Quase trinta pacientes renais aguardam no Huse vagas para tratamento ambulatorial

Por SES/SE 31/01/2018 10h22
Quase trinta pacientes renais aguardam no Huse vagas para tratamento ambulatorial

Uma movimentação foi realizada na área de sol da enfermaria 500, no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) por pacientes e seus acompanhantes que fazem o tratamento de hemodiálise e que aguardam há meses por vagas ambulatoriais nas clínicas conveniadas dos municípios de Aracaju e Itabaiana. Uma espera que gera angústia, saudade e tristeza para eles e seus familiares, que aguardam ansiosos o retorno para os seus lares. A paciente Joana Santana, 72, está há dois meses aguardando vaga ambulatorial nas clínicas conveniadas, para ela, uma espera sem fim. “Estou muito triste e precisando voltar para casa e ninguém nos informa nada. Aqui no hospital a gente tá sendo tratado, mas, temos nossas casas, nossas famílias, filhos e precisamos tocar a nossa vida em casa, por isso eu clamo por uma vaga nas clínicas conveniadas para que eu continue o meu tratamento em casa”, relatou. Emocionada, a paciente Loane Pereira, 41, moradora do município de itabaiana, espera por vaga na clínica do seu município há cinco meses. Ela está de alta médica, mas, aguardando vaga nas clínicas para continuar o tratamento de hemodiálise. “Tenho filhos e preciso voltar pra casa, por isso eu peço as clínicas que nos ajudem. Muita gente já está ficando doente de tristeza e precisa voltar para suas famílias”, disse. Assim como estas pacientes, outros 25 aguardam na esperança de conseguirem continuar o tratamento ambulatorial. A lista do Núcleo de Controle Auditoria Avaliação e Regulação (Nucaar) conta com de 39 pacientes aguardando vagas nas clínicas credenciadas. Desse total, 27 estão internados no Huse, de alta médica e represados por falta de vagas nas clínicas de hemodiálise. O superintendente do Huse, Luís Eduardo Correia, está sensibilizado com a causa e junto à Secretaria de Estado da Saúde e outros órgãos competentes busca soluções para o caso. “Os pacientes têm razão. Não é fácil estar longe de suas famílias, sabendo que poderiam estar em suas casas, fazendo tratamento ambulatorial. O Huse está fazendo o papel dele para não gerar desassistência para os pacientes. Nós estamos sensibilizados, estamos cobrando para eles semanalmente, porém, as vagas nessas clínicas não são de responsabilidade estadual, os contratos são com as prefeituras, no caso, Aracaju e Itabaiana. As secretarias municipais de Saúde de Aracaju e Itabaiana estão cientes do problema. Hoje nós temos 27 pacientes nessa situação e estamos totalmente favoráveis ao movimento deles, a gente fica preocupado de dar alta a esses pacientes e gerar desassistência, a gente só pode dar alta hospitalar tendo vagas garantidas nas clínicas, porque não podem ficar sem seu tratamento e isso a gente está garantindo, mas, isso não é o ideal, por estarem longe de suas famílias, expostos a infecções hospitalar e, além disso, ocupam leitos que a gente poderia estar usando para outros pacientes que cheguem em urgência no Pronto Socorro”, explicou o superintendente. É importante que os municípios de Aracaju e Itabaiana avaliem a questão de vagas nas clínicas, pois, Estância já tem o seu teto. Itabaiana foi interditada e a probabilidade que se tinha era de serem liberadas mais de 20 vagas. Desde a sua reabertura, apenas três vagas foram liberadas para pacientes do Huse. Os que aqui ficaram continuam desesperados, mas, não estão desassistidos, porém, não é a condição ideal para continuarem o tratamento. O presidente da Associação de Renais Crônicos e Transplantados de Sergipe, Lúcio Alves, ressalta que existem cerca de 2.400 pacientes renais no Estado, entre agudos e crônicos. Ele diz que as autoridades competentes devem fazer um pacto e atingirem a solução. “Muitos pacientes estão represados aqui no Huse há mais de quatro meses por falta de vagas nas clínicas de hemodiálise, porque umas já atingiram o teto e outras estão com problemas de infraestrutura e de recursos humanos, no entanto, tudo isso deve ser um estímulo maior para se buscar solução. Deve-se fazer um grande pacto em torno da nefrologia que envolva governo estadual, municipal e federal, as clínicas e a sociedade, porque essa situação não pode continuar, pois a doença renal crônica é considerada uma epidemia, então, todos os dias chegam pacientes, se não buscar soluções que não sejam paliativas, a gente vai ver esse problema se repetir continuamente e é inadmissível que essas pessoas estejam aqui há mais de quatro meses correndo risco de infecção, rebaixamento de consciência, de estado depressivo, de ansiedade, pois, tudo isso influência no tratamento”, ressaltou o presidente. Transplantes Desde 2012 que não é realizado o transplante renal no Estado por falta de habilitação e credenciamento de hospitais. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), depois de algumas reuniões, se disponibilizou a ir em busca, tanto de hospitais como de um grupo de São Paulo que realizam os transplantes, como explica o superintendente do Huse, Luís Eduardo Correia. “O primeiro passo que demos foi ir em busca da habilitação e credenciamento de hospitais, solicitar ao Ministério da Saúde o resgatar dos transplantes e de algum hospital que tenha interesse nesse tipo de procedimento. Nenhum hospital privado filantrópico em Sergipe se disponibilizou interessado em ser referência para transplante renal e nós, além de insistir com esses hospitais, estamos montando nossa estrutura dentro do Huse para não precisar ficar refém de nenhum deles. Nós estamos reformando o centro de hemodinâmica que vai servir também para realizarmos os transplantes dentro do Huse, mas, enquanto isso, a gente já queria ter um hospital interessado para tramitar a habilitação. Já entramos em licitação das máquinas e mais ou menos três meses de reforma, o espaço já existe e provavelmente no segundo semestre estaremos entregando”, destacou. Lúcio Alves, aproveitou a ida dele ao Huse para acompanhar de perto a reforma do centro de hemodinâmica que segue em ritmo acelerado. Ele também destacou a importância dos transplantes e a volta da dialise peritonial. “A gente precisa que retorne o transplante que desde 2012 está parado, porque o transplante retornando muitos pacientes sairão das máquinas e darão vagas as pessoas que estão aqui. É preciso que volte a discutir a dialise peritonial que estava ameaçada e parada porque as empresas multinacionais não querem receber o que o governo paga e que se repactue com as clínicas e o Ministério da Saúde um novo teto para as clínicas, senão o problema volta a se repetir todos os meses”, concluiu.

 

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