
Economia e Inovação
Por: Sudanês B. Pereira

As Fintechs Brasileiras estão se consolidando no mercado
A quinta edição da Pesquisa Fintech Deep Dive (2023), realizada pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e pela PwC Brasil, mostra que as fintechs brasileiras estão direcionando suas prioridades estratégicas para o crescimento financeiro sustentável. Para isso, estão adaptando sua oferta de produtos a nichos de mercado, aprimorando seus modelos de negócios para garantir um fluxo constante de renda, com base na exploração de segmentos de clientes corporativos mais rentáveis, e apostando menos na abertura de capital.
A pesquisa traça um perfil do ecossistema de inovação e empreendedorismo no segmento de serviços financeiros do país com base em informações fornecidas por 108 fintechs de diferentes setores de atuação. Crédito (17%) e meios de pagamento (16%) continuam sendo os principais segmentos de atuação das fintechs, mas agora seguidos de gestão financeira (14%), em vez de bancos digitais.
ALGUNS DESTAQUES DA PESQUISA
52% mencionam a crise econômica/política como principal obstáculo à captação de investimentos.
7% é o percentual de empresas sem faturamento, a menor proporção registrada nas cinco edições da pesquisa (chegou a 38% em 2020).
19% das empresas tiveram crescimento zero ou negativo (21% em 2021).
43% das fintechs participantes atingiram o break-even, nível máximo registrado nas cinco edições da pesquisa.
56% das empresas estão voltadas apenas para o segmento B2B (soluções para empresas), que é mais rentável. O foco exclusivo em B2C (soluções para o consumidor final) caiu de 10% para 6%.
21% pretendem manter a empresa com capital fechado (13% em 2022).
SOBRE OS DESAFIOS
Os últimos anos foram desafiadores para os negócios - Covid-19, taxas de juros altas nas principais economias, a guerra da Ucrânia etc -, para as Fintechs não foi diferente. A pesquisa revelou que entre os desafios para obter capital, 52% dos pesquisados apontaram a crise econômica/política, 26% a falta de exposição da marca, e 25% a ausência ou escassez de investidores.
Porém, mesmo nesse cenário, o segmento de fintechs parece ter sido menos afetado pela escassez de investimentos, do que as startups de modo geral. Vejamos porque:
[1] A fatia de empresas que receberam recursos cresceu de 41% para 45% de 2021 para 2022.
[2] O percentual de empresas que conseguiram captar mais de R$ 10 milhões subiu de 21% para 31%.
[3] Os recursos vieram principalmente de fundos de venture capital (36%) e investidores-anjo (35%).
[4] Em 24% dos casos, os recursos foram de fontes internacionais.
[5] A parcela de empresas que já participou de pelo menos uma rodada de investimento subiu de 44% para 62%. Entre as fintechs de crédito, esse percentual sobe para 74%.
Segundo a pesquisa, a explicação para esse fenômeno pode estar no fato de que as fintechs são vistas como mais resilientes a crises econômicas do que outros tipos de startups.
SOBRE OS INVESTIMENTOS
A pesquisa mostra que as empresas estão mais contidas em relação as suas ambições de captação. Cerca de 55% afirmaram estar buscando investimentos limitados a R$ 10 milhões. Em 2022 esse percentual foi de 52%.
Um fato interessante mostrado na pesquisa é que as fintechs estão mais cautelosas em relação a sua estratégia de capital, tendo em vista um cenário ainda incerto. Foi percebido que houve aumento no percentual de empresas que pretendem preservar sua estrutura privada (21%) e diminuiu as que visam receber investimentos de fundos (33%) ou vender o negócio para um investidor estratégico (15%). Ver a figura abaixo.

ESTÁGIO E CRESCIMENTO DAS FINTECHS
O relatório mostra que a maior parte das empresas está em início de operação, porém, o grupo de fintechs em fase de expansão ou consolidação aumentou de 31% para 44%, o que revela um amadurecimento do setor. A figura abaixo ilustra o estágio atual das Fintechs pesquisadas.

Um indicador muito interessante revelado no relatório foi o aumento da fatia das Fintechs que já atingiram o equilíbrio de contas (break-even point): 43%, o nível máximo registrado nas cinco edições da pesquisa. Ver o gráfico abaixo.

PERSPECTIVAS DE FUTURO
O relatório aponta que as fintechs estão apostando em nichos de mercado mais rentáveis, como os serviços business-to-business (B2B): essa fatia de clientes disparou 16 pontos percentuais de um ano para outro. Em paralelo, o foco exclusivo em B2C (soluções para o consumidor final) caiu de 10% para 6%. Ver figura 4.

Mas não é só isso. A pesquisa revelou também que há um foco maior nas pequenas e médias empresas (PMEs), que enfrentam desafios principalmente de custos para acessar os serviços oferecidos pelas grandes instituições financeiras.
Nos últimos anos, as fintechs têm avançado no sentido de oferecer soluções mais acessíveis e ágeis para as PMEs como alternativa ao modelo tradicional dos bancos. Com serviços mais personalizados, taxas competitivas e processos simplificados, elas buscam atender de maneira mais eficiente às necessidades desse mercado. Mais da metade das fintechs participantes da pesquisa (52%) dizem que seus clientes são PMEs. No ano anterior, o percentual era de 38%. Ver figura 5.

SOBRE COMPETITIVIDADE E TECNOLOGIA
As fintechs brasileiras ainda precisam enfrentar algumas barreiras e melhorar a competitividade. A tecnologia pode ser uma aliada importante nesse processo.
Especificamente sobre tecnologia e competitividade, a pesquisa revelou que mais da metade das empresas pretendem dominar a inteligência artificial (IA). Segundo as empresas, a IA oferece potencial não só em termos de automação de tarefas, mas também de análise avançada de dados e detecção de fraudes.
No entanto, essa tecnologia ainda aparece apenas em quinto lugar entre aquelas que as fintechs dominam, atrás de opções hoje mais essenciais em termos de retorno para o negócio, como nuvem, open source, SaaS (Software as a Service), infraestrutura serverless, análise de dados e cibersegurança. Ver a figura seis com as tecnologias que as fintechs dominam e as tecnologias que planejam dominar.

APOIO À INOVAÇÃO
Segundo o relatório, as fintechs pesquisadas recorrem pouco a programas de aceleração e sandbox regulatório para se desenvolver. Embora mais da metade participe de algum ecossistema de inovação, poucas exploram incentivos fiscais oferecidos pelo governo para inovação tecnológica ou têm patentes registradas.
[1] 75% não participam de programas de aceleração
[2] 88% não participam nem se candidataram a algum sandbox regulatório
[3] 55% participam de algum ecossistema de inovação.
[4] 87% não têm patentes registradas
[5] 8% beneficiaram dos incentivos fiscais à inovação tecnológica Lei do bem, mas o percentual é o dobro do registrado na pesquisa anterior.
Boa semana!
Sobre o blog
Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.
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