Economia e Inovação

Por: Sudanês B. Pereira

Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.

Relatório de Riscos Globais Alerta para Fraturas Econômicas

13/05/2022
Atlas vetor criado por Rochak Shukla - br.freepik.com

O Fórum Econômico Mundial divulga desde 2006 o Global Risks Report. O relatório acompanha as percepções de riscos globais entre especialistas em riscos e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil.

O Global Risks Report deste ano, divulgado em janeiro, se baseia nas opiniões de mais de doze mil líderes nacionais que identificaram riscos críticos para 124 países, reunidos por meio do Fórum Econômico Mundial. O relatório examina os riscos em cinco categorias: econômico, ambiental, geopolítico, social e tecnológico.

Cabe esclarecer que, segundo o relatório, um RISCO GLOBAL é a possibilidade de ocorrência de um evento ou condição que, se ocorrer, poderá causar impacto negativo significativo para diversos países ou indústrias. Segue abaixo os principais resultados da pesquisa e da análise do relatório de 2022.

As Principais Percepções de Riscos Globais

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Highlights Riscos Globais – Mundos à Parte.png

Para os entrevistados, os riscos sociais e ambientais pioraram desde o início da pandemia, com “erosão da coesão social” e “crises de subsistência” ocupando os primeiros lugares. Outros riscos identificados como tendo piorado significativamente são “crises de dívida”, “falhas de segurança cibernética”, “desigualdade digital” e “reação contra a ciência”.

Quando da elaboração do relatório, metade da população mundial ainda não estava vacinada, 40% permaneciam offline e apenas 35% dos alunos do mundo viviam em países onde as escolas estavam totalmente abertas. Perguntados sobre as perspectivas para o mundo nos próximos três anos, apenas 10,7% dos entrevistados acreditavam que o mundo seria caracterizado por uma recuperação global acelerada até 2024. Quase a totalidade dos entrevistados, 84% estavam preocupados com as perspectivas para o mundo. O relatório alerta para essa situação, posto que, a falta de otimismo pode criar um ciclo vicioso de desilusão e agitação social.

Cerca de 37% dos entrevistados deste ano acreditam que o mundo seguirá uma trajetória fraturada no médio prazo, separando cada vez mais os “vencedores” relativos dos “perdedores” da crise do Covid-19. Ver o gráfico abaixo.

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Perspectivas para o mundo - 3 anos.png

Fraturas econômicas, geopolíticas, de saúde pública e sociais - que aumentam após as pandemias - correm o risco de levar a abordagens divergentes e atrasadas para desafios críticos enfrentados pelas pessoas e pelo planeta. Nesse sentido, o relatório sugere acelerar a transição verde em resposta às mudanças climáticas, coordenar ações nacionais e internacionais contra o aumento das vulnerabilidades digitais, gerir a mobilidade e migração das pessoas e salvaguardar os bens comuns globais.

Ações nos níveis nacional e internacional eficaz em relação a esses desafios, depende da restauração da confiança nas sociedades, e líderes nacionais e globais para encontrar novas oportunidades de colaboração. O relatório sinaliza que, até 2024, a economia global deverá ser 2,3% menor do que seria sem a pandemia.

Sobre os Riscos em Escala Global para os Próximos 10 anos

A pesquisa perguntou aos entrevistados se eles poderiam identificar quais os riscos mais graves em escala global para os próximos 10 anos na economia, meio ambiente, geopolítico, social e tecnológico. Os entrevistados sinalizaram que os riscos ambientais têm o potencial de causar mais danos às pessoas e ao planeta, seguidos pelos desafios sociais. As “crises da dívida” e os “confrontos geoeconômicos” também estão entre os 10 principais riscos por gravidade nos próximos 10 anos.

O Valor Econômico de 11.05.2022 trás uma entrevista com a secretária-geral da Unctad, Rebecca Grynspan, na qual ela alerta sobre a possibilidade de uma onda de insolvência nos países em desenvolvimento, devido à conjunção de crise da pandemia, da guerra da Ucrânia e do aperto monetário global, além de fome e convulsão nos países mais pobres. No dia 12.05, o mesmo jornal entrevista Rafael Zavala, representante da agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura (FAO), que vê com preocupação a situação da fome no país e defende mais rigor contra desmatamento no Brasil. Ver a figura abaixo que ilustra os riscos mais graves em escala global.

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Os Riscos mais Graves em Escala Global ao Longo dos Próximos 10 anos.png

Dentro da graduação de riscos para os próximos anos, o meio ambiente é, de longe, a pauta mais importante colocada na mesa, para além de outros problemas não menos importantes, claro.

No curto prazo, um horizonte de erosão da coesão social, crises de subsistência e deterioração da saúde mental, são três dos cinco riscos vistos como as ameaças mais preocupantes para o mundo nos próximos dois anos. A saúde do planeta, no entanto, continua sendo uma preocupação constante. Os riscos ambientais - em particular, “clima extremo” e “falha na ação climática” - aparecem como os principais riscos nas perspectivas de curto, médio e longo prazo. No médio prazo, riscos econômicos como “crises da dívida” e “estouro da bolha de ativos” também surgem à medida que os governos lutam para equilibrar as prioridades fiscais. No horizonte de longo prazo, os riscos geopolíticos e tecnológicos também são preocupantes – incluindo “confrontos geoeconômicos”, “contestação de recursos geopolíticos” e “falha de segurança cibernética”.

Sobre Governança Internacional e Mitigação de Riscos

As opiniões dos entrevistados sobre quinze áreas de governança diferentes, sinalizam uma grande decepção com a eficácia dos esforços internacionais de mitigação de riscos. Facilitação do comércio, crime internacional e armas de destruição em massa foram classificadas como as áreas com esforços mais eficazes, mas apenas por 12,5% dos entrevistados no melhor caso. Por outro lado, inteligência artificial, exploração espacial, ataques cibernéticos transfronteiriços e desinformação e migração e refugiados foram vistos pela maioria dos entrevistados como as áreas onde a mitigação internacional não começou.

Uma recuperação divergente ameaça a prosperidade a longo prazo para todos

O relatório alerta para trajetórias de recuperação econômicas desiguais. Em algumas sociedades, o rápido progresso das vacinas, os avanços digitais e o retorno ao crescimento pré-pandêmico, anunciam melhores perspectivas para 2022 e além. Para outras, porém, a recuperação pode ficar sobrecarregada por anos, se não décadas, por lutas para aplicar até mesmo as doses iniciais de vacina, combater as brechas digitais e encontrar novas fontes de crescimento econômico. O relatório é claro, o desafio mais sério da pandemia é a estagnação econômica. Os preços das commodities, a inflação e a dívida estão subindo tanto no mundo desenvolvido quanto no em desenvolvimento.

Refletir sobre os objetivos distintos de resiliência de governos, empresas e comunidades ajudará a garantir que as agendas estejam alinhadas para alcançar uma abordagem de toda a sociedade para enfrentar riscos críticos de qualquer natureza.

Sobre o Brasil

Sobre o Brasil, o relatório trás preocupações que habitam o universo da sociedade há algum tempo, como estagnação econômica, desemprego e meio ambiente. Ver a tabela abaixo.

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Brasil - Os Cinco Principais Riscos Identificados pela Pesquisa de Opinião Executiva.png

Um excelente fim de semana!!