Procuradora critica Mendes por soltar Valério
Para Luiza, quando recurso cai nas mãos do presidente do STF,já se sabe que ele vai conceder
"Quando um habeas corpus cai nas mãos de Gilmar Mendes já se sabe que ele vai conceder, é só ficar esperando quando vai ser concedido", declarou ontem a procuradora regional da República em São Paulo, Luiza Cristina Fonseca Frischeisen. Ela reagiu à ordem do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou libertar o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, preso em outubro pela Polícia Federal, durante a Operação Avalanche, investigação sobre suposto esquema de fraudes fiscais, extorsão e espionagem.
Luiza disse que a decisão de Mendes não a surpreende. "Surpreenderia muito se ele tivesse mantido a prisão de Valério, dentro do que conhecemos o ministro em decisões anteriores, em outros plantões em que ele concedeu liminares."
Valério saiu da prisão às 18 horas de ontem. Seu advogado, Marcelo Leonardo, apanhou-o na Penitenciária II de Tremembé (SP). "Continuo confiando na Justiça", disse o publicitário a seu advogado.
Estava preso havia 95 dias. Na quarta-feira, Mendes acolheu habeas corpus da defesa e assinalou que a ordem de prisão foi despachada mediante "uso de argumentos fortemente especulativos". Para Luiza Cristina, o episódio se assemelha ao de Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, quando Mendes por duas vezes mandou soltar o banqueiro do Opportunity. "É a mesma coisa. É importante ver quando o ministro acha que prisão preventiva deve ser mantida. Não sei qual é o caso, aí é um mistério."
O Tribunal Regional Federal (TRF) havia rejeitado habeas corpus para Valério, acolhendo parecer da Procuradoria da República. O Superior Tribunal de Justiça também havia negado liberdade para o réu. Luiza Cristina teme que, em liberdade, Valério poderá prejudicar o processo. "A prisão estava sendo mantida em razão da ordem pública e da conveniência da instrução penal. A soltura dele pode atrapalhar. Não é mais investigação, mas etapa importante da ação. A manifestação do procurador Roberto Diana e a ordem de prisão trazem imputações objetivas e diferenciadas a cada um dos investigados."
Luiza destacou que o habeas corpus de Valério havia sido distribuído no STF para a ministra Carmen Lúcia. "A ministra é preventa, cabe a ela decidir. Mas esperaram que o STF entrasse no recesso."
Fonte: Estadão
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