
Economia e Inovação
Por: Sudanês B. Pereira

Capital de risco reduz o investimento em tecnologia climática
Os investimentos em tecnologia climática provenientes de capital de risco e de capital privado caíram 40,5% em 2023, segundo o relatório State of Climate Tech de 2023, recém-publicado pela PwC. Foram analisadas mais de 8 mil startups de tecnologia climática e mais de 32 mil negócios.
Para os investidores em empreendimentos de tecnologia climática, os últimos dois anos foram desafiadores. O investimento total de risco e private equity, por exemplo, caiu 50,2% ano após ano, atingindo US$ 638 bilhões em 2023. O capital privado e o financiamento de subsídios em startups de tecnologia climática caíram 40,5%.
Em 2023, o financiamento para startups climáticas diminuiu para níveis de cinco anos. Em 2022 foram 4.491 negócios, e até o terceiro trimestre de 2023 foram 2.216 negócios realizados. Até o momento, são US$ 12 bilhões investidos em startups de energia, em 2022 foram investidos US$ 27 bilhões em startups desse segmento, o melhor momento foi em 2021 quando foram investidos US$ 28 bilhões em 4.918 negócios. Ver o gráfico abaixo.

Este declínio ocorreu num momento em que a necessidade de formas inovadoras de mitigar, medir e adaptar-se às alterações climáticas se tornou mais urgente. A taxa global de descarbonização permanece muito lenta. Pesquisas recentes da própria PwC descobriram que o mundo precisa descarbonizar sete vezes mais rápido que a taxa atual para limitar o aquecimento a 1,5°C acima das médias pré-industriais. A tecnologia desempenhará um papel fundamental na descarbonização, onde os investimentos em inovação, em quantidades maiores do que as somas de hoje, será vital para as próximas décadas.
Mas o relatório sinaliza que os financiadores de startups continuam aderindo a negócios de tecnologias climáticas. Existem também algumas mudanças no investimento em direção a setores com níveis mais altos de emissões, e em direção a tecnologias com potencial maior em redução de emissões. A Agência Internacional de Energia (IEA) projeta que em 2023, cerca de US$ 1,7 trilhão serão destinados para a implantação de energias renováveis, redes e outras tecnologias de energia limpa.
O gráfico abaixo ilustra os investimentos em startups do segmento de tecnologia climática como percentagem do investimento em capital de risco e capital privado. Observe que a partir de 2020 ocorre um aumento anual em investimentos em tecnologias climáticas oriundas de startups. De alguma forma é uma participação crescente em um mercado silencioso, mas de oportunidades.

Existe um Déficit de Financiamento para Soluções Climáticas
A indústria, a manufatura e o gerenciamento de recursos (os industriais), são responsáveis por mais emissões que qualquer outro setor da economia (34%), de acordo com os últimos números do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O setores de alimentação, agricultura e uso da terra são responsáveis por 22% das emissões. Alguns subsetores industriais, como cimento e aço, apresentam desafios de redução especialmente difíceis.
O relatório alerta que, não importa quanto financiamento para a inovação as empresas de tecnologia climática tenham angariado nos últimos anos, o mesmo padrão tem aparecido: pouco investimento é direcionado para os setores que geram as maiores quotas de emissões globais. Mas parece que está acontecendo algum reequilíbrio positivo nos últimos 12 meses, segundo a pesquisa da PwC.
Este ano, os investidores em tecnologia climática alocaram uma maior parte dos fundos para startups direcionadas a emissões de industriais. Os investidores aportaram 14% no setor entre o 4o trimestre de 2022 e o 3º trimestre de 2023, como pode ser visto no gráfico abaixo.

Outros setores ainda exibem um déficit considerável no financiamento em relação à sua participação nas emissões, a exemplo de alimentos, agricultura e uso da terra.
O fato é que o relatório revela que os investidores estão colocando mais capital em startups que trabalham em tecnologias com potencial de redução de emissões (ERP), como captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), hidrogênio verde.
O que Pensa os Investidores
Apesar do relatório sinalizar que os investimentos em tecnologia climática caíram, o setor ainda tem um apelo forte para os investidores, tendo em vista que a necessidade de soluções climáticas é maior do que nunca. Alguns investidores veem a queda atual como uma recuperação necessária dos tempos mais difíceis de 2020-21. Isso se traduz em mais oportunidades para investidores experientes.
Criar uma boa empresa de tecnologia climática requer mais do que ter uma ideia inovadora. Muitas das verticais dentro da tecnologia climática exigem muito financiamento para escalar, seja para construir fábricas ou para construir uma infraestrutura mais ampla. O nível de investimento - mais de US$ 1 trilhão para energia limpa em 2023, por exemplo, de acordo com a IEA - tende a estar muito além da capacidade dos fundos de capital de risco e private equity.
Para os investidores, serão necessários 25 gigatons de CO2 até 2030, e isso não vai acontecer a partir de um pequeno portfólio de empreendimentos. Serão necessárias grandes quantidades de capital. Não apenas de risco e private equity, mas de capital que permita crescimento dos negócios. Portanto, é importante que os fundadores de startups explorem todas as fontes possíveis de capital, como empréstimos governamentais e programas de incentivos, além de seus investidores de risco iniciais.
A despeito de tudo....
A necessidade de inovação tecnológica climática, especialmente em setores de altas emissões, torna o financiamento em estágio de risco, crucial para a luta contra as mudanças climáticas.
Se a tecnologia climática quiser causar um impacto significativo, será necessário muito mais financiamento do que está fluindo atualmente para a categoria, não apenas capital de risco, mas também capital de crescimento para ajudar as startups a se expandir rapidamente e financiamento para ajudar empresas e governos a implantar soluções de tecnologia climática em massa.
Crucial, também, são mudanças na política e nos padrões, e uma maior cooperação entre organizações de todos os tamanhos e setores. Quanto mais o mundo valoriza a ação climática, mais oportunidades haverá para os investidores que estão na fronteira da inovação.
Excelente semana.
Sobre o blog
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
Arquivos
Últimas notícias + notícias

Márcia Fu canta 'Escrito nas Estrelas' durante reality e música de 1985 volta ao topo em 2023

Jovem é morto a tiros na Praça da Paz em Areia Branca

Serviço de emissão de identidade volta a funcionar em Sergipe a partir de segunda-feira (12)

Ponte sem manutenção coloca em risco a segurança dos moradores em Socorro e São Cristóvão

Lula avalia nomes para substituir Flávio Dino no Ministério da Justiça

Abastecimento de água ficará comprometido em Itabaiana nos próximos dias
Notícias mais lidas

Biografia de Marco Maciel será lançada em Sergipe nesta terça-feira (12)

COP28 inicia grande discussão sobre como acabar com o uso de combustíveis fósseis

Milei e Alberto Fernández se reunirão nesta segunda-feira para iniciar a transição de governo

Jucese comemora 126 anos com o melhor tempo de abertura de empresas do Brasil
