Por: Sudanês B. Pereira
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
e-Commerce aumenta na Pandemia em todo Mundo
O aumento elevado do comércio eletrônico em meio às restrições de movimento induzidas pela pandemia do Covid-19, aumentou a participação das vendas no varejo online no total das vendas do varejo. De acordo com o relatório “Covid-19 and e-Commerce: a global review” da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD/2021), as vendas no varejo online cresceram acentuadamente em vários países.
Desde a última década, estamos vendo uma transição acelerada para uma economia digital em que as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) desempenham um papel crescente na produção, consumo e troca da maioria dos bens e serviços.
O que é o comércio eletrônico? A Organização para a Economia Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) [1], define comércio eletrônico como a venda ou compra de bens ou serviços, realizada em redes de computadores por métodos específicos, projetado com a finalidade de receber ou enviar pedidos. Bens e serviços são pedidos por essas redes, enquanto o pagamento e a entrega podem ser online ou offline.
O relatório da Unctad Estimativas do e-Commerce Global 2019 e Avaliação Preliminar do Impacto do Covid-19 no Varejo Online em 2020[2] divulgou algumas estatísticas interessantes sobre o e-commerce. O documento se baseou em dados sobre vendas no varejo online de países selecionados e de relatórios anuais para 2020, de empresas líderes de comércio eletrônico B2C. O que a nota da Unctad mostrou:
- O valor global das vendas de comércio eletrônico (B2B e B2C) atingiu quase US$ 26,7 trilhões em 2019. Isso correspondeu a cerca de 30% do PIB e representou um aumento de 4% em relação a 2018 (US$ 25,6 trilhões).
- O valor estimado do comércio eletrônico B2B global foi de US$ 21,8 trilhões, representando 82% de todo o comércio eletrônico, incluindo vendas em plataformas de mercado on-line e transações de intercâmbio eletrônico de dados (EDI).
- As vendas de comércio eletrônico B2C foram estimadas em US$ 4,9 trilhões em 2019, um aumento de 11% em relação a 2018. Os três principais países em vendas de comércio eletrônico B2C foram China, Estados Unidos e Reino Unido.
A tabela 1 ilustra as vendas totais do comércio eletrônico nos 10 principais países, as vendas B2B e B2C, em 2019.
1,48 bilhão de pessoas, ou pouco mais de um quarto da população mundial com 15 anos ou mais, fez compras online em 2019
Unctad, 03 May 2021.Compradores Globais Online
A Unctad estima que 1,48 bilhão de pessoas, ou pouco mais de um quarto da população mundial com 15 anos ou mais, fez compras online em 2019 (gráfico 1). Isso é 7% maior do que em 2018. Enquanto a maioria dos compradores online compra principalmente de fornecedores nacionais, cerca de 360 milhões de compradores online fizeram compras internacionais em 2019 - cerca de um em cada quatro de todos os compradores online.
O interesse em comprar de fornecedores estrangeiros continuou a crescer. A proporção de compradores online transfronteiriços aumentou de 20% em 2017 para 25% em 2019.
As Vendas Transfronteiriças (cross-border)
Sobre as vendas transfronteiriças (cross-border) de comércio eletrônico B2C, a Unctad estima que alcançaram US$ 440 bilhões em 2019, representando um aumento de 9% em relação a 2018. As vendas das dez principais economias por exportação de mercadorias, somaram US$ 332 bilhões em 2019 (gráfico 2). As vendas internacionais são estimadas em 9% do total das vendas de e-commerce B2C.
As vendas no varejo online aumentam a uma taxa acima da média em 2020
O relatório da Unctad mostrou que os dados para os países que respondem por 65% do e-commerce B2C global em 2019, sugerem que as vendas no varejo online como uma parcela das vendas totais no varejo, aumentaram 3 pontos percentuais em 2020 (de 16% para 19%).
A Covid-19 gerou um aumento na demanda por pedidos online de bens físicos devido às restrições de quarentena impostas em muitos países. As vendas gerais no varejo físico diminuíram 1% neste grupo de países em 2020, enquanto o varejo online cresceu 22%. Entre os países incluídos na tabela 2, a República da Coreia (Coreia do Sul) teve a maior participação do comércio varejista online, 25,9% em 2020, ante 20,8% no ano anterior, em segundo lugar está a China com 24,9% em 2020, ante 20,7% no ano anterior, o Reino Unido ocupa a 3ª posição, 23,3% em 2020 ante 15,8% em 2019. Os EUA 14,0% em 2020 frente a 11,0% em 2019.
O quadro 1 mostra os dados das principais empresas de comércio eletrônico em 2020, dez das quais são da China e dos Estados Unidos. Quase todas experimentaram quedas acentuadas no volume bruto de mercadorias (GMV) e quedas correspondentes nas classificações. Por exemplo, a Expedia caiu do 5º lugar em 2019 para o 11º em 2020, a Booking Holdings do 6º para o 12º e o Airbnb, que lançou seu IPO em 2020, do 11º para o 13º.
Apesar da redução no GMV das empresas de serviços, o GMV total das 13 principais empresas de comércio eletrônico B2C aumentou 20,5% em 2020, maior do que em 2019 (17,9%). No geral, o volume bruto de mercadorias do B2C para essas empresas ficou em US$ 2,8 trilhões em 2020. Ver o quadro abaixo.
Algumas conclusões
O crescimento do comércio eletrônico não é igual para todos, em especial para os países em desenvolvimento, que possuem uma série de barreiras: infraestrutura, finanças, recursos e governança.
Os países que superam essas barreiras e estabelecem estruturas facilitadoras para o comércio eletrônico, estão em melhor posição para aproveitar os benefícios potenciais e enfrentar os desafios, tanto nacional quanto internacionalmente. Políticas públicas adequadas podem facilitar o crescimento desse comércio e melhorar a distribuição dos ganhos com o comércio eletrônico.
De fato, o comércio eletrônico tem enorme potencial para diversificar o escopo e o alcance geográfico das oportunidades comerciais para os países em desenvolvimento, expandir os negócios já estabelecidos, assim como para novos empreendimentos.
Até o próximo artigo!
[1] OECD Glossary of Statistical Terms. https://stats.oecd.org/glossary/index.htm.
[2] Estimates of global e-commerce 2019 and preliminary assessment of covid-19 impact on online retail 2020. Unctad, 03 May 2021.