Por: Sudanês B. Pereira
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
Futuro do Trabalho: requalificação e qualificação do capital humano.
Com a transformação tecnológica em curso da indústria, espera-se que a adoção de tecnologias de ponta - impulsionando a transformação em 86% das empresas -, estimule a evolução das habilidades no local de trabalho em todo o espectro de habilidades, conhecimentos e atitudes, à medida que os trabalhadores se adaptam às tecnologias em curso - vide a automação e à inteligência artificial (IA).
O artigo dessa semana discorre sobre a importância das habilidades tendo em vista a rápida mudança do mercado de trabalho e as tecnologias vinculadas. O relatório “Future of Jobs Report 2023”, lançado em maio deste ano pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), traz informações importantes sobre a necessidade de requalificação e qualificação do capital humano.
DESTAQUES
Capital Humano - competências e habilidades
Quando o relatório Future of Jobs foi publicado pela primeira vez em 2016, as empresas pesquisadas previam que 35% das habilidades dos trabalhadores seriam interrompidas nos cinco anos seguintes. Em 2023, essa participação aumentou para 44% (Fig.1). Por outro lado, em 2016 as empresas previam que 65% das habilidades essenciais permaneceriam as mesmas nos cinco anos seguintes, em 2023 essa expectativa caiu para 56%. Isso só fortalece a nossa impressão do rápido movimento de mudanças no mercado de trabalho.
O relatório também revela as habilidades básicas exigidas pelas empresas atualmente. Observem a figura 2 logo abaixo com as dez principais habilidades essenciais em 2023. Segundo o relatório de pesquisa, o pensamento analítico é considerado uma habilidade essencial por mais empresas do que qualquer outra habilidade e constitui em média 9% das habilidades essenciais relatadas pelas empresas. Outra habilidade cognitiva, o pensamento criativo, ocupa o segundo lugar, à frente de três habilidades de autoeficácia - resiliência, flexibilidade e agilidade; motivação e autoconsciência; e curiosidade e aprendizagem ao longo da vida - em reconhecimento da importância da capacidade dos trabalhadores de se adaptarem a o que a literatura chama de “disrupted workplaces”. A alfabetização tecnológica, fundamental em um mundo do trabalho que está evoluindo a passos largos, ocupa a sexta posição.
A lista traz também duas atitudes relacionadas ao trabalho com outras pessoas - empatia e escuta ativa e liderança e influência social. O relatório também revelou que habilidades de gerenciamento, habilidades de engajamento, habilidades tecnológicas, e habilidades físicas, são geralmente consideradas menos importantes do que cognição, autoeficácia e o trabalho com outras pessoas.
Ainda em relação às expectativas das empresas quanto à evolução da importância das habilidades para seus trabalhadores nos próximos cinco anos, o relatório revelou que:
[1] As habilidades cognitivas estão crescendo rapidamente, refletindo a importância crescente da resolução de problemas complexos no local de trabalho.
[2] As empresas pesquisadas relatam que o pensamento criativo está crescendo em importância mais rapidamente do que o pensamento analítico.
[3] A alfabetização tecnológica é a terceira habilidade básica de crescimento mais rápido.
[4] As atitudes socioemocionais que as empresas consideram estar crescendo em importância são a curiosidade e o aprendizado contínuo; resiliência, flexibilidade e agilidade; e motivação e autoconsciência - evidências de que as empresas enfatizam a importância de trabalhadores resilientes e reflexivos que adotam uma cultura de aprendizagem ao longo da vida à medida que o ciclo de vida de suas habilidades diminui.
Prioridades de requalificação e qualificação nos próximos 5 anos
Segundo o relatório, espera-se que 44% das principais habilidades do trabalhador mudem nos próximos cinco anos. Formular estratégias efetivas de requalificação e qualificação é essencial para maximizar o desempenho dos negócios.
De acordo com a pesquisa, a prioridade maior para o treinamento de habilidades entre 2023-2027 é o pensamento analítico, que deve representar, em média, 10% das iniciativas de treinamento. A segunda prioridade para o desenvolvimento da força de trabalho é promover o pensamento criativo, objeto de 8% das iniciativas de requalificação.
Além dessas habilidades cognitivas, outras habilidades que as empresas priorizam de acordo com a importância atual para sua força de trabalho são IA e big data, bem como liderança e influência social. Outras habilidades estrategicamente enfatizadas são design e experiência do usuário, gestão ambiental, marketing e mídia, e redes e segurança cibernética.
As empresas pesquisadas relatam que investir em aprendizado e treinamento no trabalho, além de automatizar processos, são as estratégias mais comuns que serão adotadas para atingir as metas de negócios nos próximos cinco anos.
Incompatibilidade entre oferta e demanda de treinamento
No cenário de requalificação e qualificação para o trabalho, além das habilidades necessárias e das estratégias de treinamento das empresas, são as escolhas de requalificação e qualificação feitas por alunos. A pesquisa sugere que essas escolhas geralmente diferem das prioridades de negócios.
Segundo o relatório, os alunos se concentraram principalmente na construção de habilidades técnicas, a exemplo de programação, gerenciamento de recursos e operações, redes e segurança cibernética e design e experiência do usuário. Essas escolhas às vezes se alinham com as habilidades que as empresas buscam, e muitas dessas habilidades são fundamentais para alcançar proficiências mais altas em habilidades procuradas, como IA e big data e liderança e influência social. Os alunos também priorizam a leitura, a escrita e a matemática, que, embora raramente sejam um foco corporativo explícito, são habilidades fundamentais para qualquer carreira. Mesmo assim, as discrepâncias persistem.
Historicamente, as pessoas priorizaram o desenvolvimento de habilidades técnicas, ou “hard skills”, associadas a carreiras lucrativas, como em programação e análise de dados. Porém, as tecnologias emergentes, como a IA generativa, estão reformulando as demandas da força de trabalho, e os empregadores estão colocando maior ênfase nas habilidades “soft”.
O relatório sugere que os candidatos a emprego podem e devem usar, de forma eficaz, as plataformas de aprendizado on-line para preencher as lacunas de habilidades e atender aos requisitos das empresas, especialmente porque as qualificações tradicionais estão se tornando menos importantes.
A figura 3 ilustra a parcela de horas de aprendizado gastas pelos usuários em uma habilidade na plataforma de aprendizado Coursera em 2022, versus a probabilidade de aparecer na estratégia de habilidades das empresas para o período 2023-2027.
É fato que a transformação de empregos e habilidades têm impactos significativos sobre empresas, governos e trabalhadores em todo o mundo. Algumas sugestões do relatório:
[1] Os setores público e privado devem unir forças para criar caminhos de requalificação flexíveis e acessíveis para os trabalhadores que precisam fazer uma transição bem-sucedida em escala para os empregos do futuro.
[2] Com uma abordagem de talento baseada em habilidades, os empregadores podem diversificar e expandir seus fluxos de contratação de novos talentos, ao mesmo tempo em que criam caminhos para a requalificação de funcionários. Essa estratégia é necessária para se adaptar às exigências de uma força de trabalho em rápida mudança e incentivar o aprendizado no trabalho.
[3] O potencial de uma abordagem baseada em habilidades para o desenvolvimento da força de trabalho e gestão de talentos para fechar as lacunas de habilidades e lidar com a escassez de mão de obra, especialmente à luz do impacto desproporcional das novas tecnologias, pode ter resultados significativos ao enfrentar a incompatibilidade de oferta e demanda por capital humano qualificado.
¡Excelente semana!
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