MP exige solução do governo para as 120 famílias que vivem há 9 meses em galpão
Uma situação deplorável e humilhante. Uma favela coberta. Foi o que definiu a promotora de Justiça, Euza Missano diante do cenário onde estão abrigadas 120 famílias, o que corresponde a quase 400 pessoas entre adultos e crianças. O galpão situado no bairro Siqueira foi inspecionado por dois promotores e um técnico da Vigilância Sanitária na manhã de hoje (18) e todos foram unânimes em afirmar que a omissão do governo diante do que vem ocorrendo não poderá perdurar por mais tempo.
As famílias estão no local há nove meses. Primeiro, elas foram expulsas de um prédio em construção na orla da Atalaia, depois ocuparam o kartódromo, na Avenida Maranhão onde, mais uma vez, foram expulsas. Diante do caos, o governo decidiu colocar os desabrigados no galpão do Siqueira Campos com a promessa de que passariam poucos dias. Até hoje todos estão no mesmo local e sem perspectivas de mudança.
Insalubre
No galpão não há espaço suficiente. O calor é intenso e não há ventilação. Os desabrigados contam apenas com dois banheiros, onde existem apenas vasos sanitários. Roupas e pratos são lavados no mesmo local. A falta de higiene é agravada pela presença de esgotos que escoem a água contaminada ao ar livre, formando pequenas poças.
Dentro do galpão, as famílias ergueram pequenos barracos de apenas um vão. Também são muitas as gambiarras, o que aumenta a possibilidade de incêndio. "Essas famílias estão vivendo em situação desumana, expostas a todo tipo de risco, sem nenhuma condição digna. Isso não pode continuar acontecendo. Aqui tem muitas crianças que estão sofrendo por falta de decisão do governo", lamenta a promotora, Euza Missano.
A promotora da Infância e da Adolescência, Conceição Figueiredo, disse que a situação das crianças é deplorável. "Elas estão expostas e sem assistência adequada, vivendo numa situação humilhante", reforça ela ao exemplificar o caso da família de Francisco Barbosa Lima. "Esse senhor mora com a mulher e os cinco filhos pequenos num espaço mínimo, sem energia, com água escassa e sem quaisquer condições de higiene. Não se pode viver dessa forma", disse.
Audiência
Diante do caos, o Ministério Público já marcou uma audiência para o próximo dia 20, quando representantes de vários órgãos vão discutir o destino das 120 famílias. "Quero solução imediata para o problema", afirma a promotora, Euza Missano.
Transferência
Segundo informações da Secretaria de Estado da Inclusão Social todas as 120 famílias estão cadastradas e serão beneficiadas com casas. Os imóveis estão em fase de construção no conjunto Marcos Freire II, em Nossa Senhora do Socorro. "A Secretaria já está buscando uma outra saída que é transferência das famílias para dois prédios no centro da cidade. Estamos negociando o valor do aluguel. Logo que o processo for concluído vamos levar as famílias, mas ainda não existe data definida para isso", afirma Elisângela Valença, assessor da Secretaria de Assistência e Inclusão Social.
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