Doenças do ouvido, nariz e garganta também podem ter relação com saúde mental
Especialista Lauro Abud explica que é muito comum a relação entre a saúde mental e os sintomas otorrinolaringológicos
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, seguido do Paraguai, Noruega, Nova Zelândia e Austrália. O mesmo levantamento aponta ainda que aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. O que muitas pessoas não sabem é que alguns sintomas de doenças otorrinolaringológicas estão relacionados à saúde mental e que isso é mais comum do que se imagina.
Segundo o otorrinolaringologista Lauro Abud, a relação entre saúde mental e sintomas de doenças de nariz, ouvido e garganta é frequente e perceptível durante a consulta do paciente em consultório.
“É importante que, ao avaliar o paciente, o médico analise todo o contexto. A sintomatologia e o impacto que traz, tanto no sentido de que aquele sintoma pode causar ansiedade e expectativa no paciente, como uma perda auditiva ou uma tontura, que podem causar uma limitação e, portanto, um isolamento, quanto a própria ansiedade ou saúde mental, que podem estar afetando ou até sendo a razão daquele quadro clínico”, afirmou.
O especialista explica que existem diversos sintomas e doenças que podem estar associados à saúde mental. As situações podem envolver desde alterações de refluxo gastresofágico, que têm uma relação importante com a parte emocional, com tosse e alteração de voz, até alterações de ortodônticas como o bruxismo, que pode causar disfunção de ATM e, consequentemente, dor no ouvido, zumbido, diminuição da audição.
“Quando o paciente está num momento emocionalmente não adequado, acaba baixando um pouco mais a imunidade e, de certa forma, pode ficar mais vulnerável para sintomas de amigdalite, de descompensações virais, como sinusites e, em consequência disso, podem surgir outras doenças de maneira associada, como otite, o zumbido, a diminuição de audição e tontura”, destacou o otorrino Lauro Abud.
Ainda segundo o especialista, que atua na área há 18 anos, muitas vezes por trás de casos de dor de ouvido ou amigdalite há um paciente que está sofrendo por outras razões e é importante o médico avaliar e entender.
“Cabe ao médico, qualquer que seja a especialidade, olhar esse sintoma com atenção no sentido de tentar destrinchar se ali é uma manifestação pontual do corpo, onde a sua medicina vá resolver efetivamente, ou se há algo por trás com um espectro muito mais amplo. Os jovens e os adolescentes, por exemplo, estão sofrendo muito com ansiedade. Então, é muito comum virem no consultório com sintomas de rinite, zumbido e tontura, por vezes, já utilizando medicações para ansiedade. Em alguns momentos, se a gente não olhar o que aquela medicação pode causar ou até a razão daquela ansiedade, o nosso tratamento pode ser falho no sentido integral do ser, e vamos acabar tendo apenas o tratamento do que seria o sintoma. Então, faz parte do contexto do tratamento, olhar o paciente como um todo, independentemente da sua especialidade”, explicou Lauro Abud.
Ainda segundo Lauro Abud, ao apresentar sintomas de doenças de ouvido, nariz e garganta, dificilmente o paciente vai atrelá-los ao fator emocional. “Por vezes o paciente sequer suspeita de que a parte emocional é talvez a causa do problema e que aquele sintoma que ele manifesta muitas vezes é um aspecto muito mais amplo. Muitas vezes é apenas corpo se manifestando”, alertou o otorrino.
Procure um otorrino
De acordo com o especialista Lauro Abud, a procura pelo otorrino deve ser feita de maneira regular, mesmo sem sintomas.
“É uma coisa importante e que foge muitas vezes ao hábito das pessoas. Procurar o otorrino anualmente é importante e faz parte pela rotina da busca pela saúde como um todo. A avaliação mesmo sem sintomas, especialmente em crianças e em idosos, é essencial. A busca pelo otorrino deve acontecer de maneira preventiva e não apenas para tratamento”, finalizou.
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