EUA prometem US$ 900 mi aos palestinos e excluem o Hamas

Em Conferência para reconstrução de Gaza, Hillary Clinton afirma que doação não passará pelas mãos do grupo

30/09/2015 19h04
EUA prometem US$ 900 mi aos palestinos e excluem o Hamas
A8SE

Hillary Clinton participa da Conferência Internacional para a Reconstrução de Gaza (AP)

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou durante a Conferência Internacional para a Reconstrução de Gaza, que acontece nesta segunda-feira, 2, no Egito, que a ajuda americana para a Faixa de Gaza "não pode ser dissociada" do processo de paz. Hillary anunciou ainda a doação de US$ 900 milhões dos EUA e pediu ainda medidas urgentes de árabes, israelenses e da comunidade internacional para acabar com o ciclo de violência no Oriente Médio e avançar com uma paz integral na região. Sem a presença do Hamas, grupo palestino que controla a Faixa de Gaza, a Conferência começou nesta segunda-feira com um apelo para conseguir o mais rápido possível um cessar-fogo durável entre Israel e os palestinos. Vários chefes de Estado e de governo, ministros e representantes de mais de 70 países, assim como delegados de dezessete organizações internacionais, participam da reunião. Esta é a primeira vez que a comunidade internacional se reúne a fim de reconstruir uma região castigada por um conflito no Oriente Médio. A ofensiva militar israelense contra Gaza, entre 27 de dezembro e 18 de janeiro, deixou cerca de 1.400 mortos e mais de 5.500 feridos. Hillary foi enfática no sentido de que a verba, a ser aprovada pelo Congresso dos EUA, não pode ir para o Hamas. "Temos trabalhado com a Autoridade Palestina para instalar salvaguardas que irão garantir que nossa verba só seja usada onde e para quem se destina, e não termine em mãos erradas", disse ela. Hillary está ao Egito na primeira investida do governo de Barack Obama para desbloquear o processo de paz árabe-israelense. Após a Conferência, ela irá para Jerusalém e para a Cisjordânia para conversar com autoridades israelenses e palestinas. OS EUA anunciaram uma contribuição total de US$ 900 milhões para os palestinos, porém apenas US$ 300 mi irão diretamente para a Faixa de Gaza - o restante ficará com a Autoridade Palestina. O objetivo da ajuda deve ser fortalecer o presidente palestino Mahmoud Abbas, que controla a Cisjordânia, fazendo-o receber os créditos pela reconstrução de Gaza, onde a ofensiva israelense deixou prejuízos de US$ 2 bilhões. "Nossa resposta à crise de hoje não pode estar dissociada de nossos esforços mais amplos para alcançar uma paz global", afirmou Hillary. "Ao outorgar uma ajuda humanitária a Gaza, também queremos promover as condições nas quais seja possível ver a luz de um Estado palestino". A Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) anunciou na semana passada a intenção de doar US$ 552,6 milhões, também destinados à reconstrução de Gaza e a reformas na Autoridade Palestina. Países árabes do golfo Pérsico pretendem destinar US$ 1,65 bilhão em ajuda a Gaza ao longo de cinco anos. Eles disseram que outros países árabes poderão aderir ao plano. O presidente egípcio, Hosni Mubarak, inaugurou o encontro na localidade de Sharm el-Sheikh insistindo insistiu em que a reconstrução de Gaza está ligada necessariamente a um cessar-fogo na faixa que substitua a frágil trégua provisória que foi decidida, separadamente, por Israel e pelo Hamas. Durante conferência realizada no balneário egípcio de Sharm El Sheikh, a ONU e várias agências humanitárias disseram que a reconstrução de Gaza continuará sendo muito difícil enquanto as fronteiras do território continuarem fechadas. "A situação nos acessos fronteiriços é intolerável. Trabalhadores humanitários não têm acesso. Produtos essenciais não conseguem entrar", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na reunião de segunda-feira. "Nossa meta primeira e indispensável, portanto, é abrir os acessos. Pela mesma moeda, entretanto, é essencial garantir que armas ilegais não entrem em Gaza", afirmou. Israel e o Hamas não participaram da conferência, convocada pelo Egito. O Estado judeu diz apoiar os esforços internacionais para ajudar os palestinos, desde que o Hamas não se beneficie com dinheiro ou armas. "Definitivamente não queremos ver a boa-vontade da comunidade internacional ser explorada pelo Hamas e servir aos propósitos extremistas do Hamas", disse Mark Regev, porta-voz do governo israelense. Legitimidade do Hamas O movimento islâmico Hamas pediu que os membros da comunidade internacional reconheçam a legitimidade de seu governo na Faixa de Gaza. "Cercar a legitimidade palestina que existe em Gaza é como se dirigir à direção incorreta e com a intenção de impedir a reconstrução" de Gaza, disse o grupo. O Hamas pediu que os participantes da conferência em Sharm el-Sheikh "enfrentem a legitimidade do Hamas, se é que defendem os interesses do povo palestino". "O sangue de nosso povo não pode servir de moeda de troca para conseguir a reconstrução ou uma ajuda política", acrescentou. O Ocidente isola o Hamas porque o grupo islâmico se recusa a reconhecer Israel, renunciar à violência e se comprometer com acordos de paz com o Estado judeu. Por outro lado, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, pressionou Israel a abrir as fronteiras e permitir o acesso de produtos essenciais. "Gaza não deveria ser uma verdadeira prisão a céu aberto", disse ele em entrevista coletiva. Israel impõe um bloqueio econômico a Gaza desde que o Hamas assumiu o controle do território, em junho de 2007. Para o processo de reconstrução, o governo israelense diz que exigirá aprovações e garantias específicas de que cada projeto não poderá beneficiar o Hamas. O Egito, que também faz fronteira com Gaza, se recusa a abrir a fronteira de Rafah ao tráfego normal - aceita apenas um acesso limitado. Sarkozy também conclamou os grupos palestinos rivais a superarem suas divisões. Os grupos palestinos, inclusive o Hamas e a facção laica Fatah, de Abbas, aceitaram na semana passada negociar um governo de unidade nacional que prepare a realização de eleições legislativas e presidenciais na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Fonte: Estadão

 

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