Pandemia: sintomas da arritmia e ansiedade podem ser confundidos

Por R7.com 18/09/2021 10h26
Pandemia: sintomas da arritmia e ansiedade podem ser confundidos
Foto: R7.com

Palpitações, dificuldade de respirar, sudorese e tontura são sintomas comuns à ansiedade e arritmia. Com o aumento de ansiedade na pandemia - 86,5% das pessoas relataram o problema, segundo o Ministério da Saúde -, muitas vezes a arritimia passa despercebida. Se não diagnosticada e tratada, pode comprometer a saúde do coração e até colocar a vida em risco, segundo o cardiologista Eduardo Saad, especialista em arritmias cardíacas e coordenador do setor de arritmias do Hospital Pró Cardíaco e Samaritano (Botafogo), no Rio de Janeiro.

"Usualmente, a arritmia tem uma característica que diferencia da ansiedade: quando o coração dispara, tem taquicardia. Esse disparo é muito súbito e, quando volta ao normal, também volta de forma muito súbita. Já na ansiedade esse aumento e retorno à normalidade é mais gradual. Mas é difícil para a pessoa notar esses detalhes", afirma.

"Existe uma confusão entre arritmia e ansiedade. Muitas pessoas que têm ansiedade ou que são dados diagnósticos de uma síndrome de ansiedade, têm arritmia intermitente e, quando fazem exames, não aparece nada porque o problema é intermitente e, então, permanece o diagnóstico de ansiedade. Isso é um alerta. Se o exame e a interpretação são feitos fora da hora da ocorrência do problema, podem ser errôneos", acrescenta.

Palpitações que ocorrem de madrugada, chegando a despertar do sono, se enquadram em ambos os problemas, segundo o médico. Ele explica que existem algumas arritmias, como a fibrilação atrial, que se manifestam desta maneira, assim como crises de pânico. "O fato de acontecer de madrugada não ajuda a diferenciar uma condição da outra", ressalta.

Para distinguir um problema do outro e chegar a um diagnóstico, Saad diz que, além de perguntas específicas sobre se o desenvolvimento dos sintomas é súbito ou gradual, é preciso realizar um eletrocardiograma.

"Hoje é muito mais fácil fazer isso com pequenos dispositivos que a pessoa pode carregar com ela, como smart watches, e algumas tiras que fazem eletrocardiograma que a pessoa veste. Assim, durante a crise de palpitação, dá para gravar um eletrocardiograma, sendo possível ter certeza absoluta se aquele ritmo é simplesmente uma aceleração pela adrenalina da ansiedade ou se pode ser um distúrbio do ritmo, uma arritmia primária do coração", afirma.

A arritmia consiste na instabilidade da transmissão de impulsos elétricos responsáveis pelas batidas cardíacas. Pode ser congênita ou adquirida, sendo essa a mais comum, de acordo com Saad. "As congênitas geralmente são as taquicardias chamadas de supraventriculares. Já entre as arritmias que se desenvolvem ao longo da vida, que são mais comuns ao envelhecer, está a fibrilação atrial, que ocorre cada vez com mais frequência quanto maior a idade", diz. 

O cardiologista explica que algumas arritmias são benignas, pois não apresentam risco de morte súbita. "Elas têm sintomas, podem dar palpitações, escurecimento da vista, desmaio, muito mal-estar, mas não matam, então são chamadas de benignas", esclarece.

Já outras, como as ventriculares, que ocorrem nos ventrículos, considerados "a parte nobre do coração", são consideradas de risco de morte súbida, segundo ele. Esse tipo de arritmia costuma aparecer após um enfarto do miocárdio ou em pacientes que têm insuficiência cardíaca. "Podem causar um mau súbito".

Entre os tratamentos, há a chamada ablação por cateter. Segundo o médico, trata-se de um procedimento minimamente invasivo que posiciona um cateter na região afetada do coração e, por meio da tecnologia de radiofrequência, cauteriza partes específicas do tecido cardíaco, eliminando a arritmia.

"O procedimento é rápido e em apenas um dia o paciente deixa o hospital”, explica Saad. “A ablação promove a melhor qualidade de vida do paciente, além de reduzir o risco do surgimento de condições graves, entre elas o AVC [acidente vascular cerebral] e insuficiência cardíaca, que podem ser fatais”, completa.

Tabagismo, sedentarismo, diabetes, sobrepeso e hereditariedade são fatores de risco para a doença. Portanto, manter um estilo de vida saudável, com dieta balanceada e prática de atividades físicas pode ajudar na prevenção do problema, finaliza o médico.

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