Sergipe pode ficar sem o fruto,alerta pesquisador
A produção está ameaçada, devido ao desmatamento da vegetação nativa. Nos municípios de Japaratuba e Pirambu, a cultura foi extinta
Com uma produção anual de 436 toneladas, Sergipe ocupa hoje o posto de maior produtor nacional de mangada. Segundo dados do IBGE, em 2007, mais da metade do fruto produzido no país foi extraída do Estado. Mas, toda essa produção está ameaçada. Estudos realizados por técnicos da Embrapa Tabuleiros Costeiros, mostram que o Estado já perdeu mais de 60% das áreas originais do fruto.
A pesquisa revela ainda que municípios como Japaratuba e Pirambu, que produziam uma média de 500 toneladas por ano da fruta, hoje têm a cultura erradicada em função da produção de cana-de-açúcar e coco.
“A mangabeira é uma espécie bastante ameaçada de desaparecimento, em virtude do desmatamento da vegetação nativa do litoral para a implantação de grandes culturas e a especulação imobiliária. Se não houver a conservação e o cultivo das mangabeiras nas áreas nativas, Sergipe pode perder toda a produção, como aconteceu em outros Estados”, alerta o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Raul Dantas Vieira Neto.
De todos os Estados que produziam mangaba em grande escala, Sergipe foi o único que conseguiu manter a produção, a qual corresponde a 56,4% da produção nacional.. “Pernambuco já produziu na década de 90, cerca de 500 toneladas de mangaba, hoje a produção é de 40. Em Minas Gerais, a situação é critica. O Estado que já produziu em torno de 600 toneladas, hoje produz apenas cinco toneladas”, explica o pesquisador.
Para Raul Dantas a solução está no incentivo de cultivos comerciais. “Para isso é necessário o desenvolvimento de técnicas eficientes. A Embrapa Tabuleiros Costeiros juntamente com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário em Sergipe (Emdagro), vêm trabalhando a mais de 20 anos em uma pesquisa tecnológica, para transformar o cultivo selvagem da mangabeira em comercial. Os resultados têm chegado ao campo. Temos cerca de 300 hectares de mudas trabalhadas geneticamente. Inclusive, algumas já foram exportadas”, ressaltou Vieira.
Catadoras – De acordo com a Embrapa, há em Sergipe, uma média de 5.000 pessoas que vivem da catação da mangaba. “A fruta é muito valorizada. Tanto a polpa como o sorvete, são os mais procurados pelos sergipanos”, afirmou Dantas, acrescentando que, a pedido do MP, a empresa está fazendo um levantamento para encontrar uma forma de convivência entre os proprietários das terras e as catadoras de mangaba. “Hoje há muitos conflitos, mas com certeza chegaremos ao entendimento”, colocou.
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