
Por: Sudanês B. Pereira
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
O Que os Trabalhadores Querem do Trabalho?

O que significa prosperar no trabalho? Como as organizações podem capacitar as pessoas a crescer, ter saúde mental e bem-estar, ter flexibilidade, encontrar significado e propósito em seu trabalho e definir o sucesso para si mesmas?
Essas perguntas foram feitas na pesquisa “What Workers Want - From Surviving to Thriving at Work”, realizada pela ManpowerGroup, em parceria com a Thrive, e divulgada em junho.
Após ouvir mais de 5.000 trabalhadores da linha de frente, corporativos e de call center, bem como candidatos a emprego em cinco países (Austrália, França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos), a pesquisa destaca que o bem-estar agora é uma estratégia essencial para a contratação e retenção de talentos, assim como para o sucesso do negócio. Os trabalhadores querem mais flexibilidade, mais confiança, mais bem-estar. As pessoas não querem apenas sobreviver, querem prosperar e estão dispostas a contribuir com as empresas.
Principais Resultados
1.Flexibilidade para todos
Segundo a pesquisa, os trabalhadores de todos os setores, em todos os níveis, estão exigindo mais opções e autonomia sobre quando trabalham; escolhendo os horários de início e término de seus dias de trabalho, além da possibilidade de ter turnos para atender às necessidades individuais. Ver a figura 1.

Ou seja, flexibilidade, não apenas trabalho flexível. Para os pesquisadores, este será um legado da pandemia. Talvez ainda não tenhamos a conclusão final de como será, mas estamos experimentando o maior piloto de novos modelos de trabalho, cujos resultados terão um impacto duradouro em como, onde, quando e por que trabalhamos.
Pelo que foi visto, está claro que os empregadores devem medir o desempenho por produção, não por horas. Considerando o resultado da pesquisa, será preciso definir objetivos de desempenho claros, oferecer oportunidades de qualificação e estabelecer uma cultura de trabalho e apoio.
2. Reescrever as regras de liderança
Após a pandemia muita coisa começou a mudar nas empresas e nas relações empresa X trabalhadores. As expectativas dos trabalhadores sobre o que eles querem de seus empregos e de suas vidas mudaram drasticamente. Isso está transformando a relação entre funcionários e líderes empresariais.
As pessoas estão exigindo um trabalho significativo e orientado a propósitos, ao mesmo tempo em que contestam as normas convencionais de trabalho. As empresas que são orientadas por propósitos e abertas a apoiar as necessidades dos trabalhadores, incentivando “o indivíduo no trabalho”, construirão um novo caminho de liderança. A pesquisa sinaliza que os líderes precisam dar mais: flexibilidade; autonomia; apoio ao bem-estar físico e mental; confiança, treinamento e desenvolvimento.
De acordo com o relatório, criar uma cultura de confiança e segurança psicológica para os colaboradores, através de uma gestão empática e eficaz, é um pré-requisito para uma força de trabalho próspera. Ter líderes e gerentes com as habilidades certas para modelar, treinar e cuidar dos funcionários ajudará as organizações a navegar nessa mudança transformacional e encontrar soluções que atendam às necessidades individuais e empresariais.
3. Prosperar – ou como fazer para
A pesquisa revelou que “uma força de trabalho próspera é uma força de trabalho diversa”. As mulheres representam 39% da população trabalhadora total do mundo e agora compõem a maioria dos graduados, mas ainda não são capazes de realizar seu potencial, pois menos de um terço dos cargos de gestão e liderança são ocupados por mulheres.
Segundo o relatório, desde fevereiro de 2020, apenas nos EUA, quase 1,1 milhão de mulheres deixaram a força de trabalho, demonstrando o impacto da pandemia na vida profissional das mulheres, com as mulheres também relatando níveis mais altos de esgotamento do que os homens. A diversidade de gêneros é boa para os negócios. Ver a figura 2.

Para que as organizações tenham sucesso e prosperem, os empregadores devem se comprometer a eliminar a lacuna de representação de gênero em todos os níveis. Ao oferecer a homens e mulheres a flexibilidade de que precisam para prosperar, as empresas terão trabalhadores mais empenhados e produtivos, e poderão reter os melhores talentos.
4. Reequilibrar o trabalho e a família
Nos últimos dois anos muitas coisas mudaram na rotina dos colabores das empresas em relação a trabalho, estudos e vida doméstica, e muitos reavaliaram suas vidas e prioridades. O relatório de pesquisa revelou que os pais deixaram seus empregos em maior número do que os não pais.
A flexibilidade é a principal exigência entre os pais, e escolher quando começam e terminam o trabalho é um fator chave, mas os pais querem mais. No “pós-pandemia”, muitos estão mais atentos à importância do equilíbrio, bem-estar, aceitação e pertencimento no trabalho, e à necessidade de apoio dos empregadores para a saúde mental e física.
O relatório sugere que uma força de trabalho próspera significa dar aos pais o apoio de que precisam para gerenciar tempos incertos com menos estresse. Criar soluções que apoiem o emprego sustentável e estimulem o potencial dos pais requer liderança forte, pensamento inovador e colaboração próxima com os pais.
5. Apoiar o bem-estar mental
A pandemia da Covid-19 colocou a saúde mental no topo das agendas públicas e corporativas e os trabalhadores esperam que os empregadores apoiem seu bem-estar mental e ofereçam oportunidades para a prevenção.
Falar em saúde mental nas organizações ainda é um tabu. Segundo o relatório, apesar da crescente conscientização sobre a importância de gerenciar o bem-estar mental e do aumento do investimento em apoio à saúde mental no trabalho desde o início da crise, 37% dos trabalhadores não utilizaram recursos de saúde mental no trabalho ou não sabem que eles existem.
As organizações precisam fazer mais para desestigmatizar o tema. Isso exigirá investimento contínuo. Até certo ponto, este é um território desconhecido para o mundo dos negócios, mas dedicar tempo para entender as necessidades dos trabalhadores e experimentar modelos de apoio, é a melhor alternativa para ter trabalhadores mais saudáveis e uma organização mais sustentável do ponto de vista de bem-estar. Saúde mental não deve ser visto como um privilégio, mas como uma estratégia da empresa.
Por fim, o que o Relatório sugere
Ajude os trabalhadores a prosperar. As pessoas não querem apenas sobreviver, elas querem prosperar. Os trabalhadores estão exigindo mais - mais escolha, mais flexibilidade, mais autonomia, mais bem-estar. Os empresários que estiverem dispostos a parar, ouvir e, mais importante, agir para atrair, e reter os melhores talentos, redefinirão o novo mercado de trabalho - mais inclusivo, mais flexível, menos desigual.
Excelente semana!
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