Após gafe, Berlusconi é acusado de minimizar o estupro

Questionado sobre medidas para conter violência sexual na cidade de Sardinia, Berlusconi disse que estupros vão continuar a acontecer enquanto não houver "tantos soldados quanto meninas bonitas na cidade".

30/09/2015 19h02
Após gafe, Berlusconi é acusado de minimizar o estupro
A8SE

Conhecido por suas gafes, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, foi criticado novamente por um comentário que minimizou a gravidade do estupro. Questionado sobre a possibilidade de enviar tropas para conter a onda de violência sexual na cidade de Sardinia, Berlusconi afirmou que os estupros vão continuar a acontecer enquanto não houver "tantos soldados quanto meninas bonitas na cidade".

O anúncio de aumentar consideravelmente o número de soldados nas ruas foi feito por Berlusconi no domingo, que prometeu mobilizar o Exército para combater os crimes nas cidades, após o surto de estupros em Roma. "Não poderíamos recrutar uma força grande o suficiente para evitar este risco. Teríamos de ter tantos soldados quanto meninas bonitas. Não acho que conseguiríamos", disse a repórteres. O premiê foi, novamente, alvo de duras críticas da oposição, que condenou que sua afirmação em Sardinia "ignora a seriedade da violência sexual".

Mais tarde, Berlusconi afirmou que seu comentário foi um "elogio". "As mulheres devem ser defendidas", disse. "A violência sexual é um trauma que permanece para a vida toda". No ano passado, o premiê foi criticado por dizer ao presidente russo, Dmitri Medvedev, que o atual presidente americano, Barack Obama, era jovem, bonito e bronzeado.

Os críticos disseram que o bilionário de 72 anos (cuja mania de flertar com as mulheres em público lhe rendeu reprimendas públicas da esposa) está sendo insolente em relação a uma questão muito séria. "Berlusconi tem de parar de dizer coisas ofensivas sobre as mulheres", disse a ministra da Igualdade Vittoria Franco. "Basicamente, o que ele está dizendo é que as mulheres que saem de casa correm o risco de ser estupradas ou atacadas porque não é possível deixar o país seguro", afirmou. Alessandra Mussolini, política de direita que faz campanha contra as decisões judiciais injustas para as vítimas de estupro, disse: "O fato é que precisamos de muitos soldados porque há muitos homens agindo de forma feia".

Policiamento

O ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, afirmou que a proposta defendida por Berlusconi, de colocar 30 mil militares para cuidar da segurança junto com os policiais é apenas uma "hipótese", pois "não é fácil" encontrar tantos soldados disponíveis. La Russa disse acreditar que "os militares, trabalhando com as forças policiais, seguramente serviriam para combater a criminalidade", mas, "no momento, as Forças Armadas italianas não dispõem de um número tão alto de militares".

"Não é que os militares não façam nada: mais de oito mil deles estão trabalhando em ações no exterior, outra parte está em várias operações, como as chamadas `Ruas Seguras` e `Cidades Limpas`, e outros estão combatendo o crime organizado", explicou o ministro em um programa de TV local. "Eu disse que estudaríamos a proposta feita pelo premiê e poderíamos até associar os militares a outros órgãos do Estado, junto à polícia municipal ou provincial", sugeriu La Russa, ressaltando que desse modo pode-se pensar em uma "segurança sempre presente".

Segundo La Russa, atualmente há três mil militares empenhados na segurança das cidades metropolitanas, dos quais dois mil fazem a vigilância de objetos sensíveis e mil trabalham em patrulhas mistas com as forças de ordem.

Fonte: Estadão

 

 

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