Ansiedade em efeito dominó: entenda acontecimento em escola brasileira e saiba como evitar

Profissionais alertam os pais a observar os sinais que antecedem a crise de ansiedade

Por Redação do Portal A8SE e R7 13/04/2022 10h42
Ansiedade em efeito dominó: entenda acontecimento em escola brasileira e saiba como evitar

26 alunos da Escola de Referência em Ensino Médio, no Recife, tiveram uma crise de ansiedade em efeito dominó e foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O caso ocorreu na última sexta-feira (8). Especialistas ouvidos pelo R7 explicam que, antes da crise, adolescentes já apresentam sinais de que algo não vai bem.

Os estudantes apresentaram os mesmos sintomas: crise de choro, tremores e falta de ar. De acordo com o Samu, foi uma crise de ansiedade coletiva. "Uma aluna passou mal e houve uma reação em cadeia, os demais estudantes tiveram os mesmos sintomas, mas é preciso dizer que não existe uma reação como essa sem que haja um quadro de estresse ou ansiedade prévio", informou a neuropsicanalista Priscila Gasparini Fernandes.

A ansiedade é caracterizada por um medo subjetivo e preocupação constante. "A ansiedade pode ser explicada como um medo de que algo ruim aconteça. É uma antecipação de um risco potencial e faz com que o corpo tenha reações que o preparam para agir frente à possibilidade de uma ameaça", explica Alcione Marques, mestre em ciências pela Unifesp, pedagoga e psicopedagoga e diretora da Neuroconecte, que atua com educação emocional de educadores e saúde mental na escola.

Efeito dominó

De acordo com os relatos, uma estudante se sentiu mal e o desconforto atingiu os colegas, como uma onda. "Não sabemos ao certo, mas pode ter havido um contágio emocional entre esses jovens — as emoções têm esse efeito: pessoas em um grupo que estão alegres e rindo tendem a levar as outras a rir também e ter seu estado emocional influenciado. O mesmo vale para a tristeza, para o medo e, neste caso, para a ansiedade", destaca Alcione.

A adolescência é uma fase marcada pelas mudanças hormonais, pelos primeiros relacionamentos e definição profissional, como observa a psicopedagoga Patricia Marques. "Além disso, os mais jovens têm de lidar com a cobrança de provas e vestibular, a pressão do grupo e, em alguns casos, com o bullying, que são fatores de estresse", aponta. Vale destacar que os alunos estavam em semana de provas.

Pandemia x Saúde Mental

O isolamento social causado pela pandemia de Covid-19 impactou diretamente a educação, tanto pelos problemas de aprendizado como também pela saúde mental. Alcione acredita que os adolescentes "perderam habilidades sociais e emocionais, o que pode fazer com que tenham maior dificuldade para manejar suas emoções, se relacionar e para lidar com questões sociais que antes poderiam parecer menos desafiadoras".

Como identificar a ansiedade na escola e como lidar

É importante que família e escola observem possíveis mudanças de comportamento dos adolescentes, por exemplo: comia muito e passou a comer pouco, se o sono está normal, se o adolescente está falando muito rápido ou se as pernas estão inquietas, se há dificuldade de concentração. 

"A escola deve avaliar se existe algum fator de estresse a mais no ambiente escolar como um professor ou um grupo que estejam colocando pressão. O trabalho socioemocional envolvendo família e escola é fundamental para que os adolescentes possam falar o que estão sentindo, uma atividade em grupo que dê voz a eles", diz Patrícia.

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