Jovem morre após tomar anabolizante

30/09/2015 19h08

 

Maicon Cândido morre aos 22 anos, vítima de anabolizante (Douglas Magalhães)

A busca de corpos esculpidos à base de remédio está levando jovens de aparência saudável a um vício muitas vezes sem volta. É o que aconteceu com Maicon Cândido Lopes, 22 anos. Ele morreu na noite de ontem (13) dias após tomar duas doses injetáveis de ADE, um tipo de anabolizante, cuja aplicação é exclusiva para cavalos, bois e porcos.

 

Segundo informações de familiares, a vítima teria comprado à ampola do remédio por R$ 30 em um estabelecimento especializado em produtos agrícolas. "Ele tomou duas aplicações de 25ml. O espaço entre uma e outra foi de 15 dias", relata o irmão Cícero, 19 anos, que também chegou tomar uma aplicação.

"Eu me senti mal. Fiquei com muita febre e dores musculares. Também surgiram algumas feridas no corpo. Por isso decidi não tomar a segunda dose", afirma Cícero que também comprou a ampola por R$ 30 num estabelecimento agrícola no bairro Santos Dumont. As doses nos dois irmãos foram aplicadas por um homem que mora na Avenida São Paulo. "Sei quem é a pessoa, inclusive dois adolescentes um deles com 16 anos e outro com 17 também compraram o anabolizante e levaram para esse cidadão aplicar", denuncia Luiz Cândido Lopes, pai de Maicon e de Cícero.

Agonia e morte

Maicon começou a sentir fortes dores musculares e na cabeça dias depois de ter tomado a primeira aplicação no final do mês passado. Ainda assim não desistiu em tomar a segunda dose, o que ocorreu 15 dias após a primeira aplicação.

 

O corpo de Maicon foi velado no 18 do Forte e sepultado na manhã de hoje (14) no Cemitério São João Batista (Douglas Magalhães)

Na quinta-feira da semana passada, dia 09, as dores se agravaram. Ele foi encaminhado ao Hospital de Urgência de Sergipe, onde tomou soro, sendo em seguida liberado. No mesmo dia, sendo que no final da tarde, Maicon voltou a passar mal, sendo novamente levado ao Hospital e liberado após ser medicado. No dia de ontem (14) uma nova crise de dores. "Ele tinha febre alta e chorava de dor de cabeça. Levamos novamente ao Hospital, mas não resistiu morrendo à noite", lamenta o pai da vítima.

 

Maicon, que morava com os pais no bairro 18 do Forte, zona norte de Aracaju, foi sepultado na manhã de hoje no Cemitério São João Batista.

Facilidade de compra

A facilidade de acesso a remédios de aplicação exclusiva para animais somada a desinformação sobre os riscos à saúde e o desejo de atingir um padrão de beleza, que inclui grandes e bem-formados músculos, estão fazendo com que jovens e adolescentes usem produtos veterinários como anabolizantes. E o mais grave a venda acontece de forma ilegal em lojas de materiais agropecuários da cidade.

Nos Estados Unidos, os anabolizantes já são considerados uma droga proibida, que só pode ser vendida com receita médica. Na Suécia, existem serviços que encaminham os usuários para tratamento, como se ele fosse um viciado em droga. No Brasil, segundo o professor, apesar da proibição de venda, a Vigilância Sanitária é falha e os esteróides continuam sendo consumidos em larga escala.

O uso indiscriminado desses esteróides teve início em 1930, com alguns fisiculturistas e atletas que buscavam desenvolvimento muscular rápido e melhora de performance. Com o passar dos anos, o uso se estendeu para esportistas amadores, freqüentadores de academias e adolescentes.

 

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