Polícia teria comunicado ao TJSE que havia uma lista de marcados para morrer

A inclusão do nome do desembargador e presidente do TRE de Sergipe, Luiz Mendonça, numa suposta lista de autoridades locais marcadas para morrer

30/09/2015 20h11
Polícia teria comunicado ao TJSE que havia uma lista de marcados para morrer
A8SE

A inclusão do nome do desembargador e presidente do TRE de Sergipe, Luiz Mendonça, numa suposta lista de autoridades locais marcadas para morrer teria sido formalmente comunicada pela Polícia sergipana ao Tribunal de Justiça daquele estado (TJSE) no segundo semestre de 2009. Portanto, cerca de um ano antes do atentado à bala ocorrido na manhã da última quarta-feira (18) contra o magistrado, que escapou ileso após o carro oficial que o transportava ter sido atingido com mais de 30 tiros numa das avenidas mais movimentadas de Aracaju.

Floro Calheiros (Fonte:Atalaia Agora )

 

A informação partiu do radialista e suplente de deputado estadual Gilmar Carvalho, que afirma integrar a lista e disse ter sido ameaçado pelo agiota Floro Calheiros após denunciá-lo várias vezes no seu programa. Apontado pelo governador Marcelo Déda (PT) como principal suspeito do atentado, Calheiros está foragido e responde a dois processos por homicídio no estado, além de ter sido condenado em um terceiro por crime eleitoral.

Gilmar Carvalho disse que foi chamado em 2009 para uma conversa com o secretário estadual de Segurança Pública, João Eloy. "Ele me disse pra reforçar a segurança porque o setor de inteligência da polícia detectou que Floro estaria na região e que existia uma relação de cinco pessoas que estavam correndo risco", disse o radialista, acrescentando que desembargador estava na lista. "O secretário me disse à época que já havia comunicado o fato ao presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, Roberto Porto, para que ele tomasse as providências", relatou.

Após a emboscada, Mendonça comentou que sabia dos "rumores" sobre a lista, que tinha também o nome do radialista e da juíza Iolanda Guimarães, que acatou denúncia do Ministério Público contra Floro Calheiros em dois processos por homicídio.

Iolanda Guimarães, hoje desembargadora substituta, disse que não acredita nisso. "Nunca recebi ameaça e nunca me senti ameaçada. Tenho dois processos em que Calheiros é acusado e tive a oportunidade de estar com ele várias vezes. Nas audiências, até a família dele e a imprensa participavam e nunca teve problema", disse.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe confirma parcialmente a informação do radialista. O órgão identificou que "pessoas" queriam executar Carvalho, mas negou ter sido avisado sobre ameaça a Mendonça. A Polícia Civil garante que continua considerando todas as hipóteses para a emboscada e que Calheiros não pode ser considerado o principal suspeito, já que a investigação está no início.

Em Brasília, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, afirmou que o atentado resultará em mudanças na segurança no Judiciário. "O 18 de agosto, para a magistratura, corresponde ao simbolismo e à consequência do 11 de Setembro".

Investigação paralela

Trabalhando em sigilo para descobrir os responsáveis pela emboscada ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE), Luiz Mendonça, a Polícia Civil vem tentando esconder um certo desconforto institucional após a entrada da Polícia Federal (PF) no caso. Ao contrário do que vem sendo informado pelas autoridades policiais locais, a PF não vai participar apenas como colaboradora da investigação. A superintendência do órgão federal em Sergipe confirmou que um inquérito paralelo já foi instaurado a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

O delegado federal Marcos Soares Custódio, que representa a PF em Sergipe, disse que a investigação já está em andamento e que o inquérito vem sendo conduzido pelo Delinst (Departamento de Combate aos Delitos Institucionais da PF). "Na medida em que o desembargador ocupa o cargo de presidente do TRE, isso configura crime federal". O superintendente da Polícia Civil sergipana, delegado João Batista, disse há dois dias que o inquérito seria conduzido pelo órgão estadual e que a PF iria colaborar nas perícias e em outras atividades técnicas.presidente do órgão.

Fonte: Diário de Pernambuco

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