Para chanceler italiano, Tarso apoia "ideias de guerrilha"

30/09/2015 19h02
Para chanceler italiano, Tarso apoia "ideias de guerrilha"
A8SE

O chanceler italiano, Franco Frattini, acusou nesta terça-feira o ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, de "apoiar ideias de guerrilha" e de ter confundido os anos 70 do Brasil com a situação vivenciada na Itália no mesmo período.

O caso de Cesare Battisti, no Brasil, foi analisado "por um ministro da Justiça que tem uma visão ideológica e política muito evidente, de aberto apoio às ideias de guerrilha", disse Frattini em declarações a uma emissora de rádio local.

Tarso fez "uma enorme confusão entre a situação ditatorial que infelizmente seu país enfrentou nos anos 70 com o que aconteceu na Itália, que vivia uma democracia", afirmou o ministro ao comentar a decisão do colega brasileiro de conceder status de refugiado político a Battisti, que é condenado na Itália à prisão perpétua.

A posição do Brasil "é errada juridicamente e inaceitável politicamente" e "preocupa muito o preceito de que se possa colocar em discussão a democracia de um país-membro da União Europeia", declarou Frattini, voltando a afirmar que seu país "fará tudo o que for possível para que ele [Battisti] seja extraditado e cumpra sua pena".

Frattini condenou mais uma vez as declarações feitas por Tarso, que na última semana afirmou que a Itália ainda vive sobre os "anos de chumbo", enquanto o Brasil passa por um processo de "pacificação política".

A Itália "soube fazer justiça dentro da legalidade, sem violar os direitos humanos, em um sistema judiciário absolutamente democrático fez jus a muitos crimes", mas "ainda hoje há quem não pense nas razões das vítimas, ao contrário, pensa nas dos assassinos", disse.

Os anos de chumbo não podem acabar em "uma anistia generalizada", uma anistia deveria ser de fato "a conclusão de um percurso com uma forte autocrítica e um arrependimento sincero e não um arrependimento para reduzir as penas", reiterou Frattini.

Sobre as recentes declarações de Battisti, em entrevista à imprensa brasileira, Frattini afirmou apenas que "são palavras de menosprezo a dor das vítimas" e "não ouviremos palavras de verdadeiro arrependimento".

Condenado na Itália por quatro homicídios cometidos na década de 1970, Battisti obteve do Brasil o status de refugiado político, o que desatou um conflito diplomático com a Itália. Na ocasião, Tarso argumentou que sua decisão se baseou no "fundado temor de perseguição" existente contra o ex-ativista do grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) em sua terra natal.

O ex-militante aguarda agora a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que poderá ratificar o status de refugiado político ou ordenar sua extradição, como exige a Itália.

Fonte: Ansa

 

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