Polícia conclui inquérito sobre morte de três homens em posto de combustível em Malhada dos Bois

Por SSP/SE 10/05/2019 18h20
Polícia conclui inquérito sobre morte de três homens em posto de combustível em Malhada dos Bois

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Malhada dos Bois, apresentou na manhã desta sexta-feira (10), em coletiva à imprensa, detalhes sobre a conclusão do inquérito que investigou a morte de três homens identificados como José Márcio Vieira, Douglas dos Santos e Leandro Cerqueira Santos. O trio entrou em um poço de combustível para fazer uma limpeza e acabou vindo a óbito. O caso ocorreu no dia 2 de janeiro deste ano, no povoado Cruz da Donzela, município de Malhada dos Bois. 

Detalhando o caso, a delegada Maria Zulnária explicou que as vítimas não utilizavam nenhum tipo de equipamento de segurança e que o dono do posto sabia do risco que os homens corriam ao realizar o serviço de limpeza do tanque. A delegada disse que, após tomar conhecimento do caso, uma equipe da Polícia foi até o local. Constatando o óbito de um dos homens, acionou o Instituto de Criminalística. Posteriormente, um inquérito policial foi aberto para a devida apuração dos fatos. 

“Nas primeiras oitivas já percebemos a dinâmica do ocorrido: o dono do posto São José tinha um dos tanques do estabelecimento desativado há 90 dias, pois ele comercializava um tipo de óleo diesel, que era o S500 e pretendia mudar para o S10, e contratou a empresa do senhor Eunício, conhecido na região como “Palitinho”, para fazer a limpeza desse tanque, para que ele pudesse passar a comercializar outro tipo de óleo”, comentou a delegada Maria Zulnária. 

A empresa de “Palitinho” contratou José Márcio, que já era acostumado a realizar esse tipo de trabalho em postos de combustíveis, e este indicou o amigo Douglas para ajudar nos trabalhos. Como ambos estavam desempregados e faziam bicos, aceitaram o serviço. 

“Quando chegou ao local, José Márcio foi o primeiro a descer e Douglas, que ficou na boca do tanque, percebeu que José desfaleceu. Então ele chamou Palitinho e falou que José desmaiou. Douglas desceu pra ajudar e desfaleceu também, foi aí que Palitinho percebeu que a situação era grave e começou a pedir ajuda às pessoas que transitavam pelo local. Ele até tentou descer para ajudar, mas não conseguia passar do segundo degrau da escada”, concluiu a delegada Maria Zulnária.

Diante desses e de outros levantamentos, a delegada concluiu que os donos do posto e da empresa incorreram no crime com dolo eventual, quando não há a intenção direta de matar, mas é assumido o risco direto de produzir o resultado. 

Análise Química 

“O laboratório de química do IAPF foi chamado para realizar a coleta dessa amostra do tanque da cidade de Malhada dos Bois e lá realizamos essa coleta. Trazendo esse líquido para superfície, nós fizemos a análise por técnicas convencionais e adequadas para esse tipo de análise, com o objetivo de identificar qual era o combustível que ali era armazenado. Então fizemos a análise dessa amostra, que era um líquido de coloração marrom, e confrontarmos essa amostra com um padrão de diesel”, disse Bruno Araújo, químico responsável por confrontar as amostras. 

Análise do IAPF 

O perito criminal do IAPF, Ricardo Leal, comentou como foram feitas as amostras dos materiais biológicos das vítimas. “As amostras de materiais biológicos das vítimas foram tiradas durante a necrópsia do IML e enviadas ao IAPF. Lá no laboratório de toxicologia nós realizamos amostra de sangue e fragmentos de pulmão das três vítimas e atestamos que foram encontradas as substâncias compatíveis com aquelas que são encontradas em óleo diesel”, detalhou. 

Perícia 

A perita Fernanda Faro Silva disse que encontrou algumas irregularidades no local, além do não uso de equipamentos de proteção e o entorno do tanque que  não tinha uma área de segurança. 

“Essa área deve ter algumas indicações ostensivas para indicar que só pessoas autorizadas adentrem nesse local, nenhuma indicação era apresentada no local. Além disso, ao adentrar nesse espaço, segundo a NBR, deve entrar apenas uma pessoa, que deve entrar e obrigatoriamente um vigia deve ficar na área externa para prestar suporte a essa pessoa que entrou. É notório que houve negligência por parte tanto de quem executou como de quem planejou”, finalizou a perita.

 

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