Após eleição, senadores disputam cargos na Mesa Diretora

A cúpula do PMDB argumenta que os petistas feriram a regra da proporcionalidade na partilha dos cargos quando resolveu disputar a presidência que cabia ao PMDB, na condição de maior partido na Casa.

30/09/2015 19h02
Após eleição, senadores disputam cargos na Mesa Diretora
A8SE

O PMDB levou as presidências da Câmara e do Congresso, mas a briga por espaço de poder na Mesa Diretora e nas Comissões Técnicas do Senado continua. O confronto entre o PMDB do novo presidente do Senado, José Sarney (AP), e o PT do candidato derrotado Tião Viana (AC) produziu sequelas na divisão da estrutura interna de poder.
A cúpula do PMDB argumenta que os petistas feriram a regra da proporcionalidade na partilha dos cargos quando, como quarta bancada do Senado, resolveu disputar a presidência que cabia ao PMDB, na condição de maior partido na Casa.

O resultado é que os postos de direção destinados ao PT e outros partidos que apoiaram Viana, como o PDT, foram negociados com outras legendas. Os peemedebistas afirmam, agora, que na falta de acordo, a solução terá de vir do plenário, pela disputa no voto.

Foi neste cenário que Sarney marcou para as 15h de hoje a sessão plenária em que serão votados os ocupantes dos demais dez cargos da Mesa Diretora - seis titulares e quatro suplências, além das presidências das onze comissões permanentes da Casa.

Nas negociações de apoio para eleger Sarney presidente, a cúpula do PMDB negociou com o PR a vaga que caberia aos cinco senadores do PDT, que apoiaram Viana. E vai dar trabalho a quem insistir em cobrar o cumprimento da regra que leva em conta o tamanho das bancadas, ignorada na briga pelo cargo mais alto da Mesa.

"Eu fiz um acordo que tem que ser honrado", cobrou o líder petebista Gim Argelo (DF) na conversa prévia com líderes do governo e da oposição ontem, para tentar um entendimento.Nos bastidores, os pedetistas recomendam que ele cobre a fatura de quem lhe prometeu "terreno na lua". Dizem que a proporcionalidade lhes garante a quarta secretaria, para a qual indicaram a senadora Patrícia Sabóia (CE).

Não é tão simples assim. Além de maior partido, o PMDB uniu-se ao PP, somando 21 senadores e, desta forma, também superou numericamente o bloco governista. Com a perda de Francisco Dornelles (RJ), único representante do PP no Senado, o bloco do governo ficou com 20 senadores do PT, PR, PRB, PSB e PC do B.

É com esta força, que os peemedebistas pretendem fazer valer os compromissos de campanha. Dornelles deverá presidir a nova comissão permanente da crise, que deve gerar outro embate. Senadores da oposição argumentavam que tirar o debate da crise da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), prometida ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), esvaziará a CAE e, isto, muitos senadores não aceitam.

A confusão com o PTB vai ser grande. Os sarneístas prometeram ao senador Fernando Collor (PTB-AL) o comando da Comissão de Relações Exteriores. Pela proporcionalidade, no entanto, o cargo cabe ao PSDB,
que também quer emplacar o senador Marconi Perillo (GO) na primeira vice-presidência. Foi exatamente o que o grupo Sarney prometeu a Perillo, na expectativa de ter seu voto e o apoio do PSDB. Com o acordo desfeito, a quota de poder do PSDB ainda está em aberto.

Nem os peemedebistas escaparam das armadilhas da campanha. Pelos entendimentos internos, ao ex-líder Valdir Raupp (RO), que perdeu o posto para Renan, foi prometida a presidência da Comissão de Infraestrutura. É exatamente este posto que o PT também reservou para
sua ex-líder Ideli Salvatti (SC), que cedeu o comando da bancada a Aloizio Mercadante (PT-SP). O PT conta como certo que terá o cargo, pelo princípio da proporcionalidade. Os peemedebistas duvidam disso.

Fonte: Estadão

 

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