Centenas de destroços do Airbus chegam ao Recife

Entre o material resgatado está o que especialistas em aviação afirmam ser parte do estabilizador da aeronave

30/09/2015 19h32
Centenas de destroços do Airbus chegam ao Recife
A8SE

Um dos pedaços do Airbus encontrado no Atlântico (Estadão)

Centenas de destroços do Airbus, que caiu no Oceano Atlântico quando ia do Rio de Janeiro para a França, no último dia 31 de maio, chegaram, na manhã deste domingo, 14, ao Porto do Recife a bordo da Fragata Constituição. Entre o material resgatado está o que especialistas em aviação afirmam ser parte do estabilizador da aeronave. A peça, com 14 metros de comprimento e 4,5 metros de largura, foi encontrada no último dia 3 de junho, durante a operação de buscas numa área a cerca de 69,5 quilômetros, a noroeste, do ponto onde foram emitidos os últimos sinais de pane. A região, localizada a aproximadamente 800 quilômetros, do arquipélago de Fernando de Noronha, vem sendo apontada pelo comando militar como o "provável" ponto da queda do voo AF 4477. Um representante do BEA (órgão francês que comanda as investigações), dois funcionários da Air France e o embaixador francês, Pierre-Jean Vandoorne, acompanharam o desembarque. Assim como todas as peças recolhidas pela Marinha brasileira, as bagagens das vítimas do acidente - que foram acomodadas em nove grandes sacos de lona - foram depositadas em um galpão na área de estocagem do porto e estão agora sob a responsabilidade do BEA. Inicialmente, as bagagens seriam entregues à Air France, mas depois de negociação envolvendo o governo francês e a companhia aérea, na semana passada, houve um acordo para que tudo fosse repassado ao BEA diante da possibilidade do material auxiliar na investigação. A Fragata Constituição atracou às 10h, com o auxílio de dois rebocadores. O desembarque do destroço maio levou mais de 40 minutos e precisou do auxílio de um guincho, uma carreta e mais de 40 homens, entre militares e portuários. Somente depois de três tentativas, o imenso pedaço metálico, foi acomodado na carreta. Durante todo o processo, o representante do BEA, que não falou com a imprensa e não permitiu a divulgação de sua identidade, fotografou, mediu e fez anotações sobre a peça. Entre as centenas de destroços, pelo menos outros 12 são considerados de tamanho "médio" pelos militares, variando entre dois e sete metros. Em entrevista coletiva, o comandante da embarcação, o capitão de fragata Marcos Borges Sertã, disse estar orgulhoso do trabalho e da dedicação da tripulação. "Quando fomos convocados para esta missão, estávamos em Salvador, a caminho do Rio de Janeiro, abastecendo o navio, depois de uma operação que durou dois meses. Foram treze dias de muitas dificuldades, expectativas e apreensão. Todos se dedicaram ao máximo às buscas, primeiro por sobreviventes, depois dos corpos e destroços, que certamente auxiliarão nas investigações das causas deste terrível acidente", sentenciou. Na tentativa de traduzir as dificuldades enfrentadas durante o trabalho de buscas, o capitão de fragata falou sobre a operação que culminou com o resgate da maior peça até agora encontrada (que vem sendo apontada pelos especialistas como sendo o estabilizador). "Ao todo, 70 homens, entre eles vários mergulhadores trabalham sem parar durante mais de seis horas para prender, arrastar, içar e depositar esta peça na popa do navio. No final da operação estavam todos exaustos, muitos com as mãos e braços machucados", destacou. Questionado sobre o equilíbrio emocional da tripulação, o comandante afirmou que "foram muitos os momentos de tensão e tristeza". "Somos humanos. Diante de um acidente tão grave, com tantas vítimas, é evidente todos ficam emocionados e apreensivos. Nos primeiros dias, quando nada era encontrado, foi um dos momentos mais difíceis porque sabíamos que estávamos lutando contra o tempo. Foi um trabalho duro, e sem o apoio da Aeronáutica, não teríamos conseguido", declarou o capitão. Ao ser indagado sobre o resgate dos corpos, o militar optou pelo silêncio. "Não gostaria de responder a esta questão, por respeito às famílias", limitou-se a afirmar. A Fragata Constituição foi a responsável pelo transporte da maior parte das 43 vítimas que já chegaram ao IML, em Recife. A tripulação, formada por aproximadamente 200 pessoas, segue, hoje, para o Rio de Janeiro. A Constituição foi substituída pela Corveta Jasseguai na operação de buscas, que devem seguir, pelo menos até o próximo dia 25.

Fonte: Estadão

 

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