Ocupações do MST lembram 13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA)

Exigem a realização da reforma agrária e o fim da impunidade para os crimes do latifúndio

30/09/2015 19h08
Ocupações do MST lembram 13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA)
A8SE

Andreina Araújo, com o filho no colo, chora a morte do marido em Eldorado de Carajás, à beira de sepultura no cemitério de Curionópolis (PA); massacre há 13 anos resultou na morte de 19 sem-terra (Folha Online)

Para lembrar os 13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), que resultou na morte de 19 sem-terra, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) mobilizou camponeses em 11 Estados e no Distrito Federal, desde o início do mês, para exigir a realização da reforma agrária e o fim da impunidade para os crimes do latifúndio.

Foram realizadas ocupações de terras, marchas e atos no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso, Pará, Distrito Federal, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Roraima, Goiás e Alagoas.

Em 17 de abril de 1996, 155 policiais militares, numa operação para desobstruir a rodovia PA-150, mataram 19 lavradores ligados ao MST e deixaram outros 69 feridos.

O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira.

A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia PA-150, que liga Belém ao sul do Estado.

Únicos condenados, os comandantes da operação, coronel Mário Colares Pantoja e major José Maria de Oliveira, aguardam em liberdade a análise de recursos.

Em 1997, dada a repercussão do caso, o então governo federal desapropriou área de 19 mil hectares e assentou 687 famílias.

Protestos

No Rio Grande do Sul, 200 famílias ocuparam a fazenda São João D`Armada, no município de Canguçu. Em São Luiz Gonzaga, 300 trabalhadores rurais iniciaram uma marcha rumo ao latifúndio, partindo de um acampamento na BR-285.

Em Pernambuco, a fazenda Cristina, localizada no município de Vitória de Santo Antão, região metropolitana do Recife, foi ocupada por cerca de 100 famílias. Na terça-feira, outras 100 famílias ocuparam a fazenda Pernambuco, no município de Inajá, sertão do Estado. E na segunda-feira, famílias ocuparam o Engenho General, em São Lourenço da Mata.

Ontem, integrantes do MST invadiram a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife. Cerca de 200 sem-terra reivindicam o assentamento de famílias no acampamento São Bernardo, no Engenho Planalto, localizado no município de Paudalho.

Em Mato Grosso, cerca de 300 trabalhadores rurais iniciaram uma marcha pela reforma agrária, emprego e defesa do meio ambiente. Eles saíram de Jangada e irão caminhar 100 quilômetros até o Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, onde chegam no domingo.

Hoje, em Cuiabá, será lançada a campanha "Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar", puxada pelas Assembleias Populares.

No Pará, o protesto teve início com o acampamento da juventude em Eldorado dos Carajás, palco do massacre lembrado em abril. Mais de 500 jovens de todas as regiões do Estado debateram o papel da juventude na sociedade e participam de oficinas, audiência no Incra e um ato em memória dos sem-terra assassinados.

Em Belém, trabalhadores se concentram na praça da Leitura, onde está localizada a "Coluna da Infâmia", um monumento construído em homenagem às vítimas do massacre.

No Distrito Federal, 300 famílias ocuparam a fazenda Engenho, em Planaltina (DF). Na terça-feira, 200 pessoas bloquearam o trecho da rodovia BR-020, também na região de Planaltina.

Na Bahia, 400 famílias ocuparam a fazenda Culturosa, no município de Camamu (região Sul do Estado), para denunciar os malefícios do monocultivo em larga escala da seringa na região.

Além disso, 2.000 agricultores ocuparam na segunda-feira a sede da Seagri (Secretaria de Agricultura), em Salvador. Hoje, haverá uma homenagem da Assembleia Legislativa do Estado aos 25 anos do MST.

Em Roraima, 70 famílias do MST ocuparam no dia 10 a fazenda Autarraia, no município de Bonfim, para reivindicar a criação de um projeto de assentamento na área e mais agilidade do Incra no processo de criação de outros assentamentos no Estado.

Em Minas Gerais, cerca de 900 famílias ocuparam no último dia 9 10% de um terreno de mais de 40 hectares, supostamente pertencente à construtora Modelo. Os manifestantes apontam que o terreno, localizado no bairro Céu Azul, está abandonado há muitos anos e possui dívida de mais de R$ 18 milhões, por não pagamento do IPTU.

Em São Paulo, cerca de 120 famílias ocuparam no dia 6 a fazenda Nossa Senhora Aparecida, na região de Agudos. Ontem, 150 famílias ocuparam a fazenda Ibiti, no município de Itararé.

No Rio de Janeiro, integrantes do MST invadiram ontem a sede do Incra. Cerca de 200 trabalhadores rurais vindos de diversos acampamentos e assentamentos do interior do Estado participam do protesto contra o corte de 30% do orçamento do governo federal para as políticas de reforma agrária.

Fonte: Folha OnLine

 

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