o país todo o tema, sentem que são vitoriosas nesse processo histórico.
É o que garante a jornalista argentina Belén Spinetta. "O consenso [sobre a legalização do aborto] é muito grande e não há como voltar atrás. Se a lei não for aprovada, a principal responsabilidade será o governo federal, que virará as costas a uma queixa maciça. Você tem que pensar em tudo que se acumulou nesse processo e não entrar em provocações. Continue lutando, sem abaixar os braços", afirma.
Spinetta conta que a mobilização para a votação será maciça. "Se em 13 de junho éramos um milhão, agora temos que ser dois milhões", diz.
Os militantes em favor do aborto estão planejando outra vigília para acompanhar a votação no Senado. Houve outra quando o projeto foi debatido na Câmara.
Além disso, as mulheres que ficaram conhecidas por seus paninhos verdes estão agindo em outras frentes, como palestras em universidades e escolas e presença constante nas ruas.
Uma das maiores armas para os apoiadores do projeto são as redes sociais, mas Spinetta também alerta que elas podem ser fonte de "campanhas de desinformação e medo" sobre o tema.
Repercussão internacional
Caso a votação contrarie os prognósticos e a descriminalização do aborto seja aprovada, a Argentina vai se unir ao seleto grupo de Cuba e Uruguai, como países latino-americanos onde o procedimento é permitido.
A votação na Argentina está chamando a atenção no mundo todo. Para pressionar, a Anistia Internacional patrocinou uma contra capa da edição internacional do The New York Times.
Na capa, toda verde como os paninhos das manifestantes, está o desenho de um cabide, item usado em abortos clandestinos em todo o mundo.
"Queremos enviar uma mensagem para os senadores da Argentina. O mundo está observando para ver se eles vão votar a favor das mulheres e para acabar com o grave sofrimento causado pela criminalização do aborto", disse Erika Guevara-Rosas, diretor da Anistia Internacional para as Américas ao jornal Clarín.
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