Vereadores rejeitam carta do arcebispo e Matos não vai poder usar adereço

A Câmara Municipal de Aracaju decidiu não permitir que o vereador Moritos Matos (PDT) use a bandana em plenário. Nove vereadores vetaram o uso do adereço e só quatro foram a favor. Outros quatro estavam ausentes.

30/09/2015 19h05
Vereadores rejeitam carta do arcebispo e Matos não vai poder usar adereço
A8SE

Por maioria, os vereadores de Aracaju decidiram hoje (4) que o colega Moritos Matos (PDT) não deve ter acesso ao Plenário usando a bandana - uma espécie de lenço que ele cobre parte da cabeça, segundo disse por "compromisso religioso"´, há cerca de 15 anos.

Apesar de segunda-feira a maioria dos vereadores terem sinalizado com a possibilidade de liberar o uso do adereço, hoje, no entanto, muitos mudaram de idéia e resolveram não permitir uma mudança no Regimento Interno da Câmara concedendo esse direito ao parlamentar.

No início da manhã, Matos - que acompanhou toda a polêmica na presidência da Casa e evitou falar com a imprensa sobre o assunto - entregou uma carta assinada pelo arcebispo de Aracaju, Dom José Palmeira Lessa, na qual ressaltava que que "a bandana era um símbolo das atividades religiosas do vereador e que representava um ato de fé e gratidão por uma graça alcançada".

"Esse é um ato pessoal do parlamentar. Com todo respeito à Igreja, mas aceitar essa intervenção é elegê-la como mais importante que a Câmara que é o templo de democracia", disse o vereador Elber Batalha Filho (PSB), destacando que é uma decisão pessoal o fato de Matos renunciar ou não ao mandato (como se especula) caso não consiga exercer as suas funções no Plenário sem a bandana.

"Se ele entender que os mais de 3,5 mil votos que lhe foram confiados não são importantes, ele renuncia", disse Elber, acrescentando que o assunto é de cunho pessoal e particular. "Não estamos tratando de uma questão religiosa, imposta pela Igreja. Não se trata, por exemplo, daquelas mulheres mulçumanas que são obrigadas a usarem a burca", exemplificou.

Para os nove vereadores que votaram contra a liberação, abrir o precedente seria prejudicial à Câmara. "O nosso entendimento é de que devemos fortalecer o Parlamento e não fragilizarmos com questões isoladas", justificou Danilo Segundo (PSB). "Qualquer cidadão que chegue à Câmara de bermuda, é impedido até de entrar num espaço que é a casa do povo", citou Josenito Vitalle (DEM).

Para os vereadores , Ivaldo José (PDT), Jailton Santana (PSC), Emerson Ferreira (PT) e Fábio Mitidieri (PDT) - que votaram a favor de Matos - , esse assunto não deveria estar tomando tanto tempo dos parlamentares. "Temos fatos muito mais relevantes para tratar. Entendo que essa uma questão seria resolvida com a alteração no Regimento. Importante, por exemplo, é discutirmos uma saída para mais de 30 famílias que estiveram hoje na Câmara e que não têm onde morar", disse Jailton.

 

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