Josef Fritzl pega prisão perpétua por todas as acusações
Júri considera austríaco culpado por incesto, cárcere privado, estupro, escravidão e homicídio por negligência
30/09/2015 19h06
Josef Fritzl (AP)
Por unanimidade, o austríaco Josef Fritzl foi condenado à prisão perpétua por prender e estuprar sua filha Elisabeth no porão durante 24 anos e ter sete filhos com ela. Fritzl foi considerado culpado pelos oito jurados de todos os crimes que era acusado: incesto, cárcere privado, estupro, escravidão e homicídio - este pela morte, por omissão de socorro, de um dos sete bebês que teve com a vítima no cativeiro. O aposentado de 73 anos deverá cumprir a pena uma instituição psiquiátrica de segurança Durante o julgamento, Fritzl admitiu todas as acusações feitas contra ele, ainda que no início das audiências tenha negado responsabilidade pela morte de um dos gêmeos que teve com a filha em 1996. Após assistir ao depoimento da filha, feito por vídeo, ele voltou atrás e admitiu não ter prestado socorro à criança. Também na quarta, o réu admitiu culpa integral nas acusações de estupro e escravidão. Até então, ele tinha dito que era apenas "parcialmente culpado" por violentar e escravizar a filha. O réu não demonstrou nenhuma emoção durante a leitura do veredicto, afirmou que aceitava a sentença e não entrará com recurso. Segundo a BBC, o juiz afirmou então que ele poderia conversar com o advogado, mas ele negou movendo a cabeça e foi retirado da corte, ainda sem demonstrar nenhuma emoção. "Ele mostrou em sua confissão que percebe a dimensão de seus crimes e, assim, este veredicto é uma consequência lógica", afirmou o advogado de Fritzl, Rudolf Mayer. A acusação de homicídio por negligência foi a mais grave contra Fritzl, que prevê prisão perpétua dependendo da gravidade do caso. De acordo com a Justiça austríaca, as demais acusações preveem entre 10 e 20 anos de prisão para escravidão, entre 5 e 15 anos para estupro, entre 1 e 10 por cárcere privado, de 6 meses a 5 anos por coerção e apenas 1 ano para incesto. Antes de sair a sentença, Fritzl se disse arrependido do que fez à família. "Eu lamento do fundo do meu coração o que fiz a minha família. Infelizmente, não posso desfazer o que fiz. Posso apenas tentar limitar o dano da melhor forma que puder". A defesa afirmou que Fritzl surpreendentemente declarou-se culpado das acusações depois de perceber que a filha Elisabeth assistia secretamente o julgamento. O advogado disse que "um encontro de olhares o fez mudar de ideia`. Mayer pediu ao júri que leve em conta os "sentimentos de culpa" que Fritzl sempre teve, e lembrou que o relatório psiquiátrico diagnosticou uma grave alteração de personalidade do acusado. Autoridades da corte afirmaram que Fritzl será inicialmente enviado para um centro de coordenação, onde será determinado o grau de periculosidade do réu e se ele poderá passar por terapia antes de ser encaminhado a um hospital psiquiátrico. Teoricamente ele poderia ser libertado deste hospital caso seja considerado curado e cumpriria o resto de sua sentença em uma prisão normal. Neste caso, ele seria elegível para a libertação em um período de 15 anos. O último dia do julgamento começou de forma tumultuada no tribunal, quando o advogado de defesa distribuiu para imprensa cópias de um e-mail que teria recebido, com ameaças de morte. No início da sessão, a promotora Christiane Burkhaiser fez o seu discurso apelando aos jurados pela pena de prisão perpétua. Ela insistiu ao júri em que, para considerar o réu culpado de assassinato, não seria necessário que este desejasse a morte do bebê, mas simplesmente que isso lhe fosse "indiferente". Além disso, a promotora disse que o neonatólogo que testemunhou a respeito afirmou que "qualquer leigo sabe que o recém-nascido agonizou" até morrer dois dias e meio depois de nascer. O advogado de Fritzl, Rudolf Mayer, acusou a Promotoria de apelar para os sentimentos e não aos fatos, insistindo na sinceridade da confissão de seu cliente. No período de 24 anos em que permaneceu presa no porão, Elisabeth deu à luz sete filhos de Fritzl. Três das crianças cresceram com ela, no porão e outras três foram criadas por Fritzl e sua mulher, na casa dele. Um sétimo filho morreu pouco depois de nascer, após apresentar problemas respiratórios. Este foi o pivô da acusação de assassinato por negligência já que, apesar dos pedidos de Elisabeth, Fritzl se negou a buscar ajuda para a criança.Fonte: Estadão
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