
Por: Sudanês B. Pereira
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
Dinamarca tem a melhor qualidade de vida digital do mundo

De acordo com o provedor de VPN Surfshark, a Dinamarca tem a melhor qualidade de vida digital do mundo. O país alcançou 0,83 pontos no Digital Quality of Life Index (DQL) da empresa, ocupando o primeiro lugar entre os 110 países (90% da população global) que comparou. A Coreia do Sul (0,76) e a Finlândia (075) seguem em segundo e terceiro lugar. A edição de 2021 do índice é uma terceira edição de uma pesquisa anual.
Dentro do ranking, Cingapura ficou em primeiro lugar em termos de velocidade de banda larga, enquanto a Dinamarca obteve a maior pontuação em acessibilidade à Internet e infraestrutura eletrônica. A Coreia do Sul ficou em primeiro lugar em qualidade da internet. Os dois critérios restantes, governo eletrônico e segurança eletrônica, foram vencidos pelos EUA e pela Grécia, respectivamente.
O DQL indexa os países olhando para cinco pilares fundamentais que definem a qualidade de vida digital: acessibilidade da Internet, qualidade da Internet, infraestrutura eletrônica, segurança eletrônica, governo eletrônico. Esses pilares consistem em 14 indicadores que estão inter-relacionados e trabalham juntos para medir a qualidade de vida digital geral.
O Índice de Qualidade de Vida Digital (DQL) revela insights sobre quais fatores mais afetam o bem-estar digital de um país e quais áreas devem ser priorizadas para melhorá-las.
O QUE DIZ OS PILARES DO ÍNDICE DQL
Acessibilidade da Internet determina quanto tempo as pessoas têm que trabalhar para pagar a conexão com a Internet. Uma internet menos acessível prejudica o bem-estar digital geral e vice-versa.
Qualidade da Internet mede a velocidade e a estabilidade da conectividade com a Internet em um país e o quão bem ela está melhorando. A qualidade da conectividade com a Internet depende muito de sua velocidade e estabilidade. Isso significa que conexões lentas e instáveis inibem o uso diário e diminuem a eficiência do trabalho, enquanto a internet rápida e estável permite nos comunicar melhor, desfrutar de conteúdo de alta qualidade e muito mais. Consequentemente, isso afeta diretamente a qualidade da vida digital.
Infraestrutura eletrônica determina o quão bem desenvolvida e inclusiva é a infraestrutura eletrônica existente de um país. Uma infraestrutura eletrônica altamente funcional permite que as pessoas usem a internet diariamente para muitos fins, como estudo, comércio eletrônico, entretenimento, serviços bancários, entre outros. Isso equivale a ter uma experiência digital melhor.
Segurança eletrônica. Esse pilar mede a segurança e proteção das pessoas no ambiente digital. Ou seja, a segurança eletrônica mostra a preparação de um país para combater os crimes cibernéticos e seu compromisso em proteger a privacidade on-line de qualquer indivíduo.
Governo eletrônico determina o quão avançados e digitalizados são os serviços governamentais de um país. Um bom governo eletrônico ajuda a minimizar a burocracia, reduzir a corrupção e aumentar a transparência do setor público. Também melhora a eficiência dos serviços públicos e ajuda as pessoas a economizar tempo, melhorando a qualidade da vida digital de seus cidadãos.
A figura 1 logo abaixo ilustra os pilares do Índice de Qualidade de Vida Digital e seus indicadores.

OS PAÍSES COM A MELHOR QUALIDADE DE VIDA DIGITAL
Dos 10 países no ranking global, seis são europeus, com a liderança da Dinamarca globalmente e na Europa. Do ponto de vista global, a Dinamarca é o 1º em acessibilidade móvel, 1º em infraestrutura eletrônica, 2º em prontidão de rede, 3º em serviços online, 5º em Indivíduos que usam a internet (classificação/por 100 habitantes), e 36º em crescimento da velocidade da banda larga.
A Coreia do Sul é o segundo país em qualidade de vida digital global e o primeiro da Ásia. O país é o primeiro em crescimento da velocidade móvel, crescimento da velocidade da banda larga e é o 1º em serviços online. Porém, a Coreia do Sul é o 33º em segurança cibernética e o 70º em estabilidade da internet de banda larga. A figura abaixo ilustra o rank dos dez países com a melhor qualidade de vida digital.

OUTROS DESTAQUES DA PESQUISA
A figura 3 ilustra o comparativo com quatro países - dois europeus, um asiático e um do oriente médio. Percebam que, não obstante o nível de desenvolvimento econômico dos países, do ponto de vista do índice de qualidade de vida digital, os países apresentam desenvolvimento distintos, com destaques em alguns indicadores e deficiência em outros.

O relatório também mostra que o ranking de líderes em cada pilar é bem diverso. O Sri Lanka, país com uma economia baseada no turismo e na exportação de produtos primários, como grafite, produtos têxteis, chá, coco e borracha, é o terceiro no pilar acessibilidade de internet. A China ocupa a terceira posição no pilar qualidade da internet, Grécia ocupa a 1ª posição no pilar segurança eletrônica. Ver a figura 4.

O relatório é muito rico, e mostra, inclusive, que o dinheiro nem sempre compra a felicidade digital, digamos assim, pois o PIB per capita não determina necessariamente a qualidade da infraestrutura eletrônica de um país. Os resultados de 2021 mostram que:
- A influência do PIB per capita na segurança eletrônica caiu em relação ao ano 2020.
- O uso da Internet impulsiona o desenvolvimento do governo eletrônico mais do que o PIB per capita de um país.

Segundo a Surfshark, 21 países - Argentina, Brasil, Bulgária, Chile, China, Croácia, Hungria, Cazaquistão, Letônia, Malásia, Omã, Filipinas, Polônia, República da Moldávia, Romênia, Federação Russa, Sérvia, Tailândia, Turquia, Ucrânia e Uruguai - em 110, excedem a qualidade de vida digital esperada, superando outros no fornecimento de níveis mais altos de segurança eletrônica e infraestrutura. Embora o PIB per capita tenha uma forte correlação com o QDL, há países que têm melhor qualidade de vida digital com menor PIB per capita do que o esperado.
A segurança eletrônica, a infraestrutura eletrônica e o governo eletrônico têm uma correlação mais significativa com o QDL do que o PIB per capita. Isso prova o potencial de aumentar o nível do bem-estar digital com menos recursos e planejamento estratégico mais focado. Ver a figura 5.

O interessante do DQL é que ele mostra que todos os países de maior classificação têm espaço para melhorias. A Dinamarca, o país que tem a melhor qualidade de vida digital, apresenta internet móvel instável (70º colocado). Ver abaixo alguns exemplos.

O BRASIL NO ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA DIGITAL
O Brasil ocupa a 56ª posição no ranking global do DQL (Índice 0,5369) e o 3º lugar na América Latina. O país está um pouco acima da média global (0,5324). Ver a figura abaixo.

O país apresenta alguns bons indicadores, a despeito de estarmos ainda longe de alcançarmos melhores posições a nível global. Mas, do ponto de vista global, considerando as melhores classificações de critérios do DQL, somos o 1º em estabilidade da Internet de banda larga, 4º em estabilidade da Internet móvel, 20º no índice de serviços online.
Ocupamos a 44ª posição no quesito qualidade da internet e somos o 42º em governo eletrônico. Importante registrar que o indicador governo eletrônico considera dois índices: índice de serviço online (20º) e prontidão para IA (60º).
Ainda, ocupamos a 78ª posição no quesito acessibilidade da internet de banda larga - o pilar acessibilidade da Internetdetermina quanto tempo as pessoas têm que trabalhar para pagar a conexão com a Internet. Precisamos avançar muito em segurança eletrônica - segurança e proteção das pessoas -, algo fundamental em uma economia digital. Nesse aspecto, ocupamos a 60ª posição em segurança eletrônica.
A figura abaixo ilustra o comparativo do Brasil com a Dinamarca (melhor país em qualidade de vida digital) e dois países da América Latina.

O índice de qualidade de vida digital é um farol para governos aprimorar suas políticas públicas em diversas áreas e melhorar a qualidade digital de seus países.
Excelente fim de semana!
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