Mães da Praça da Paz pedem investigação de massacre de 1989

Grupo exige que governo chinês `quebre o tabu` e preste contas sobre milhares de estudantes mortos

30/09/2015 19h04
Mães da Praça da Paz pedem investigação de massacre de 1989
A8SE

Duas décadas depois dos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial, um grupo de mães que perderam seus filhos no levante pede que os líderes do país "quebrem o tabu" e prestem contas sobre os mortos. O grupo de Mães da Praça da Paz Celestial enviou uma carta aberta aos legisladores pedindo uma completa investigação, a compensação das famílias das vítimas e a punição dos responsáveis pelos atos militares contra os protestos liderados por estudantes.

O apelo, distribuído por meio do grupo Direitos Humanos na China, sediado em Nova York, é similar a outros feitos no passado pelas Mães da Paz Celestial. Mas este foi feito apenas alguns meses antes do 20º aniversário dos protestos e durante um ano politicamente sensível no qual o governo lida com preocupações sobre estabilidade social e a atual crise econômica.

A carta, assinada por 127 pessoas que afirmam que seus filhos ou familiares estão entre as vítimas, denomina a ofensiva militar de "nada menos do que uma atrocidade irracional". Naquele tempo, os líderes chineses consideraram os protestos pacíficos como uma ameaça ao governo do Partido Comunista e enviaram tanques e tropas nos dias 3 e 4 de junho de 1989 para esmagá-los. Acredita-se que centenas, provavelmente milhares, de pessoas tenham morrido.

Nestes 20 anos, a China nunca ofereceu uma prestação de contas da ofensiva, a qual os líderes do governo referem-se como "distúrbios políticos". Um silêncio oficial tem sido mantido sobre o incidente. Não há referências ao episódio em livros escolares e a discussão pública sobre o evento é virtualmente um tabu.

"Isso irá requerer que cada deputado demonstre coragem extraordinária e sabedoria, coragem política e bom senso para quebrar o tabu e enfrentar a indescritível tragédia que aconteceu 20 anos atrás", diz a carta, referindo-se aos delegados que comparecerão à sessão legislativa do Congresso Nacional do Povo, na próxima semana.

Repressão

No início desta semana, jornais de Hong Kong informaram que um importante político pró-Pequim havia condenado a ofensiva contra o protesto estudantil, uma rara opinião de uma instância do governo central. "Reprimir os estudantes foi claramente errado", disse Tsang Yok-sing, atual presidente da Assembleia Legislativa de Hong Kong, a estudantes universitários, segundo o jornal South China Morning Post. O partido de Tsang, a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong, é visto como um leal aliado de Pequim e raramente critica o governo central.

O governo tem sido cauteloso sobre a possibilidade de problemas sociais na medida em que a crise econômica fez com que mais de 20 milhões de migrantes perdessem seus empregos nos últimos meses. Milhares de desempregados protestaram contra o fechamento de fábricas e exigiram o pagamento de salários atrasados em várias cidades da China. Forças policiais de todo o país estão sendo treinadas em Pequim para melhorar suas respostas a ameaças de segurança pública nas Províncias.

Na noite de quinta-feira, a polícia de Pequim retirou mais de mil pessoas em busca de reparação para problemas com funcionários locais antes da sessão legislativa, disse uma testemunha nesta sexta-feira. Eles foram retirados de seus quartos de hotel pelas forças de segurança e levados em ônibus, disse Zhou Li, um nativo de Pequim que ajuda o grupo.

Fonte: Estadão

 

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