MPF confirma que Zuleido pagou propina a Patury

30/09/2015 19h02
MPF confirma que Zuleido pagou propina a Patury
A8SE

Zuleido Veras,acusado de corrupção

O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) apresentou denúncia que diz respeito a um desdobramento das investigações da Operação Navalha. As interceptações telefônicas, realizadas com autorização judicial, mostram que o empresário Zuleido Veras pagou propinas ao então superintendente da Polícia Federal em Sergipe Rubem Paulo de Carvalho Patury Filho.

Realizada em 2007, a operação resultou na prisão do conselheiro do Tribunal de Contas Flávio Conceição. As investigações demonstraram um esquema de corrupção liderado por Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama, com ramificações em Sergipe e em outros Estados.

Ficou comprovado que Zuleido deu sete mil reais a Patury, mediante depósito na conta bancária de sua esposa, para custear o coquetel de sua posse em Sergipe e, ainda, que tornou a lhe conceder vantagens financeiras durante o ano de 2006, quando Patury tentava se candidatar a deputado estadual no Tocantins.

Para os procuradores da República que assinam a denúncia, Paulo Gustavo Guedes Fontes, Ruy Nestor Bastos Mello e Eduardo Botão Pelella, Zuleido desejava contar com a boa vontade de Patury para evitar problemas com a Polícia Federal em Sergipe. A Gautama vinha executando as obras da Adutora do São Francisco, consideradas irregulares pela Controladoria-Geral da União (CGU), que estimou em mais de 170 milhões de reais o prejuízo causado ao erário.

Naquela época, o MPF/SE já começara investigações sobre as obras e numa das conversas interceptadas Zuleido demonstra preocupação com a requisição feita pelos procuradores de notas fiscais da tubulação para a adutora. Segundo a denúncia, "diante dos interesses escusos no Estado de Sergipe e mormente em razão das investigações já encetadas à época pelo Ministério Público Federal, a concessão de vantagens a Patury tinha o objetivo de determiná-lo a favorecer Zuleido e a Gautama no âmbito de sua atuação funcional".

Foram denunciados, além de Zuleido e Patury, a esposa do superintendente, Magna Soraya da Silva Patury, o empregado da Gautama, Florêncio Brito Vieira, e os lobistas Francisco de Assis Borges Catelino e Joel Almeida de Lima, este último um outro delegado aposentado da Polícia Federal. Todos residem na Bahia, mas como os crimes aconteceram em Sergipe, e Patury era um funcionário federal lotado neste Estado, a competência para o processo é da Justiça Federal local. Pela acusação de corrupção ativa e passiva, os denunciados podem pegar até 12 anos de reclusão.

Rubem Paulo de Carvalho Patury Filho, antes de assumir como superintendente da Polícia Federal em Sergipe ocupou o mesmo cargo em Tocantins. Como havia notícias de que teria praticado irregularidades naquele Estado, na época o procurador-chefe do MPF/SE, Paulo Gustavo Guedes Fontes, manifestou-se publicamente contra a sua vinda para Sergipe.

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