Presos fazem rodízio para dormir na 2ª DM

30/09/2015 19h04
Presos fazem rodízio para dormir na 2ª DM
A8SE

O problema é antigo e se agrava a cada novo dia. A superlotação na Segunda Delegacia Metropolitana chegou ao extremo, uma situação que preocupa moradores do bairro Getúlio Vargas, onde a unidade prisional está localizada. Atualmente, são 60 presos divididos em cinco celas. Devido à superlotação, para dormir os custodiados fazem uma espécie de rodízio.
Na unidade prisional o clima é tenso entre os presos, que se sentem esquecidos pela Justiça. Luiz Antonio dos Santos está confinado há um ano e três meses sob acusação de assalto a mão armada. "Estou aqui esse tempo todo e ainda não tive uma só audiência. Não suporto mais a condição em que estou vivendo. É desumano. É uma tortura. Pelo sofrimento que estou passando já paguei todos os meus pecados. O mais grave é que a Justiça me esqueceu", desabafa o preso.
Há oito meses dois homossexuais, que estão presos, dormem no sanitário da delegacia. "Não há espaço na cela", afirma Adilson Santos Andrade, 22 anos, acusado de furtar R$ 50. Edvan Jesus Santos também está detido na 2ª DM há oito meses sob acusação de tráfico de drogas. "Até agora não fui a uma única audiência e não há previsão quando vai acontecer", afirma o custodiado ao acrescentar que em sua cela existem 12 presos, mas que já foi pior. "Na semana passada tinha mais. É uma situação insuportável. Sei que estou errado, mas jogar a gente aqui dentro e esquecer é desumano", disse.

Desvio de função


A superlotação também é motivo de apreensão entre os policiais. Muitos que atuam nas delegacias deixaram, na prática, de ser agentes para fazer o papel de carcereiros. "É humanamente impossível tomar conta de tantos presos", disse um dos policiais que preferiu não se identificar ao ressaltar que nos dias de vista a situação é ainda pior. "Temos que fazer revista nos visitantes, verificar o que trazem, ou seja, está existindo um acúmulo de responsabilidade e, em certo momento, a falha acaba ocorrendo", disse o policial.

Comunidade apreensiva

"Moramos vizinhos a um barril de pólvora", define o líder comunitário do bairro Getúlio Vargas, Agilson Santos Leite, ao ressaltar que a delegacia está situada em uma área residencial. "A comunidade vive em estado de alerta constante e teme pelas fugas". As famílias são reféns dessa situação, reforça ele.
Nos fundos da delegacia também funciona um Caic, onde estudam 330 alunos e mais uma creche com outras 200 crianças. O diretor da unidade, professor Francisco Bomfim, lembra que na última fuga ocorrida na 2ª DM, os presos fugiram pelo telhado do Caic. "Na ocasião, a polícia chegou a fazer vários disparos. O desespero foi geral entre as crianças que entraram em pânico. É uma situação preocupante e, o pior, poderá ocorrer novamente", alerta o professor Francisco.

 

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